As eleições
parlamentares europeias estão em curso neste fim-se-semana nos 27
estados-membros da União Europeia e, por dever cívico e direito de cidadania, já
tratei de votar, embora sem grande entusiasmo. Por cá pouco se sabe sobre o que
faz essa instituição que aloja 720 deputados privilegiados e novos-ricos, que
ninguém conhece ou sabe o que fazem. Por isso, a ideia de promover temidos,
bugalhos ou cotrins a deputados europeus não entusiasma ninguém. Com eles ou
sem eles, tudo fica na mesma. Por cá, como na generalidade dos estados-membros,
estas eleições servem apenas para consumo interno e para avaliar conjunturas
locais, isto é, se Montenegro e PNS, ou Pedro Sánchez e Alberto Feijóo, continuam
empatados, se Macron continua em perda para Marine Le Pen, e assim
sucessivamemente. Os dois grandes grupos políticos europeus – o Partido Popular
europeu (democrata-cristão) e o Partido Socialista Europeu (socialista/social
democrata) – têm perdido espaço para a extrema-direita, para os verdes e para
os liberais e, por isso, também aí há a curiosidade de ver como evolui a
votação de hoje.
A guerra na
Ucrânia e a busca da paz deveriam ser a principal preocupação dos europeus. Provavelmente,
a maioria dos deputados e dos políticos europeus desconhece os horrores da
guerra por que passaram os seus avós e não levantam a sua voz a pedir aos
irmãos desavindos da Rússia e da Ucrânia que parem com a catástrofe da guerra e
com a escalada que ameaça o mundo e que tratem de construir a paz. Preferem criar
narrativas e meias-verdades para alimentar as opiniões públicas e apoiar a
florescente indústria militar, à custa da destruição de um país. Hoje o jornal Público
apela a que se vote pela Europa e destaca a figura de Camões, pois estamos a
celebrar o seu 5º centenário. Daí que aqui citemos as estâncias XCV e XCVI do Canto IV de’Os Lusíadas, para relembrar o aviso do
“velho do Restelo”:
Ó glória de mandar! Ó vã cobiça / Desta vaidade a quem chamamos fama!
[…]
A que novos desastres determinas / De levar estes reinos e esta gente?
Quem diria que Joe Biden e Emmanuel Macron, Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, mas também todos os políticos europeus, deveriam ler Os Lusíadas e aprender com o nosso Luís de Camões?
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