As eleições legislativas
ontem realizadas em Portugal eram uma complexa equação a várias incógnitas, ou
era um modelo matemático com muitas variáveis. Estavam sobre a mesa muitas
situações para serem avaliadas pelo eleitorado, sobretudo a análise da forma
como foi tratada a pandemia do covid-19
e os seus efeitos sobre a sociedade e o nosso modo de vida, mas também o
cansaço de uma equipa governativa já com seis anos de actividade e a própria
forma como se chegara a estas eleições antecipadas na sequência da não aprovação
do Orçamento do Estado para 2022. Além disso, também estavam em causa as questões relativas à debilidade do SNS e da Justiça, bem como o posicionamento relativo de Portugal em relação
aos seus parceiros europeus, isto é, saber se convergiu como diziam os
socialistas, ou se divergiu como afirmavam os social-democratas. Havia, ainda, muitas dúvidas
quanto aos eventuais efeitos sobre o eleitorado das campanhas dirigidas pela “imprensa
sensacionalista e justiceira” contra algumas figuras do aparelho político
socialista.
As sondagens voltaram a errar e a mostrar-se pouco fiáveis, porque
nos enganaram, eventualmente por manipulação, dolosa ou não, dos resultados. Cinco dias antes da ida
às urnas, o Diário de Notícias
anunciava a sondagem de uma tal Aximage e escrevia que “Rio passa Costa pela
primeira vez”. Três dias depois e a 48 horas da votação, o Público dizia que está “tudo em aberto” e o Expresso escrevia que está “tudo empatado”.
Afinal António Costa e
o seu partido ganharam com maioria absoluta. Uma enorme surpresa. O eleitorado parece ter apreciado positivamente
a forma como António Costa geriu a pandemia e deve ter-lhe perdoado alguns dos seus erros,
como foi o apoio que deu ao Vieira, ao Cabrita e ao Cravinho, para só citar alguns dos seus protegidos.
Agora vai
governar com maioria absoluta mas, sensatamente, no calor da vitória, declarou
que maioria absoluta não significava poder absoluto. Assim seja!
Sem comentários:
Enviar um comentário