O Parlamento
Europeu decidiu investigar a trapalhada que têm sido os passos e os erros da troika em Portugal, que têm aprofundado
a nossa crise e que nos têm conduzido a um progressivo empobrecimento, a uma
insustentável situação social e a uma humilhante dependência externa. Apesar do
discurso mais ou menos optimista do poder, o quotidiano dos portugueses
continua nebuloso, sem esperança e sem futuro.
Christine
Lagarde, a directora-geral do FMI, admitiu que o erro em relação aos efeitos da
austeridade obrigou Portugal (e a Grécia) a aplicar programas de ajustamento
num espaço de tempo demasiado curto, referindo também que os elevados custos da
electricidade prejudicam o crescimento económico em Portugal. Durão Barroso, o
presidente da Comissão Europeia, tinha dito que a austeridade atingiu o limite,
que não fizemos tudo bem e reconhecia que se tinha cedido demasiado a
“conselheiros tecnocratas”. Mario Draghi, o presidente do BCE, veio exigir à
banca que deixe de aplicar o dinheiro que recebe do BCE no rendoso negócio da
dívida pública (que em Portugal ascende a 23,5 mil milhões de euros) para passar
a emprestá-lo às empresas.
Estes dirigentes são
os principais responsáveis pela troika
e disseram o que já tinha sido dito muitas vezes, por muita gente e desde há
muito tempo. Porém, teimosa e fanaticamente, o governo quis “ir mais longe que
a troika” e avisou que não precisava “nem de mais tempo, nem de mais dinheiro”.
O governo e o seu responsável máximo instalaram-se legitimamente no poder, mas
não estavam preparados. São medíocres. Deslumbrados. Não conheciam o país. Mandaram
emigrar os portugueses e estão a vender o nosso património. Viajam muito e pensam pouco. Tornaram-se os agentes
da troika e dos grandes interesses. Habituaram-se
a não reagir e a ceder a tudo, a deixar-se humilhar e a não ter dignidade, nem
patriotismo, nem orgulho nacional. Agora
sofrem o vexame de ter que receber o Parlamento Europeu para investigar esta
trapalhada. É demasiada mentira e muita incompetência. Mário Soares tem razão.
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