Embora as
notícias da recuperação económica espanhola já tenham surgido desde há algumas
semanas na imprensa, poucas terão sido tão esclarecedoras quanto foi aquela que
o diário Heraldo de Aragon, que se publica em Saragoça, destacou na
passada sexta-feira: “a Espanha recupera confiança no exterior e recebe 36.700
milhões de euros de investimento em oito meses”. Só na indústria automóvel
foram investidos 5 mil milhões de euros e foram criados 2400 empregos e, no mês
de Outubro, as vendas de automóveis subiram 34,4%. Hoje, a OCDE revelou que "está a sair mais investimento estrangeiro de Portugal do que a entrar e que o valor do investimento directo estrangeiro em Portugal no 2º trimestre de 2013 foi negativo em 1,4 mil milhões de dólares". Uma lusitana desgraça.
Estas notícias obrigam-nos a pensar no caminho que estamos a seguir para ultrapassar a nossa
crise ou, por outras palavras, a perguntar como é possível o que
está a acontecer aos nossos vizinhos e o que nos acontece aqui, onde estamos condenados a marcar
passo ou a andar para trás. O actual chefe da propaganda e criador do guião, ou seja, o irrevogável ministro Portas, gosta de dizer que o fim da recessão está a chegar. Nós que andamos pelas ruas e viajamos de autocarro vemos que não é verdade. Além disso, a pretexto de captar investimento e promover as
exportações, o irrevogável ministro que é, provavelmente, o mais viajado ministro português desde que D.
Afonso Henriques se revoltou contra a mãe, não apresenta quaisquer resultados
das suas dispendiosas viagens, para além da sua promoção pessoal, sempre a olhar para o seu umbigo e a pensar
no seu futuro, mas à custa de todos nós. Inaugurou ginásios na Índia e agora
quer vender arroz na China. Hoje em Macau, tivemo-lo a regozijar-se porque o
programa de vistos gold concluiu que
já foram investidos em Portugal mais de 200 milhões de euros e que 80% desse
investimento teve lugar no imobiliário. Então onde havia de ser? Precisávamos de ter janelas que nos
dessem claridade e perspectivas de futuro, mas temos portas destas. É uma tristeza. É mesmo uma tristeza!
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