O problema
político da Catalunha é muito complexo, não só porque pode representar o início
de um processo de implosão generalizada da Espanha com repercussões
contagiantes a uma Europa enfraquecida, mas também porque a própria população
catalã está dividida entre o seu legítimo sentimento independentista e a
fidelidade à unidade de um estado espanhol multinacional como está definido na
Constituição.
No ano passado os
ânimos exaltaram-se e tanto o governo espanhol de Mariano Rajoy como o governo
catalão de Carles Puigdemont foram além do que seria desejável e, entre outras
coisas, renunciaram ao diálogo.
Passou algum
tempo e curiosamente no mesmo dia 2 de Junho, Rajoy cedeu o seu lugar de
primeiro-ministro a Pedro Sanchez, enquanto o fugitivo Puigdemont foi
substituído por Quim Torra.
São dois novos
rostos para encarar o problema catalão, depois da fracassada encenação de uma
declaração unilateral de independência do passado mês de Outubro, sob a
orientação do desorientado Puigdemont, a que o governo espanhol e o Tribunal
Constitucional se opuseram.
Ao tomar posse, o
separatista Quim Torra desafiou o primeiro-ministro Pedro Sanchez para que o
diálogo fosse retomado, depois de meses de crispação. Sanchez aceitou e ontem
os dois políticos encontraram-se em Madrid no Palácio de La Moncloa, durante
cerca de três horas. Com cordialidade. Com pontos de vista muito diferentes que
estão em linha com o que pensaram Rajoy e Puigdemont. Tudo ficou como antes,
com uma parte a reivindicar o seu direito à autodeterminação e a outra a
defender a unidade do estado espanhol nos termos da Constituição. A reunião não
serviu para convencer ninguém, mas foi um passo em frente no caminho do
diálogo. Foi um bom princípio.
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