Na sua edição de
sexta-feira o jornal moçambicano O País destaca em manchete que
“Nyusi revitaliza Base Naval de Metangula em Niassa”, para melhor servir a
Marinha de Guerra, como parte da estratégia de combate ao terrorismo no norte
do país. Esta notícia não pode deixar de emocionar as muitas centenas de
portugueses que desde o início dos anos sessenta construíram aquela base nas
margens do lago Niassa, dotando-a de todas as infraestruturas necessárias,
incluindo uma estação radionaval, uma pista de aviação e um serviço de
assistência oficinal para apoiar as unidades navais transferidas por via
terrestre desde a costa do oceano Índico.
A base naval de
Metangula era o centro operacional responsável pela fiscalização de cerca de
120 quilómetros da orla do lago Niassa, entre as fronteiras com a Tanzânia e
com o Malawi, tendo sido criado um polo avançado na antiga missão do Cobué, a
cerca de 50 quilómetros para norte de Metangula. Na “ocupação” de Metangula
pela Marinha portuguesa foi dada particular atenção à população residente, que
passou a dispor de assistência médica e para a qual foi criada uma escola que
chegou a ter 350 alunos.
Metangula foi um exemplo notável da enorme capacidade realizadora da Marinha
portuguesa e da adaptação dos seus elementos às condições de isolamento, mas
também de apoio às populações durante a guerra colonial. Com a descolonização e a independência de Moçambique em 1975 a base foi abandonada, mas a notícia de que a está a ser qualificada e reabilitada é verdadeiramente emocionante para
aqueles que, entre 1964 e 1974, conheceram a guerra em Moçambique e, em
especial, no longínquo lago Niassa.
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