A edição de hoje
do diário australiano Daily Telegraph, que se publica em
Sydney desde 1879, destacou alguns segredos das estações australianas de
televisão e escolheu como título a frase Toxic
TV.
Este título
despertou-me a atenção, pois desde há algum tempo que sinto que os canais
televisivos portugueses, embora em grau diferenciado, nos intoxicam
diariamente, sobretudo através de pivots
e de comentadores, a maioria dos quais sem escrúpulos e sem outras preocupações
que não sejam a propaganda das suas ideias e das suas teses. Os diferentes canais televisivos dão
cobertura a comentários e a comentadores nada honestos e sem amor à verdade,
quase como se fossem espaços publicitários. Não são espaços informativos ou de
comentário livre, pois são meros espaços de propaganda.
O caso da guerra no
Médio Oriente é apenas um exemplo entre muitos, pois existe um discurso
expresso ou subjectivo, que tende a justificar toda a violência e a brutalidade israelita, assim como o efectivo
genocídio do povo palestiniano, como se todo ele pertencesse ao Hamas. Recordo,
por exemplo, que enquanto o mundo vem condenando a brutalidade israelita, a destruição do património, os
massacres e o genocídio sobre os povos palestiniano e libanês, assistimos nas
nossas televisões à presença de comentadores/as que continuam a considerar
justificada a violência do regime de Netanyahu e a chamar terroristas a todos os vizinhos de
Israel. Alguma dessa gente, que pomposamente usa o título de “especialista em
Relações Internacionais”, não sabe o que são direitos humanos, nem o que é o
sofrimento da guerra. E quando meio mundo elogia e apoia o nosso compatriota António Guterres na sua procura de um cessar-fogo e da paz, vemos alguns desses comentadores a alinharem com o extremismo israelita e a criticarem o secretário-geral das Nações Unidas. Essa gente é uma vergonha e a sua presença nas televisões é um escândalo e um
atentado à inteligência dos portugueses.
Dando abrigo a essa gente, as televisões portuguesas, tal como as televisões australianas, estão a ficar demasiado tóxicas.
Enquanto não forem denunciados publicamente, continuarão a fazer o mesmo. E quem estará disposto a fazê-lo? E em que meios?
ResponderEliminar