Na guerra que
está a devastar a Ucrânia há todos os pontos de vista que nos chegam
diariamente através de notícias e de comentários, com argumentos a favor ou
contra cada uma das partes, uns mais moderados e outros mais radicais.
Hoje o jornal El País
e alguns outros jornais, publicaram uma curiosa fotografia, captada durante a
emissão do principal noticiário nocturno da televisão russa, intitulado Vremya,
que é transmitido no Piervy Kanal. Enquanto a jornalista lia as notícias em
directo, uma pessoa colocou-se atrás dela com um cartaz onde se lia, em russo e
em inglês, “não à guerra”, “parem a guerra”, “não acredites na propaganda” e “russos
contra a guerra”. Significa que, mesmo na Rússia, não há unanimidade quanto à
guerra, como mostrou a mensagem exibida em directo na televisão russa. Aquela imagem tem o efeito de uma bala.
A comunicação mostra-se
uma arma tão decisiva como os aviões, a artilharia ou os mísseis e, nessa
medida, ocorre-nos uma famosa teoria sociológica ou modelo de comunicação que
vingou sobretudo no período entre as duas guerras mundiais e que teve no sociólogo
americano Harold Lasswell um dos seus principais teorizadores. Chamou-se a teoria hipodérmica ou a teoria das balas mágicas, porque no
processo de comunicação compara a mensagem à injecção de uma seringa que afecta
todo o corpo humano, ou a uma bala que atinge cada pessoa e a massa de público,
produzindo poderosos efeitos políticos, sociais e culturais. Assim, através da
propaganda, da publicidade e de outras técnicas, mais ou menos assumidas, a
comunicação de massa tem características manipuladoras junto do público. Embora
a teoria tenha sido criticada durante muitos anos, o facto é que veio a ter
sucesso por considerar semelhantes os efeitos das mensagens e das balas.
Hoje,
provavelmente, os mesmos académicos que criticaram a teoria de Lasswell poderão
estar a rever as suas críticas.
No dia seguinte à publicação deste texto, o jornal i escreveu que "um cartaz é uma arma" e identificou a pessoa que o exibiu em directo pela televisão moscovita. Trata-se da jornalista Marina Ovsyannikova, que foi detida e multada em 30.000 rublos, mas que se tornou um símbolo da oposição à guerra no seio da sociedade russa.
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