As eleições
presidenciais americanas realizam-se no dia 3 de Novembro de 2020, o que quer
dizer que faltam menos de oito meses para que seja conhecido o futuro
presidente dos Estados Unidos e que a campanha eleitoral vai entrar na sua fase
mais intensa e mais decisiva.
As eleições
primárias do Partido Democrata já começaram e nesta altura aparecem destacados os
candidatos Joe Biden com 664 delegados eleitos e Bernie Sanders com 573
delegados designados, mas qualquer deles precisa de reunir 1991 delegados para
garantir a nomeação do seu partido, sendo por agora imprevisível saber quem vai
enfrentar o candidato republicano. No Partido Republicano, para além de Donald
Trump que se vai recandidatar e quer ser reeleito, também há vários candidatos
como por exemplo Bill Weld, o antigo governador do estado de Massachusetts.
As campanhas
eleitorais nos Estados Unidos foram o berço da Sociologia Política, não só no
que respeita à eficácia das suas mensagens, mas sobretudo no que se refere às
formas de manipulação dos perfis dos candidatos e do estudo das formas de
sedução do eleitorado. Os estados-maiores de todos os candidatos trabalham
arduamente na criação de truques, hoje chamadas fake news, destinadas a valorizar os seus candidatos e a
desvalorizar os candidatos adversários.
Tudo isto vem a propósito da última
edição da revista The New Yorker, que se dedica há quase um século à cobertura da
vida cultural da cidade de Nova Iorque e que utiliza o humor nas suas
apreciadas críticas, ensaios, reportagens e ilustrações. Pois esta revista, também entrou em campanha e a
propósito do uso de máscaras para evitar o contágio do Covid-19, decidiu
escolher para a sua capa a imagem de um Donald Trump ignorante e burgesso, que não
sabe usar a máscara para se proteger do Covid-19, mas que insiste em querer ser
presidente dos Estados Unidos.
O facto é que, por vezes, uma imagem vale mais que mil palavras...
O facto é que, por vezes, uma imagem vale mais que mil palavras...
A propósito do estilo de propaganda eleitoral deste "senhor", aqui transcrevo uma parte do artigo de José Pacheco Pereira publicado na página 10 do "Público" de 7/3/2020:
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Para se perceber melhor como funciona esta máquina, que funciona como propaganda, mas que mergulha numa certa América, vale a pena ouvir-se a Patriot Radio (possível na Internet), parte de uma rede nacional de estações de rádio, com ligações à Fox News e ao Breitbart, o grupo de media de Steve Bannon, e várias vezes citada pelo Presidente. Não é irrelevante que seja uma rádio, num país em que o automóvel é uma segunda habitação. Aqui segue um exemplo desta semana, de novo transcrito de forma muito próxima do original:
“Que tragédia os tornados no Tennessee que mataram tantos bons americanos! Para vermos quem são, o exemplo é o sr. Bob e a sua esposa Mary, gente de fé, que vai à Igreja, e que com os seus mais de 80 anos esperavam poder comemorar para a semana os 60 anos do seu casamento. Morreram na cama abençoados por Deus, por uma vida de fidelidade um com o outro… É isto que os democratas socialistas e os idiotas que os apoiam querem destruir, esta América de valores profundos, destruindo a família com os casamentos gay, com o divórcio a pedido, com o ataque à religião e à Igreja. É isto que Biden, o atrasado mental do Biden, que passa por ser um moderado, mas que para ganhar vai ter de escolher um vice-presidente, vai escolher Stacey Abrams [política negra da Georgia]. E já viram os olhos vermelhos de Biden, que não está preparado para ser Presidente, que troca as datas e os sítios, que é um homem doente? Imaginem que ele morre, vão ter Stacey a Presidente… “
E por aí adiante. Os insultos pessoais são comuns, “esse doido do Bernie”, o “palhaço do Biden”, “os loucos dos democratas”, a Pelosi, que devia estar presa, Schumer e Schiè [que estiveram à frente do processo de impeachment de Trump], idem. A epidemia do coronavírus é irrelevante, e uma ouvinte da rádio até sabe muito bem como curá-la com mel e umas vitaminas, etc.
Ao lado disto, os democratas são meninos de coro.