Há uma onda de
calor que está a afectar o território continental português e para o dia de
hoje estão previstos máximos históricos para diversos locais, anunciando-se
temperaturas de 46 ou mesmo 48 graus, num país em que a temperatura mais alta
de que há registo aconteceu no dia 1 de agosto de 2003, quando os termómetros
atingiram os 47,4 graus na Amareleja, no distrito de Beja. Ontem, diversas
localidades como Monção, Vila Real e Viseu atingiram os seus máximos históricos
de temperatura. A situação é deveras alarmante e se notarmos que o máximo
europeu foi registado em 2021 na ilha Sicília com 48,8 graus, ficamos com uma
ideia mais correcta da situação crítica que atravessamos.
Os incêndios
florestais e a generalizada falta de água nas albufeiras e nos rios são as
marcas mais graves da emergência climática que atravessamos, que fez com que
grande parte do território continental estivesse sob alerta laranja e, nas
últimas horas, tivesse entrado em alerta vermelho. Há incêndios activos em
quase todos os distritos continentais e a luta das corporações dos Bombeiros e
dos elementos da Protecção Civil tem sido muito corajosa, como por vezes se pode observar
nas imagens televisivas, sobretudo quando não aproveitam estas situações para fazer reivindicações corporativas. Há sobressalto, inquietação e dor nas populações mais
isoladas, impotentes para se defenderem das chamas que cercam as suas casas. Naturalmente,
trata-se de uma consequência das profundas alterações climáticas que se estão a
verificar no nosso planeta, a que se juntarão muitas outras causas, como o mau
ordenamento florestal, mas não só.
Todos os anos, reúnem-se as autoridades administrativas e
os especialistas, designadamente em debates televisivos, para diagnosticar a
situação e para propor medidas que evitem ou atenuem a calamidade dos incêndios
florestais, mas parece que em cada ano a situação se agrava. Não sei o que se possa fazer.
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