sexta-feira, 13 de outubro de 2023

A gravidade da crise israelo-palestiniana

A guerra entre Israel e o Hamas tomou conta das preocupações mundiais, porque se trata de um conflito mais sério do que qualquer outro daqueles que estão a acontecer no nosso planeta. O conflito entre árabes e judeus dura desde 1948 e poucos dirigentes têm tido a sensibilidade de levar à prática as Resoluções das Nações Unidas, que aprovaram a criação de um estado judeu e de um estado palestiniano. Como hoje escreveu um conhecido opinion maker, “já era tempo de este clube de idiotas que governam o mundo aprenderem alguma coisa de útil sobre o passado”, mas o facto é que muito pouco tem sido feito no sentido de garantir, simultaneamente, a autodeterminação e a soberania do povo da Palestina e a segurança do estado de Israel. Os direitos do povo palestiniano têm sido ignorados pelo estado de Israel perante a indiferença dos países mais poderosos, mas nada justifica o fanatismo e a bestialidade com que o Hamas atacou Israel no dia 7 de Outubro, com níveis de crueldade importados do Daesh e que são repudiados pelo mundo civilizado. Torna-se necessário que a anunciada e compreensível ofensiva israelita contra o Hamas seja proporcional e não siga os padrões do criminoso fanatismo daquela organização, pois há mais de dois milhões de palestinianos na Faixa Gaza e só uma minoria estará ao lado do Hamas.
O mundo está cada vez mais inseguro e aqueles que têm poderes para arbitrar e para moderar, raramente cedem aos seus interesses estratégicos e comerciais, esquecendo quase sempre que, nestes conflitos, os maus não estão todos de um lado, nem os bons estão todos do outro lado, o que exige vontade de conciliação e de negociação.
O facto é que árabes e judeus, ou Israel e a Palestina, estão a passar por tempos muito perigosos para a paz mundial e, embora seja justa a punição daqueles que usaram de crueldade e mataram civis inocentes, há que evitar “lançar gasolina para a fogueira”, como fazem certos dirigentes e muitos mass media mundiais.
Na sua edição de ontem, o jornal argelino Le Jeune Indépendant ignora a crueldade do Hamas, destaca “os cinco dias de bombardeamentos selvagens” e anuncia que “les ghazaouis seuls face a l’atrocité sioniste”, o que mostra como há leituras e interpretações bem diversas sobre o que está a acontecer no Médio Oriente.

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