Mais uma vez
andei pela ilha do Pico, que é a segunda
maior ilha dos Açores e sobre a qual vale sempre a pena repetir o que sobre ela
disse Raúl Brandão em As ilhas
desconhecidas:
“O Pico é a mais
bela, a mais extraordinária ilha dos Açores, duma beleza que só a ele lhe
pertence, duma cor admirável e com um estranho poder de atracção. É mais do que
uma ilha - é uma estátua erguida até ao céu e amolgada pelo fogo - é outro Adamastor como o do cabo das Tormentas".
Podia
considerar-se estar tudo dito com estas palavras ou considerar-se que Raúl
Brandão apenas utilizou uma retórica desproporcionada, mas na realidade esta
ilha tem um estranho poder de atracção sobre os forasteiros, pela imponência da
montanha e pelas cores dos seus mares, das suas encostas e dos seus “mistérios”.
Porém, o mesmo não se poderá dizer em relação aos picoenses que, sem
actividades económicas relevantes para além da pecuária, vão procurando outros
locais alternativos para viver e para trabalhar. Assim, a ilha envelhece, desertifica-se e vai acumulando histórias
e memórias de um passado de isolamento e de fainas baleeiras de grande
temeridade e dureza, mas também das boas lembranças que chegavam da longínqua América,
para onde muitos açorianos tinham emigrado desde meados do século XIX.
Tem havido muito progresso na ilha, mas até agora, nem o sistema político,
nem a autonomia regional, nem a economia global conseguiram ainda dar passos consequentes para
resolver a equação económica e social destas comunidades e para um melhor aproveitamento
destes 447 Km2 de superfície, cuja paisagem natural tem sido tão bem preservada. Porém, há que confiar que melhores dias virão porque
esta exemplar riqueza cultural e esta emocionante paisagem são singulares e vão
perdurar no tempo. Eu deixo a ilha hoje para regressar ao rectângulo, mas voltarei sempre.
Com essa publicidade, qualquer dia alugo-te a casa para ir passar umas férias.
ResponderEliminarUm abraço.