O ataque
desferido contra a ponte de Kerch foi um duro golpe e uma humilhação para o
orgulho russo e veio mostrar que a paz ainda pode estar longe, pois parece
abrir uma nova etapa do conflito para a qual se pode aplicar a expressão “olho
por olho, dente por dente”, significando que as partes utilizam respostas e
punições na mesma proporção dos danos que lhes foram causados. De facto,
quarenta e oito horas depois do humilhante ataque à ponte de Kerch, os russos retaliaram
e atacaram fortemente Kyev e mais de uma dezena de cidades ucranianas. Esta
acção não foi inesperada, mas impressionou pela sua enorme violência, o que
levou a que a imprensa internacional utilizasse duas palavras para definir a
resposta russa: vingança e terror. Com esta acção e reacção o discurso das partes radicalizou-se. Putin está com o seu orgulho ferido e não
cessa de fazer ameaças, culpa o ocidente pelos preços da energia e pela crise
económica e diz que “a Rússia está disposta a conversar”, mas continua a prometer
mais ataques. Joe Biden declara o seu apoio incondicional à Ucrânia, insiste em
continuar a impor custos à Rússia pela sua agressão, acusa-a de crimes de
guerra e de atrocidades e oferece-lhe sistemas de defesa antiaérea para que “defendam
o seu país e a liberdade”. Entretanto, pela voz do seu falcão-mor Jens
Stoltenberg, a NATO pede às empresas de defesa que aumentem a produção de armamento. Só se pensa em canhões, não se pensa em manteiga, como certamente diria o nobel Paul Samuelson.
Este parece ser,
na sua expressão mais simples, o estado do conflito ucraniano e da escalada por
que está a passar. Zelensky é cada vez mais um peão neste jogo de alta geopolítica
em que ninguém fala em paz e todos parecem apostar na lógica de “olho por olho,
dente por dente”.
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