domingo, 23 de janeiro de 2022

A Base de Metangula: história e memória

Na sua edição de sexta-feira o jornal moçambicano O País destaca em manchete que “Nyusi revitaliza Base Naval de Metangula em Niassa”, para melhor servir a Marinha de Guerra, como parte da estratégia de combate ao terrorismo no norte do país. Esta notícia não pode deixar de emocionar as muitas centenas de portugueses que desde o início dos anos sessenta construíram aquela base nas margens do lago Niassa, dotando-a de todas as infraestruturas necessárias, incluindo uma estação radionaval, uma pista de aviação e um serviço de assistência oficinal para apoiar as unidades navais transferidas por via terrestre desde a costa do oceano Índico.
A base naval de Metangula era o centro operacional responsável pela fiscalização de cerca de 120 quilómetros da orla do lago Niassa, entre as fronteiras com a Tanzânia e com o Malawi, tendo sido criado um polo avançado na antiga missão do Cobué, a cerca de 50 quilómetros para norte de Metangula. Na “ocupação” de Metangula pela Marinha portuguesa foi dada particular atenção à população residente, que passou a dispor de assistência médica e para a qual foi criada uma escola que chegou a ter 350 alunos.
Metangula foi um exemplo notável da enorme capacidade realizadora da Marinha portuguesa e da adaptação dos seus elementos às condições de isolamento, mas também de apoio às populações durante a guerra colonial. Com a descolonização e a independência de Moçambique em 1975 a base foi abandonada, mas a notícia de que a está a ser qualificada e reabilitada é verdadeiramente emocionante para aqueles que, entre 1964 e 1974, conheceram a guerra em Moçambique e, em especial, no longínquo lago Niassa.

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