A presença de
Paulo Portas no congresso do MPLA em Luanda como convidado especial de José
Eduardo Santos é um caso de enorme gravidade na política portuguesa, pois
revela a personalidade de um indivíduo que não olha a meios para atingir os
seus fins. Embora tenha sido convidado a título pessoal, ninguém esquece que,
até há pouco tempo, ele foi o presidente do CDS, um partido ideologicamente
muito distante do MPLA, mas também foi vice-primeiro-ministro do governo
português. Aliás, ele fala e comporta-se como se ainda ocupasse aqueles cargos, com uma arrogância que mete dó.
Esperava-se que a
imprensa portuguesa reagisse e denunciasse esta grave situação em que um
ex-político de topo usa o seu capital de experiência acumulado e a informação
secreta e estratégica a que teve acesso para servir negociatas e interesses
pessoais, mas lamentavelmente os jornais e os jornalistas ficaram calados, quem
sabe se por deverem favores a Paulo Portas. A excepção foi o jornal
i, que ontem informou sobre o caso e hoje entrevistou Manuel Monteiro,
o antigo presidente do CDS.
Nessa entrevista Manuel Monteiro relacionou
a aproximação do CDS ao MPLA como um “testemunho
de um partido que se rendeu e vendeu aos interesses pessoais e de negócios de Paulo
Portas” e acusou-o de ter “preparado o caminho”
para se dedicar aos negócios com ligações a Angola. Segundo Manuel
Monteiro, “Paulo Portas colocou o CDS ao serviço daquilo que lhe interessa, que
é enriquecer”.
As figuras de Paulo
Portas e do deputado Amaral, que a televisão mostrou e se prestaram a um triste
papel de vulgares bajuladores no congresso do MPLA, envergonham a democracia portuguesa.
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