O futebol
continua a suscitar o entusiasmo do planeta quando faltam apenas quatro dias
para se conhecer o novo campeão do mundo a coroar no Qatar.
Ontem, a
Argentina venceu a Croácia por 3-0 e foi apurada para a final. Nem a guerra na
Ucrânia, nem as tensões fronteiriças entre a China e a Índia, nem o abalo por
que passa o Parlamento Europeu ou as inundações em Portugal, têm hoje tanto
destaque na imprensa mundial como a vitória argentina e a superior
exibição de Lionel Messi. O diário Clarín que se publica em Buenos
Aires e que se julga ser o maior jornal de língua espanhola, destaca com uma
fotografia a toda a largura da sua primeira página, mais este passo “por el
tercer Mundial”. De facto, a Argentina já venceu o Mundial por duas vezes, em
1978 e 1986, pelo que aspira a uma terceira vitória, embora também já tenha
perdido três finais em 1930, 1990 e 2014. Hoje será
conhecido o outro finalista no jogo que vai ser disputado entre a França, que é
o actual campeão do Mundo, com a surpreendente equipa de Marrocos. Desde que os
marroquinos derrotaram os portugueses e se tornaram a primeira equipa africana
a atingir as meias-finais de um campeonato do mundo, que a tensão é enorme
entre a comunidade marroquina em França.
No jogo de hoje entre franceses e marroquinos
vai estar em disputa muito mais do que o acesso à final, pois estarão em
confronto relações históricas de dependência e de desigualdade, com o ex-oprimido
a ter a oportunidade de lutar em igualdade com o ex-opressor, mas também as tensões herdadas do domínio colonial e da emigração marroquina. O futebol já não é
apenas uma actividade desportiva, um grande espectáculo e um poderoso negócio
de contornos pouco conhecidos, mas tornou-se numa expressão do prestígio das
nações, das suas ambições e das suas reivindicações por verdadeiros estatutos
de igualdade.
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