quinta-feira, 3 de abril de 2025

A nova guerra comercial que o DT iniciou

No prosseguimento da sua política de MAGA (Make America Great Again) o presidente Donald Trump parece apostado em concretizar muitas das medidas que anunciou em campanha eleitoral, nas quais poucos acreditaram. No campo da política internacional destacam-se os apetites sobre os recursos naturais da Gronelândia e da Ucrânia, enquanto no campo do fortalecimento da economia americana a aposta parece centrar-se na produção interna de muitos bens que até agora eram importados. Na política económica não é mais do que a conhecida política de substituição de importações, que passa pela redução das importações e pelo estímulo à produção nacional, inclusive através do investimento estrangeiro nos Estados Unidos.
Enquanto prepara estas medidas - que podem ter efeitos muito perversos porque as economias são demasiado interdependentes - o DT vai avançando com “provocações ao Canadá e ao México” e com a prometida deportação de emigrantes ilegais que já ultrapassou as cem mil pessoas. Ontem, através de uma ordem executiva, o DT decretou uma guerra comercial ao mundo, ao aumentar em 10% as tarifas alfandegárias sobre os produtos importados pelos Estados Unidos, embora haja excepções mais gravosas, como a importação de automóveis europeus que passa a ter uma tarifa de 25%.
A fotografia do DT aparece nas primeiras páginas da imprensa de todo o mundo e as manchetes variam entre a simples informação de “aumento das tarifas”, como faz o jornal The Times, ou a informação do começo de uma "guerra comercial" como fazem por exemplo o El País e o Le Figaro. Porém, a imprensa portuguesa é uma excepção e em primeira página trata outros assuntos, como se estas medidas do DT não nos afectassem.

terça-feira, 1 de abril de 2025

Turquia e Israel à beira de um confronto?

No dia 8 de Dezembro de 2024, depois de um período de quase quatro anos de contenção na guerra civil síria, os grupos rebeldes da oposição coligaram-se e fizeram uma ofensiva que, depois de ocuparem várias cidades, entraram em Damasco. O regime de Bashar al-Assad colapsou, depois de ter estado no poder durante cerca de 24 anos, tendo o seu líder abandonado o país e seguido para o exílio na Rússia. Pela rapidez com que aconteceu, a queda de Assad surpreendeu muita gente, até porque estava apoiado desde há muitos anos na Rússia e no Irão.
A nova Síria passou a ser governada por Ahmed Hussein al-Sharaa, também conhecido pelo seu nome de guerra Abu Mohammed al Jawlani, um engenheiro de 42 anos de idade, que antes pertenceu à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico do Iraque. Este homem foi transformado numa figura mediática, passou a usar gravata e a afirmar que o seu objectivo é a reconstrução do país, mas os seus vizinhos mais poderosos não acreditam nele. Assim, a Turquia e Israel viram uma oportunidade de intervir no complexo problema sírio para redefinir o jogo do poder no Médio Oriente.
A Turquia já acusou Israel de procurar expandir o seu território, para além dos Montes Golã que anexou em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, enquanto Israel critica a Turquia com a mesma acusação e pela sua contínua intervenção em território sírio com o pretexto de atacar os curdos. A tensão tem aumentado desde a queda de Assad e é mais um problema para a administração de Donald Trump, havendo mesmo um risco elevado de confronto armado entre Recep Tayyip Erdogan e Benjamin Netanyahu, como salienta a última edição da revista Newsweek.