A Barraca é um grupo de teatro fundado em 1976, cujo repertório assenta essencialmente em temas da história e da cultura portuguesas e que, desde a sua criação, já apresentou quase uma centena de peças. Desde 1989 que, através de um protocolo assinado com a CML, o grupo está instalado no espaço Cinearte, no Largo de Santos, em Lisboa.
A Barraca tem agora em cena “D. Maria, a Louca” , uma peça do autor brasileiro António Cunha, cujo tempo dramatúrgico se localiza nas 48 horas que antecederam o desembarque da Rainha Dona Maria I no Rio de Janeiro e dos seus receios, nomeadamente por ter sido ela quem assinou a sentença de morte de Tiradentes, o homem que lutou em armas pela independência de Minas Gerais.
A Rainha saíra de Lisboa com o Príncipe Regente, futuro D. João VI, em Novembro de 1807, algumas horas antes da entrada na cidade das tropas napoleónicas.
A peça revela o estado de demência da Rainha, os seus temores e o fanatismo da sua religiosidade, mas é sobretudo um pedido de desculpas ao Brasil, por ter sido ela quem assinou a pena de morte de Tiradentes.
A encenação e a interpretação são da responsabilidade de Maria do Céu Guerra.
A encenação é sóbria mas adequada ao acompanhamento da peça, enquanto a interpretação que se estende a solo por cerca de 100 minutos, é verdadeiramente notável.
Em tempos da "ditadura do audiovisual", o teatro popular mostra que está realmente vivo e esta tão recomendável peça, é a prova disso!
sábado, 30 de julho de 2011
O teatro popular está vivo
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Os nossos ricos estão cada vez mais ricos
Em Portugal, mesmo em tempos de crise, os ricos estão mais ricos e, como não tem havido crescimento económico e a população tem aumentado, significa que os pobres estão mais pobres, ou ainda, que a riqueza é desigualmente distribuída.
Esta conclusão resulta do estudo da Revista Exame, que revela a sua lista anual das 25 maiores fortunas portuguesas, com base na contabilização de activos, nomeadamente cotações bolsistas. Em conjunto, esses activos aumentaram 17,8 por cento e somam 17,4 mil milhões de euros, equivalentes a cerca de 10% do PIB português em 2010.
O português mais rico, desde há quatro anos, é Américo Amorim, o rei da cortiça, cujos activos atingem 2,6 mil milhões de euros, através das suas participações accionistas na Galp Energia, na Corticeira Amorim, na Amorim Investimentos e Participações e em vários bancos.
O segundo mais rico, que saltou da quarta para a segunda posição, é Alexandre Soares dos Santos, que tem um património avaliado em 1,9 mil milhões de euros, explicado pelo crescimento da Galp e do grupo Jerónimo Martins/Pingo Doce.
O pódio dos portugueses mais ricos é completado com Belmiro de Azevedo, o patrão da Sonae, cuja fortuna é avaliada em 1,3 mil milhões de euros.
Estes homens são ricos e são muito poderosos e, porque têm poder, têm mais responsabilidades para com o país e para com os seus cidadãos. Por isso “não deverão perguntar o que pode o país fazer por eles, mas o que poderão eles fazer pelo país". Espera-se, por isso, que promovam o investimento, que estimulem a produção nacional, que criem emprego e que contribuam para o reforço da coesão social. Se assim fizerem, valerá a pena ser rico.
Esta conclusão resulta do estudo da Revista Exame, que revela a sua lista anual das 25 maiores fortunas portuguesas, com base na contabilização de activos, nomeadamente cotações bolsistas. Em conjunto, esses activos aumentaram 17,8 por cento e somam 17,4 mil milhões de euros, equivalentes a cerca de 10% do PIB português em 2010.
O português mais rico, desde há quatro anos, é Américo Amorim, o rei da cortiça, cujos activos atingem 2,6 mil milhões de euros, através das suas participações accionistas na Galp Energia, na Corticeira Amorim, na Amorim Investimentos e Participações e em vários bancos.
O segundo mais rico, que saltou da quarta para a segunda posição, é Alexandre Soares dos Santos, que tem um património avaliado em 1,9 mil milhões de euros, explicado pelo crescimento da Galp e do grupo Jerónimo Martins/Pingo Doce.
O pódio dos portugueses mais ricos é completado com Belmiro de Azevedo, o patrão da Sonae, cuja fortuna é avaliada em 1,3 mil milhões de euros.
Estes homens são ricos e são muito poderosos e, porque têm poder, têm mais responsabilidades para com o país e para com os seus cidadãos. Por isso “não deverão perguntar o que pode o país fazer por eles, mas o que poderão eles fazer pelo país". Espera-se, por isso, que promovam o investimento, que estimulem a produção nacional, que criem emprego e que contribuam para o reforço da coesão social. Se assim fizerem, valerá a pena ser rico.
quinta-feira, 28 de julho de 2011
A CGD virou um grande aquário
A CGD tem um novo desígnio que concorre directamente com o Oceanário de Lisboa e com o Aquário Vasco da Gama – virou aquário!
