O dia 14 de Novembro ficou assinalado por um protesto que, pela primeira vez, teve uma dimensão europeia e revelou que as políticas de austeridade que estão a ser adoptadas na maioria dos países, são altamente responsáveis pela profunda crise que atravessamos e pelas marchas, greves e paralisações havidas em duas dezenas e meia de países.
A edição de hoje do Jornal i, com base nas estimativas do Eurostat ontem publicadas, alerta para a complexa situação europeia ao titular: “Europa em agonia. França e Alemanha à beira da recessão”. Na realidade, a economia da Zona Euro mergulhou em recessão pela segunda vez em quatro anos, reflectindo a crise do sistema financeiro e da moeda única, os excessos do seu modelo social, o desemprego, a perda de competitividade e o impacto das políticas de austeridade. Há uma acentuada desaceleração ou mesmo recessão em algumas economias, casos da Espanha, Holanda, Itália, Áustria e França, mostrando que, ao contrário do que por vezes se pensa, as dificuldades não estão apenas na Grécia, na Irlanda e em Portugal, mas que se estendem a outros países europeus, incluindo a Alemanha. Como muita gente diz desde há muitos anos, a velha e gorda Europa está numa crise estrutural, não tem líderes prestigiados e está rendida aos especuladores.
Tão grave quanto esta triste realidade é o facto de muito dependermos desta Europa em agonia. Acontece que durante a campanha eleitoral de 2011, foi repetido pelo nosso primeiro e pelos seus conselheiros, que o nosso problema não tinha nada a ver com a crise internacional e que era apenas uma questão de afastar o pinto de sousa e de cortar as gorduras do Estado. Lembram-se? Pois chegaram ao poder, rasgaram as promessas eleitorais e agora não navegam: estão à deriva numa Europa em agonia.
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