quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Maduro tem “novo mapa” da Venezuela

O insólito referendo realizado no passado domingo na Venezuela, em que era perguntado aos eleitores se o governo ficava “autorizado” a invadir a vizinha Guiana para ocupar três quartos do seu território, teve o resultado esperado. A onda de propaganda nacionalista a favor da anexação do Essequibo produziu efeitos, pois mais de dez milhões de venezuelanos, correspondentes a mais de 95% dos votantes, votaram “Sim”. Foi uma verdadeira união nacional e uma explosão de nacionalismo à maneira sul-americana, em que até a oposição se juntou ao governo de Nicolas Maduro que, naturalmente, logo afirmou que “el pueblo habló bien claro”.
A Guiana ou República Cooperativa da Guiana é independente desde 1970 e tem uma superfície de cerca de 214 mil quilómetros quadrados (mais do dobro de Portugal), mas tem menos de um milhão de habitantes. Trata-se de um país que mantém alguns problemas fronteiriços que herdou do tempo colonial, tanto com o Suriname, como com a Venezuela. As reivindicações da Venezuela acentuaram-se desde que, recentemente, foram descobertas enormes reservas de petróleo na região de Essequibo. Daí a excitação de Nicolas Maduro e a oportunidade que está a aproveitar para consolidar o seu poder, ao mobilizar os venezuelanos em torno da ideia de integrar o Essequibo no seu território. Assim, mal foi conhecido o resultado do referendo, Nicolas Maduro mandou criar o novo estado da Guiana Essequibo e divulgou o “novo mapa” da Venezuela com a incorporação daquele território, ao mesmo tempo que anunciou a concessão de licenças para explorar petróleo naquela região, determinando ainda que o “novo mapa” seja publicado e levado às escolas e às universidades.
Um conflito regional parece estar em curso, embora exista a convicção de que Maduro esteja a pressionar a Guiana para negociar a resolução desta reivindicação. Porém, não é seguro que ele resista à pressão da onda nacionalista que foi criada na Venezuela e que descarte uma iniciativa armada para, de facto, ocupar o Essequibo.

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