A França vive
desde há algumas semanas uma enorme tensão social, marcada por mobilização
sindical, protestos de rua, barricadas, bloqueios e confrontos com a polícia,
por vezes a lembrar o Maio de 1968, enquanto a palavra caos tem sido utilizada para descrever a situação. Paris é, naturalmente, o centro de um protesto
nacional que se estende por muitas outras cidades, como Bordéus, Lorient, Lyon
e Toulouse, onde se têm registado confrontos entre a polícia e indivíduos
mascarados que partem vitrinas e montras, vandalizam mobiliário urbano e
incendeiam caixotes do lixo. A edição de Toulouse do jornal La Dépêche du Midi
descreve a situação como guerrilha urbana e escreve que a cidade está em estado
de choque com os níveis de violência e de destruição que se têm verificado. A situação em Paris também é muito grave e muitas ruas apresentam aspectos de destruição inimagináveis.
O
presidente Emmanuel Macron é cada vez mais contestado e ameaçado. Toda esta enorme
agitação resulta de uma situação de envelhecimento demográfico e dos problemas
de sustentabilidade que suscita em relação à reforma do sistema de pensões e da
dívida pública. A resposta governamental a estes problemas seria sempre através
de medidas clássicas mas impopulares, como são os cortes nas pensões, o aumento
das contribuições laborais ou o aumento da idade da reforma. Sendo a idade da reforma
francesa a mais baixa no quadro social europeu, a resposta adoptada pelo governo foi o
aumento gradual da idade mínima da reforma dos 62 para os 64 anos de idade, o que tem provocado uma violenta contestação.
Dizem os
analistas que o centrismo de Macron e da sua política reformista não vingou. Tanto
a Esquerda como a Direita francesas estão insatisfeitas. A França está dividida
entre uma contestação que visa alterar os actuais equilíbrios políticos e
aqueles que ainda aceitam e compreendem a política de Macron.
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