Desde há muito
tempo que aqui tem sido expressa a vontade de que termine a guerra na Ucrânia,
que não haja mais mortes nem mais destruições, que cesse o movimento de muitos
milhares de refugiados e que a paz regresse à Ucrânia. É sabido que não haverá
vencedores e que nenhuma das partes vai aceitar a derrota, mas o cessar-fogo e
a paz só serão possíveis se ambos fizerem cedências, sem perder a face perante
os seus povos e o mundo.
Desde o dia 24 de
Fevereiro que Putin é o agressor e que Zelensky é o agredido, mas o que se
deseja agora é que cesse imediatamente a tragédia que está a destruir a
Ucrânia. Depois, na mesa
das negociações, haverá uma extensa agenda de acusações e de exigências, em que
entra a história e a economia, a geopolítica e as relações internacionais e, de
uma forma mais geral, uma nova arquitectura para o futuro do mundo, pois nada
vai ser como antes. O que está a acontecer na Ucrânia é apenas a ponta do iceberg da instabilidade mundial, que
tem estado adormecida desde o fim da Guerra Fria, da implosão do império
soviético e da queda do muro de Berlim.
Aparentemente
nada correu bem a Putin, não só no plano militar, mas sobretudo na reacção
internacional que provocou na Europa e nos Estados Unidos, que se uniram
perante a ameaça comum. Embora a guerra da informação não esteja
necessariamente alinhada com a verdade, ao fim de um mês de operações em
território ucraniano, parece que os russos encontraram inesperadas dificuldades
e que, segundo hoje destaca o jornal Libération, a Ucrânia passou de uma
fase defensiva e de resistência para uma fase ofensiva.
Porém, talvez se
possa pensar que se trata de movimentações tácticas para ganhar posições no
tabuleiro das negociações que se seguirão ao ansiado cessar-fogo, pois
prosseguem as discretas negociações entre as partes, para além de de que há
diversas diplomacias envolvidas nesse processo. No entanto, é preciso que ambas
as partes apareçam como vencedoras e sem a carga de uma humilhante derrota.
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