quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A banca e os banqueiros sob suspeita

No passado dia 3 de Agosto o país foi informado das decisões tomadas relativamente ao Banco Espírito Santo (BES) e da intervenção do Banco de Portugal (BP): o fim do BES e a separação entre os chamados activos problemáticos (banco mau) e os restantes activos e passivos que serão integrados no Novo Banco (banco bom), o qual iria receber um empréstimo público de 4.900 milhões de euros.  Menos de 24 horas depois do anúncio do fim do BES, o governo decidiu falar para colher os méritos se a coisa correr bem e para sacudir a água do capote se a coisa correr mal. Assim, através da ministra das Finanças que foi à televisão elogiar o governador do BP e explicar a operação, o governo veio assegurar que “este empréstimo não tem risco para os contribuintes”.
Muitos comentadores e alguns porta-vozes dos partidos da maioria trataram de elogiar a solução encontrada num fim de semana de Verão, com o primeiro-ministro de chinelos e calções na algarvia Mantarota (com um enorme cordão de segurança que a televisão não conseguiu esconder), enquanto o governo dirigido pelo irrevogável ministro se reunia por via electrónica para tratar de um assunto destes, como se fosse coisa menor.
Foi dito que a operação não implicava custos para o erário público e que os clientes iriam poder realizar junto do novo banco todas as operações que antes realizavam junto do BES. Porém, houve muita gente que não foi nesta conversa e que, logo na dia 4, correu para os balcões do seu ex-BES para levantar as suas poupanças, tendo havido 200 milhões de euros que nesse dia transitaram para a Caixa Geral de Depósitos (CGD), conforme revela a edição de hoje do Público. No 1º semestre do ano o BES já tivera uma redução de 310 milhões de euros no seu volume de depósitos e, ao longo do mês de Julho, o movimento de contas particulares do BES para a CGD foi muito assinalável, nele se incluindo o já famoso levantamento de 128 milhões de euros feito pela Portugal Telecom. Afinal, parece que ninguém confia no ex-BES e que pouca gente confia no paleio do governo e do BP, nem na história do banco bom. Tudo isto é muito mau e começa a ser evidente que a factura vai sobrar para o pessoal do costume. Sempre os mesmos de um lado e sempre os mesmos do outro deste teatro mentiroso. Uma tristeza e uma vergonha!

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