quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Moçambique e os seus hidrocarbonetos

O Instituto Nacional de Petróleos e toda a imprensa moçambicana, como por exemplo o jornal Notícias, noticiaram a chegada à Área 4 da bacia do Rovuma da plataforma gigante FLNG (Floating Liquefied Natural Gas) que vai fazer a exploração de gás naquela área marítima. A enorme estrutura assemelha-se a um navio gigante com 432 metros de comprimento e foi construída na divisão industrial da Samsung em Geoje, na Coreia do Sul, tendo saído para a costa de Cabo Delgado no dia 15 de Novembro.
A plataforma vai estar ligada a seis poços para extrair gás para uma fábrica instalada a bordo, onde vai ser arrefecido e liquefeito, de modo a poder ser transportado em cargueiros que se abastecerão a partir da própria plataforma e dos seus depósitos de armazenamento. Acima do plano do convés a plataforma dispõe de treze módulos onde se localiza a fábrica, um heliporto e um módulo de oito andares onde podem viver 350 pessoas.
A Área 4 está concessionada à Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma joint venture participada em 70% pela americana Exxon Mobil, pela italiana Eni e pela chinesa CNPCO, estando os restantes 30% repartidos pela Empresa Nacional de Hidrocarbonetos de Moçambique (ENH), pela coreana Kogas e pela Galp Energia Rovuma que tem a sua sede… na Holanda. O início da produção offshore está prevista para meados do corrente ano de 2022.
Na bacia do Rovuma também está delimitada a Área 1, concessionada a um consórcio dominado pela petrolífera francesa Total, a japonesa Mitsui e a indiana Beas, que aposta na produção onshore na península de Afungi, mas que tem sido perturbada pela insurreição jihadista que tem estado activa em Cabo Delgado.
Como aqui foi dito há tempos, para quem navegou naquelas águas da bacia do Rovuma, causa uma natural impressão imaginar uma tão grande estrutura num local onde o mar era livre e não havia plataformas a perturbar a paisagem marítima. Porém, as coisas são como são e, ao longo da costa moçambicana, estão definidas outras áreas de pesquisa e de produção de hidrocarbonetos.

Sem comentários:

Enviar um comentário