No passado dia 3 de Agosto o país foi informado das decisões tomadas
relativamente ao Banco Espírito Santo (BES) e da intervenção do Banco de
Portugal (BP): o fim do BES e a separação entre os chamados activos problemáticos
(banco mau) e os restantes activos e passivos que serão integrados no Novo
Banco (banco bom), o qual iria receber um empréstimo público de 4.900 milhões de euros. Menos de 24 horas depois do anúncio do fim do BES, o governo
decidiu falar para colher os méritos se a coisa correr bem e para sacudir a
água do capote se a coisa correr mal. Assim, através da ministra das Finanças
que foi à televisão elogiar o governador do BP e explicar a operação, o governo
veio assegurar que “este empréstimo não tem risco
para os contribuintes”.
Muitos comentadores e alguns porta-vozes dos
partidos da maioria trataram de elogiar a solução encontrada num fim de semana
de Verão, com o primeiro-ministro de chinelos e calções na algarvia Mantarota (com um
enorme cordão de segurança que a televisão não conseguiu esconder), enquanto o
governo dirigido pelo irrevogável ministro se reunia por via electrónica para tratar de
um assunto destes, como se fosse coisa menor.
Foi dito que a operação não implicava custos
para o erário público e que os clientes iriam poder realizar junto do novo
banco todas as operações que antes realizavam junto do BES. Porém, houve muita
gente que não foi nesta conversa e que, logo na dia 4, correu para os balcões
do seu ex-BES para levantar as suas poupanças, tendo havido 200 milhões de
euros que nesse dia transitaram para a Caixa Geral de Depósitos (CGD), conforme
revela a edição de hoje do Público. No 1º semestre do ano o BES
já tivera uma redução de 310 milhões de euros no seu volume de depósitos e, ao
longo do mês de Julho, o movimento de contas particulares do BES para a CGD foi
muito assinalável, nele se incluindo o já famoso levantamento de 128 milhões de
euros feito pela Portugal Telecom. Afinal, parece que ninguém confia no ex-BES
e que pouca gente confia no paleio do governo e do BP, nem na história do banco
bom. Tudo isto é muito mau e começa a ser evidente que a factura vai sobrar
para o pessoal do costume. Sempre os mesmos de um lado e sempre os mesmos do outro deste teatro mentiroso. Uma tristeza e uma vergonha!
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