quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Os ex-guerrilheiros e a droga colombiana

A Colômbia suportou “a guerrilha mais longa do mundo” através de um acordo assinado em 2016 entre o governo colombiano e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ou Exército do Povo), uma organização fundada em 1964. Significa que a guerra de guerrilhas na Colômbia durou 52 anos, tendo feito cerca de 260 mil mortos! 
Aconteceu, porém, que a maioria dos colombianos não aceitou aquele acordo, o que levou o então presidente Juan Manuel Santos a convocar os negociadores para refazerem o processo de paz, o que veio a acontecer com sucesso ainda em 2016, com a assinatura dos Acordos de Paz de Havana. A partir de então decretou-se o cessar-fogo, iniciou-se o desarmamento e a integração de guerrilheiros, começou o exaustivo trabalho de reconciliação nacional e o estudo da solução para o problema das drogas ilícitas, porque a Colômbia é considerada o maior produtor mundial de cocaína, abastecendo cerca de 70% do mercado mundial, segundo as Nações Unidas. Esse parece ser o grande problema da Colômbia, pois o controlo da “economia da droga” é disputado por vários grupos ilegais, incluindo dissidentes das FARC que rejeitaram o acordo de 2016, elementos do ELN (Exército de Libertação Nacional) e outros grupos armados ilegais.
A região de Arauca faz fronteira com o estado venezuelano de Apure e os confrontos entre grupos rivais nestas regiões são frequentes. Desde os acordos de Havana estão registados 1.284 assassinatos de defensores de direitos humanos, ex-guerrilheiros e líderes comunitários, bem como frequentes confrontos entre esses grupos, sobretudo entre ex-elementos das FARC e do ELN. Foi o que aconteceu na segunda-feira e que foi noticiado pelo Correio do Brasil, que anunciou que os “guerrilheiros lutam entre si e 26 morrem”, informando ainda que nesses confrontos se registaram mais de trinta feridos e que este dia foi considerado “o mais violento dos últimos dez anos no país”. Curiosamente, a imprensa colombiana não deu qualquer destaque a este acontecimento, provavelmente para não alarmar a população colombiana que teme o regresso da guerra.

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