quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Qatar: a Argentina chega à sua sexta final

O futebol continua a suscitar o entusiasmo do planeta quando faltam apenas quatro dias para se conhecer o novo campeão do mundo a coroar no Qatar.
Ontem, a Argentina venceu a Croácia por 3-0 e foi apurada para a final. Nem a guerra na Ucrânia, nem as tensões fronteiriças entre a China e a Índia, nem o abalo por que passa o Parlamento Europeu ou as inundações em Portugal, têm hoje tanto destaque na imprensa mundial como a vitória argentina e a superior exibição de Lionel Messi. O diário Clarín que se publica em Buenos Aires e que se julga ser o maior jornal de língua espanhola, destaca com uma fotografia a toda a largura da sua primeira página, mais este passo “por el tercer Mundial”. De facto, a Argentina já venceu o Mundial por duas vezes, em 1978 e 1986, pelo que aspira a uma terceira vitória, embora também já tenha perdido três finais em 1930, 1990 e 2014. Hoje será conhecido o outro finalista no jogo que vai ser disputado entre a França, que é o actual campeão do Mundo, com a surpreendente equipa de Marrocos. Desde que os marroquinos derrotaram os portugueses e se tornaram a primeira equipa africana a atingir as meias-finais de um campeonato do mundo, que a tensão é enorme entre a comunidade marroquina em França. 
No jogo de hoje entre franceses e marroquinos vai estar em disputa muito mais do que o acesso à final, pois estarão em confronto relações históricas de dependência e de desigualdade, com o ex-oprimido a ter a oportunidade de lutar em igualdade com o ex-opressor, mas também as tensões herdadas do domínio colonial e da emigração marroquina. O futebol já não é apenas uma actividade desportiva, um grande espectáculo e um poderoso negócio de contornos pouco conhecidos, mas tornou-se numa expressão do prestígio das nações, das suas ambições e das suas reivindicações por verdadeiros estatutos de igualdade.

Sem comentários:

Enviar um comentário