O jornal francês La
Croix destaca na sua edição de hoje o “escândalo europeu”, com a
corrupção a chegar em força ao Parlamento Europeu (PE). Já se sabia que a União
Europeia tinha criado um novo-riquismo que envolve a generalidade dos que se
alimentam das suas burocracias e dos dinheiros que por lá circulam, mas
pensava-se que os eurodeputados – que os cidadãos escolheram com o seu voto –
estavam fora dessas suspeitas.
O PE é o órgão
legislativo da União Europeia, sendo composto por 705 deputados que representam
os 446 milhões de cidadãos dos seus 27 estados-membros, entre os quais 21
eurodeputados portugueses, a maioria dos quais não conhecemos, nem sabemos o
que faziam antes, nem o que fazem agora. A sua sede oficial localiza-se em
Estrasburgo, mas os deputados circulam entre Estrasburgo, Bruxelas e o
Luxemburgo, onde reúnem as comissões parlamentares e o secretariado. É um
exemplo de despesismo injustificável que custa muitos milhões de euros e que
permite inúmeros truques e falcatruas aos deputados e aos funcionários menos
escrupulosos. Esta estrutura gigante tem um orçamento anual de cerca de dois
mil milhões de euros, um montante que dá para tudo, costumando dizer-se que ser
eurodeputado europeu é o melhor emprego que existe.
Nesta
instituição há uma eurodeputada grega que é vice-presidente e se chama Eva Kaili.
Certamente muito ambiciosa, deslumbrada e sem escrúpulos. Porém, foi detida em Bruxelas na
sequência de uma investigação da justiça belga relativa a alegados subornos do
Qatar para influenciar decisões políticas. Nas
buscas realizadas no seu apartamento pelas autoridades foram encontrados sacos
com 150 mil euros em dinheiro, enquanto o seu pai foi detido nesse mesmo dia em
flagrante num hotel de Bruxelas, carregando uma mala com 600 mil euros em
dinheiro, com o qual pretendia fugir. É mesmo um escândalo! Até que ponto
podemos confiar nesta gente que afunda o sonho europeu de liberdade,
igualdade, fraternidade e solidariedade?
A idade que tenho já mais que justificava ter deixado de ser ingénuo, mas continuo a espantar-me com a lata e a falta de vergonha desta gentalha e a não saber o que é pior: se candidatar-se a estes lugares da maior visibilidade, responsabilidade e exemplo já sendo o que acabam por demonstrar que são, ou, se depois de eleita, disso se aproveita para entrar nestas mega falcatruas. E tudo sob a capa de democratas militantes!
ResponderEliminarVamos ver no que isto dá. Ou as consequências são mesmo a doer ou o descrédito da EU continua alegremente (para gáudio dos que assim o desejam).