Quando se
realizaram as eleições legislativas de 2011, criticava-se muito o governo de então pela excessiva despesa que era feita
com escritórios de advogados, aos quais eram adjudicados serviços de assessoria
e consultoria jurídica e encomendados estudos, pareceres, arbitragens,
representação em processos judiciais e condução de negócios. Essa despesa era
encarada pelos arautos da teoria das gorduras do Estado como um exemplo de
despesismo e da promiscuidade entre o interesse público e o interesse privado,
pelo que a sua eliminação figurava sempre como uma das medidas necessárias para
a redução do défice. Provavelmente tinham razão e, por isso, esperava-se uma
inversão de rumo e um travão aos desenfreados apetites dos tubarões da
assessoria jurídica. Porém, o jornal i veio hoje noticiar que o “governo bate recorde em gastos com
escritórios de advogados”, pois as despesas não só não estão a diminuir como
até têm vindo a aumentar. De facto, nos primeiros dez meses do corrente ano, já
foram contratualizados 12 milhões de euros em 302 contratos com escritórios de
advogados, o que representa um aumento de 17,6% em relação ao total que foi
gasto em 2012. O maior tubarão deste negócio, segundo o jornal i, é a Sérvulo
Correia & Associados que, só à sua conta, já assinou este ano 58 contratos
por um valor de 3,1 milhões de euros. Escandalosamente, os grandes escritórios
de advocacia ganham cada vez mais dinheiro à conta das encomendas feitas pelo
Estado, que são pagas com o dinheiro dos contribuintes e com os meus impostos.
E o que faz quem manda? Nada!
Sem comentários:
Enviar um comentário