domingo, 30 de junho de 2024

Eleições francesas e futuras incertezas

Os franceses vão hoje às urnas e daí que o jornal La Voix du Nord, que se publica na cidade de Lille, em tom de solene proclamação, tenha escolhido a frase: “Aux urnes citoyens!”, como título principal da sua edição de hoje.
Estas eleições deveriam acontecer apenas em 2027, mas foram convocadas pelo presidente Emmanuel Macron após a derrota do seu partido nas recentes eleições de 9 de junho para o Parlamento Europeu, em que se verificou a surpreendente subida do Rassemblement National, o partido da extrema-direita que é presidido por Marine Le Pen.
As sondagens dão a vitória à extrema-direita, com hipóteses de conseguir uma maioria absoluta, o que pode mergulhar a França num cenário de instabilidade que pode contagiar a Europa, enquanto a coligação de esquerda da Nova Frente Popular pode chegar aos 29% e o partido liberal de Emmanuel Macron se ficará pelos 20%. A confirmarem-se estas sondagens, poder-se-à dizer que é uma tempestade política em França e que a segunda volta, que se realizará no dia 7 de julho, nada trará de novo. Macron deve ter sonhado que poderia ser um novo Napoleão inspirador dos franceses, exorbitou no seu protagonismo europeu e descuidou-se internamente, tendo os franceses percebido que ele não passa de um Napoléon de poche.
Porém, esta tempestade política francesa também irá produzir efeitos no conjunto da União Europeia e vai mostrar que não são apenas os franceses que estão descontentes com Macron. Certamente que, noutros estados-membros, também os seus nacionais não estão satisfeitos com o rumo que os seus dirigentes estão a dar aos assuntos políticos europeus, nomeadamente com a questão ucraniana, com os seus discursos belicistas e com o seu seguidismo em relação aos interesses americanos.
A derrota anunciada de Macron é, certamente, um pré-aviso para todos os europeus e, naturalmente, para os portugueses.

Sem comentários:

Enviar um comentário