Nos últimos dias a guerra civil na
Síria voltou às primeiras páginas dos jornais franceses, provavelmente por
pressão da sua indústria de armamento. Um deles é o diário católico La
Croix que na sua edição de hoje titula ˝A Damas, entre guerre et vie˝.
A Síria é um país do Médio Oriente
com 185 mil quilómetros quadrados de superfície e cerca de 20 milhões de
habitantes, o que significa que tem o dobro da superfície e da população de
Portugal.
Desde Janeiro de 2011, na sequência
de protestos enquadrados na chamada Primavera árabe, que os opositores e os
defensores do regime de Bashar al-Assad se confrontam numa guerra civil de
grande violência. Ao fim de 26 meses de confrontação já morreram mais de 80 mil
pessoas, houve 1,5 milhões de refugiados nos países vizinhos e mais de 5
miilhões de pessoas que se deslocaram internamente para fugir das áreas de
combate. A Rússia e a China, mas também o Irão, apoiam claramente o regime de
Bashar al-Assad, enquanto os Estados Unidos, alguns países árabes como a
Turquia e o Qatar, assim como alguns países europeus apoiam a oposição.
Ao fim destes 26 meses de guerra, a
impotência revelada pelas grandes potências para fazer cessar as hostilidades, causa
um verdadeiro espanto e levanta interrogações.
A União Europeia que decretara um
embargo de armas à Síria, decidiu agora levantar esse embargo, permitindo que a
França e o Reino Unido armem os rebeldes sírios, mas a Rússia reagiu e decidiu
manter o programa de envio de mísseis de longo alcance destinados ao regime de
Bashar el-Assad. Neste contexto, a Alta Comissária dos Direitos Humanos da
ONU, a sul-africana de origem tamil Navi Pillay, pediu ontem às potências
mundiais que não forneçam armas aos beligerantes sírios, pois a situação tornou-se
uma ˝intolerável afronta à consciência humana˝. Será sempre uma guerra sem
vencedores nem vencidos e, para que possa ser travada ˝a escalada de sofrimento
e derramamento de sangue˝, este conflito ˝não deve ser estimulado com armas,
munições, política ou religião˝.
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