O jornal espanhol
ABC
publica na sua edição de hoje uma fotografia de Irpin, uma cidade-satélite
situada a ocidente de Kiev, onde se pode observar a enorme destruição provocada
pela ocupação russa durante cerca de um mês. A imagem sugere que é preciso acabar com a guerra e procurar o cessar-fogo e a paz, que deveriam ser um objectivo para a comunidade internacional, tal como o seu apoio aos esforços do
secretário-geral das Nações Unidas e de outros mediadores.
O mesmo jornal,
inclui na primeira página um título que nos ajuda a compreender o que se está a
passar na Ucrânia e que diz que “Europa financia la guerra de Putin com 22.000
millones de euros al mes”. Se aquele montante mensal for verdadeiro, representa
um valor anual que excede o PIB português que é de cerca de 220 mil milhões de
euros. Porém, se olharmos para os 2.451 milhões de euros que estão inscritos para o ano de 2022 no Orçamento do Estado português para a Defesa Nacional, ficamos com uma
noção mais exacta do preço que a Europa está a pagar pelo seguidismo com que
tem acompanhado os Estados Unidos, ao promover a continuação da guerra e a
catástrofe humanitária que a acompanha, em vez de procurar a paz.
A forma
desinteressada como foi olhada a visita de António Guterres a Moscovo e a Kiev,
parece confirmar que para o lado ocidental é mais importante punir a Rússia, do
que encontrar a paz e poupar o sacrifício do povo ucraniano. Antes da invasão
ordenada por Putin, houve vários líderes europeus que procuraram mediar o
conflito e evitar a guerra, mas as indústrias do armamento e os seus falcões
parecem estar a conseguir o seu já declarado objectivo de enfraquecer a Rússia,
embora essa tarefa esteja a ser feita à custa do sofrimento dos ucranianos e da
destruição das suas cidades e, em menor escala, da regressão da economia, do modelo social e da
coesão europeia.
Não são nada
animadores os tempos que aí vêm.
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