sábado, 19 de outubro de 2013

O Pico e o seu poder de atracção

Mais uma vez andei pela ilha do Pico, que é  a segunda maior ilha dos Açores e sobre a qual vale sempre a pena repetir o que sobre ela disse Raúl Brandão em As ilhas desconhecidas:
“O Pico é a mais bela, a mais extraordinária ilha dos Açores, duma beleza que só a ele lhe pertence, duma cor admirável e com um estranho poder de atracção. É mais do que uma ilha - é uma estátua erguida até ao céu e amolgada pelo fogo - é outro Adamastor como o do cabo das Tormentas".
Podia considerar-se estar tudo dito com estas palavras ou considerar-se que Raúl Brandão apenas utilizou uma retórica desproporcionada, mas na realidade esta ilha tem um estranho poder de atracção sobre os forasteiros, pela imponência da montanha e pelas cores dos seus mares, das suas encostas e dos seus “mistérios”. Porém, o mesmo não se poderá dizer em relação aos picoenses que, sem actividades económicas relevantes para além da pecuária, vão procurando outros locais alternativos para viver e para trabalhar. Assim, a ilha envelhece, desertifica-se e vai acumulando histórias e memórias de um passado de isolamento e de fainas baleeiras de grande temeridade e dureza, mas também das boas lembranças que chegavam da longínqua América, para onde muitos açorianos tinham emigrado desde meados do século XIX.  
Tem havido muito progresso na ilha, mas até agora, nem o sistema político, nem a autonomia regional, nem a economia global conseguiram ainda dar passos consequentes para resolver a equação económica e social destas comunidades e para um melhor aproveitamento destes 447 Km2 de superfície, cuja paisagem natural tem sido tão bem preservada. Porém, há que confiar que melhores dias virão porque esta exemplar riqueza cultural e esta emocionante paisagem são singulares e vão perdurar no tempo. Eu deixo a ilha hoje para regressar ao rectângulo, mas voltarei sempre.

1 comentário:

  1. Com essa publicidade, qualquer dia alugo-te a casa para ir passar umas férias.
    Um abraço.

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