O assassinato do
general Qasem Soleimani tem dominado o noticiário internacional e gerou uma invulgar
onda de preocupações, a par de um generalizado apelo para a contenção das
partes. Da leitura da imprensa internacional há duas ideias que se destacam: do
lado americano a declaração de Donald Trump de que “we took action to stop a war… not to start a war”, enquanto do
outro lado se fazem duras ameaças no sentido de que seja vingado o seu herói
assassinado. Ambas as ideias pretendem satisfazer as opiniões públicas internas, num caso
para reeleger Donald Trump e fazer esquecer o seu processo de impeachment, enquanto no outro se trata de uma reacção à humilhação que foi o assassinato de Bagdad, para dar coesão ao actual regime.
Durante o dia de
hoje puderam ouvir-se os comentários de inúmeros especialistas sobre os
acontecimentos ocorridos em Bagdad e as suas opiniões quanto ao que pode
acontecer nos próximos tempos, mas não se viu ninguém a ter a ousadia de fazer
previsões, até porque as políticas americana e iraniana têm sido demasiado
errantes naquela região.
Porém, a imagem de capa da edição de hoje
do Iran
Daily talvez esclareça alguma coisa, pois não é apenas uma homenagem ao
general Qasem Soleimani, a quem se atribui o principal mérito pela derrota do
Daesh, mas é também um elemento mediático de mobilização popular em torno da figura do mártir e de apoio à “harsh revenge” prometida pelo ayatollah Ali Khamenei. Para continuar a
desafiar a América de Trump, o regime iraniano também precisava de ter o seu
mártir e foi o próprio presidente dos Estados Unidos que o criou.
Nesta incerteza, associo-me
aos que estão preocupados quanto ao que possa acontecer e, como dizia o outro,
previsões só depois do jogo…
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