A história é simples. Durante a campanha eleitoral houve a intenção de privatizar a CGD, mas essa ideia rapidamente caiu. Veio o Memorando da troika que no seu ponto 2.5 recomenda a racionalização do grupo CGD, a melhoria da sua governação e a privatização do negócio segurador, mas que não exige a privatização da actividade bancária central.
O novo governo tomou posse e não perdeu tempo, certamente para dar resposta à impaciência dos tubarões. Não havia razões objectivas para qualquer mudança na CGD, mas foi adoptado um novo modelo de governação que passa de 7 para 11 administradores, com um chairman e um presidente executivo, o que não faz sentido porque existe um único accionista que é o Estado, além de que este modelo já foi experimentado na CGD e falhou.
E com sofreguidão, começaram as nomeações da gente do costume, na base do seu cartão partidário.
Primeiro, foi o antigo presidente do Conselho Superior da SLN, a sociedade dona do BPN, para a Assembleia Geral do banco, o que é realmente curioso e demasiado triste.
A seguir, foi o arrogante homem de mão do grupo Mello, para vice-presidente da Comissão Executiva do banco, provavelmente para estar atento às privatizações.
Depois, foi o irmão do comentador do regime e antigo presidente do PSD.
É o descrédito para quem os escolheu, é uma mancha negra para a CGD e até para eles, que talvez nem precisassem do enxovalho que é esta escolha. E há os outros que se hão-de seguir.
Com tubarões como estes, que ao longo da vida acumularam muitos cargos, mordomias e fortuna, o maior banco português está a transformar-se num grande aquário.
A história é simples. Durante a campanha eleitoral houve a intenção de privatizar a CGD, mas essa ideia rapidamente caiu. Veio o Memorando da troika que no seu ponto 2.5 recomenda a racionalização do grupo CGD, a melhoria da sua governação e a privatização do negócio segurador, mas que não exige a privatização da actividade bancária central.
O novo governo tomou posse e não perdeu tempo, certamente para dar resposta à impaciência dos tubarões. Não havia razões objectivas para qualquer mudança na CGD, mas foi adoptado um novo modelo de governação que passa de 7 para 11 administradores, com um chairman e um presidente executivo, o que não faz sentido porque existe um único accionista que é o Estado, além de que este modelo já foi experimentado na CGD e falhou.
E com sofreguidão, começaram as nomeações da gente do costume, na base do seu cartão partidário.
Primeiro, foi o antigo presidente do Conselho Superior da SLN, a sociedade dona do BPN, para a Assembleia Geral do banco, o que é realmente curioso e demasiado triste.
A seguir, foi o arrogante homem de mão do grupo Mello, para vice-presidente da Comissão Executiva do banco, provavelmente para estar atento às privatizações.
Depois, foi o irmão do comentador do regime e antigo presidente do PSD.
É o descrédito para quem os escolheu, é uma mancha negra para a CGD e até para eles, que talvez nem precisassem do enxovalho que é esta escolha. E há os outros que se hão-de seguir.
Com tubarões como estes, que ao longo da vida acumularam muitos cargos, mordomias e fortuna, o maior banco português está a transformar-se num grande aquário.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Retratos em Barro
Retratos em Barro é uma exposição patente no Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa, que nos mostra uma parte da obra de Rafael Bordalo Pinheiro – o autor do famoso Zé Povinho e do seu gesto simbólico – como escultor em barro.
Trata-se de uma pequena exposição que pretende abordar essa vertente pouco conhecida e estudada da obra do artista, que habitualmente é mais identificado com a cerâmica decorativa e utilitária ou, noutra perspectiva, com o desenho e a crítica mordaz dos costumes da sociedade portuguesa de finais do século XIX.
Na via da escultura em barro, Bordalo Pinheiro modelou diversos bustos de personalidades como Eça de Queirós e o famoso médico Sousa Martins, mas também de alguns amigos e de diversas personagens anónimas de tipo popular, por vezes fruto de encomendas, outras de iniciativa pessoal.
A apresentação desta exposição recorreu à colecção do próprio museu, de onde foi seleccionado um grupo significativo de peças que desde 1985 não era mostrado em conjunto e apresenta várias versões do mesmo modelo de busto, estudos em barro, cartas manuscritas, fotografias e páginas litografadas das suas publicações, que testemunham o empenho do artista neste tipo de escultura, a partir de 1888.
A pequena exposição pode ser visitada de terça a domingo na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Bordalo Pinheiro, no Campo Grande, 382, em Lisboa, mas é sobretudo uma boa oportunidade para visitar o Museu Bordalo Pinheiro.
Trata-se de uma pequena exposição que pretende abordar essa vertente pouco conhecida e estudada da obra do artista, que habitualmente é mais identificado com a cerâmica decorativa e utilitária ou, noutra perspectiva, com o desenho e a crítica mordaz dos costumes da sociedade portuguesa de finais do século XIX.
