Luís de Camões
imortalizou-se como autor de “Os Lusíadas”, mas também com a sua obra poética
em que se destacam os sonetos, um dos quais se intitula “Mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades”, que inclui um verso que nos diz que “Todo o mundo é
composto de mudança”. Camões viveu em pleno Renascimento que foi um tempo de
mudança artística e tecnológica que ele bem conheceu. Houve depois outros tempos
de mudança, mas aquelas a que actualmente assistimos são mais profundas e mais
aceleradas do que todas a que o processo histórico assistiu durante séculos.
Não é fácil
identificar todos os avanços tecnológicos que estão a transformar o mundo,
desde os tempos pioneiros da electricidade e da telegrafia sem fios, até aos
mais recentes tempos da aviação, da televisão, da robótica, da internet e, mais
recentemente, da inteligência artificial.
Há um Homem novo em formação nas
modernas sociedades, em que o pensamento e a acção são, cada vez mais,
decididos por computadores, eventualmente em formato de smartphone ou telefone inteligente, que nos acompanham nos bolsos e
que nos mostram as horas, a meteorologia, a localização, o correio, as notícias
e um sem-número de informações úteis, que nos são acessíveis através das
chamadas aplicações. Os poderes e os
interesses instituídos, bem como as suas televisões, adoptam cada vez mais uma
formatação que, através da repetição e da manipulação, nos impingem e repetem
inverdades que, naturalmente, moldam o pensamento e a opinião de muita gente.
No mundo em mudança em que vivemos, o Homem precisa cada vez menos de pensar.
Neste contexto, é muito esclarecedora a
reportagem hoje publicada pelo diário catalão elPeriódico, que em
primeira página destaca o título “escribir a mano, un hábito en extinción”,
acrescentando que quatro em cada dez espanhóis quase não praticam a escrita. É o mundo em mudança, como escrevera Camões há mais de quatrocentos anos!
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