Quando a guerra
na Ucrânia já decorre há mais de um mês e somos confrontados com uma batalha de
contra-informação e de propaganda que nos deixa sem saber a verdadeira evolução bélica do
conflito, o presidente dos Estados Unidos viajou para a Europa para discutir
com os aliados europeus a invasão russa e os problemas que ela representa para
a paz e para os equilíbrios mundiais. Durante a sua estada em Bruxelas, o
presidente Joe Biden participou numa cimeira da NATO, mas também em reuniões
com a União Europeia e com o G7.
Encontraram-se todos e isso é positivo. Houve unanimidade
dos membros da NATO com vista ao reforço da sua presença nas fronteiras da
Ucrânia e em todos os países da Aliança, tendo sido reafirmado o compromisso de
defesa mútua com base no artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte. Para além do
reforço militar nas fronteiras da NATO, da condenação da iniciativa bélica de
Putin e do anúncio de solidariedade para com o povo ucraniano, os Estados
Unidos anunciaram o fornecimento de armamento à resistência ucraniana e o
aumento de fornecimento de gás à Europa para reduzir a dependência da Rússia,
isto é, fez dois bons negócios.
Depois de dois
dias em Bruxelas, Joe Biden voou para a Polónia, certamente para imitar o
discurso que John Kennedy pronunciou em Berlim em Junho de 1963, quando disse a
famosa frase: “eu sou um berlinense!” Agora foi Joe Biden a querer ficar na
História, pelo que foi a Varsóvia dizer “Ukraińcy, Polacy, jesteśmy z wami” (Ucranianos
e polacos, estamos convosco). Esse foi o título escolhido pelo jornal Gazeta
Wyborcza para acompanhar a fotografia de capa da sua edição do dia em que Joe
Biden chegou à Polónia.
Essa visita tem
apenas um significado simbólico e faz parte da sua propaganda interna, pois
nada contribuiu para o apaziguamento entre os dois blocos, nem para que chegue
o desejado cessar-fogo. Por isso, os europeus não alinharam neste número em
que Biden foi lançar gasolina na fogueira, ao chamar “criminoso de guerra”,
“ditador assassino” e “carniceiro” ao Vladimir, afirmando que “não pode
continuar no poder”. Emmanuel Macron, que tanto tem procurado o entendimento entre as partes, não gostou nada do que ouviu e tratou de pôr água na fervura.
Muito gostam os americanos de dar tiros nos pés.
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