domingo, 9 de junho de 2024

Eleições europeias e guerra na Ucrânia

As eleições parlamentares europeias estão em curso neste fim-se-semana nos 27 estados-membros da União Europeia e, por dever cívico e direito de cidadania, já tratei de votar, embora sem grande entusiasmo. Por cá pouco se sabe sobre o que faz essa instituição que aloja 720 deputados privilegiados e novos-ricos, que ninguém conhece ou sabe o que fazem. Por isso, a ideia de promover temidos, bugalhos ou cotrins a deputados europeus não entusiasma ninguém. Com eles ou sem eles, tudo fica na mesma. Por cá, como na generalidade dos estados-membros, estas eleições servem apenas para consumo interno e para avaliar conjunturas locais, isto é, se Montenegro e PNS, ou Pedro Sánchez e Alberto Feijóo, continuam empatados, se Macron continua em perda para Marine Le Pen, e assim sucessivamemente. Os dois grandes grupos políticos europeus – o Partido Popular europeu (democrata-cristão) e o Partido Socialista Europeu (socialista/social democrata) – têm perdido espaço para a extrema-direita, para os verdes e para os liberais e, por isso, também aí há a curiosidade de ver como evolui a votação de hoje.
A guerra na Ucrânia e a busca da paz deveriam ser a principal preocupação dos europeus. Provavelmente, a maioria dos deputados e dos políticos europeus desconhece os horrores da guerra por que passaram os seus avós e não levantam a sua voz a pedir aos irmãos desavindos da Rússia e da Ucrânia que parem com a catástrofe da guerra e com a escalada que ameaça o mundo e que tratem de construir a paz. Preferem criar narrativas e meias-verdades para alimentar as opiniões públicas e apoiar a florescente indústria militar, à custa da destruição de um país. Hoje o jornal Público apela a que se vote pela Europa e destaca a figura de Camões, pois estamos a celebrar o seu 5º centenário. Daí que aqui citemos as estâncias XCV e XCVI do Canto IV de’Os Lusíadas, para relembrar o aviso do “velho do Restelo”:

Ó glória de mandar! Ó vã cobiça / Desta vaidade a quem chamamos fama!

[…]

A que novos desastres determinas / De levar estes reinos e esta gente?

Quem diria que Joe Biden e Emmanuel Macron, Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, mas também todos os políticos europeus, deveriam ler Os Lusíadas e aprender com o nosso Luís de Camões?

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