Na via da escultura em barro, Bordalo Pinheiro modelou diversos bustos de personalidades como Eça de Queirós e o famoso médico Sousa Martins, mas também de alguns amigos e de diversas personagens anónimas de tipo popular, por vezes fruto de encomendas, outras de iniciativa pessoal.
A apresentação desta exposição recorreu à colecção do próprio museu, de onde foi seleccionado um grupo significativo de peças que desde 1985 não era mostrado em conjunto e apresenta várias versões do mesmo modelo de busto, estudos em barro, cartas manuscritas, fotografias e páginas litografadas das suas publicações, que testemunham o empenho do artista neste tipo de escultura, a partir de 1888.
A pequena exposição pode ser visitada de terça a domingo na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Bordalo Pinheiro, no Campo Grande, 382, em Lisboa, mas é sobretudo uma boa oportunidade para visitar o Museu Bordalo Pinheiro.
terça-feira, 26 de julho de 2011
Um herói brasileiro que nasceu no Chiado
Lisboa – Rua Garrett, nº 19
O grandioso incêndio acontecido em 25 de Agosto de 1988 no Chiado, devorou o edifício situado no princípio da rua Garrett, mas no seu 1º andar salvaram-se duas placas de bronze que, após o restauro do edifício, se conservam nos mesmos locais.
A primeira placa tem a seguinte inscrição:
NESTA CASA NO DIA 29-9-1804 NASCEU O ALMIRANTE FRANCISCO MANUEL BARROSO DA SILVA BARÃO DO AMAZONAS E HERÓI DA MARINHA DO BRASIL
A segunda placa foi colocada em 1965 e exibe a seguinte dedicatória:
AO ALMIRANTE BARROSO, GRATIDÃO DA MARINHA DO BRASIL
NO 1º CENTENÁRIO DA BATALHA DE RIACHUELO
O Almirante Barroso nasceu em Lisboa e foi para o Brasil em 1808 na comitiva da Família Real. Em 1821 ingressou na Academia de Marinha do Rio de Janeiro e em 1824, por força da nova Constituição brasileira, perdeu a nacionalidade portuguesa.
Serviu a Marinha do Brasil e em 1865 comandava a divisão naval que venceu as forças paraguaias na Batalha Naval de Riachuelo, durante a Guerra do Paraguai. Esta guerra é habitualmente considerada como o maior conflito armado ocorrido na América do Sul, tendo sido travada entre o Paraguai, que aspirava ter acesso ao mar, e a Tríplice Aliança, formada pelo Brasil, Argentina e Uruguai.
O Almirante Barroso é um dos maiores símbolos da Marinha brasileira e um dos heróis nacionais do Brasil.
O grandioso incêndio acontecido em 25 de Agosto de 1988 no Chiado, devorou o edifício situado no princípio da rua Garrett, mas no seu 1º andar salvaram-se duas placas de bronze que, após o restauro do edifício, se conservam nos mesmos locais.
A primeira placa tem a seguinte inscrição:
NESTA CASA NO DIA 29-9-1804 NASCEU O ALMIRANTE FRANCISCO MANUEL BARROSO DA SILVA BARÃO DO AMAZONAS E HERÓI DA MARINHA DO BRASIL
A segunda placa foi colocada em 1965 e exibe a seguinte dedicatória:
AO ALMIRANTE BARROSO, GRATIDÃO DA MARINHA DO BRASIL
NO 1º CENTENÁRIO DA BATALHA DE RIACHUELO
O Almirante Barroso nasceu em Lisboa e foi para o Brasil em 1808 na comitiva da Família Real. Em 1821 ingressou na Academia de Marinha do Rio de Janeiro e em 1824, por força da nova Constituição brasileira, perdeu a nacionalidade portuguesa.
Serviu a Marinha do Brasil e em 1865 comandava a divisão naval que venceu as forças paraguaias na Batalha Naval de Riachuelo, durante a Guerra do Paraguai. Esta guerra é habitualmente considerada como o maior conflito armado ocorrido na América do Sul, tendo sido travada entre o Paraguai, que aspirava ter acesso ao mar, e a Tríplice Aliança, formada pelo Brasil, Argentina e Uruguai.
O Almirante Barroso é um dos maiores símbolos da Marinha brasileira e um dos heróis nacionais do Brasil.
A herança portuguesa em Goa
O jornal Público iniciou ontem, dia 25 de Julho, a publicação de uma série de reportagens sobre a herança portuguesa em Goa, da autoria da jornalista Francisca Gorjão Henriques e do fotógrafo Miguel Manso.
O assunto é de grande interesse porque no contexto da herança cultural portuguesa no Oriente, nem Macau nem Timor, conseguem conservar uma marca tão forte, expressa através do património construído e da presença da língua portuguesa, como os antigos territórios do Estado Português da Índia, especialmente Goa e Damão.
No entanto, essa marca tende a esbater-se com o tempo, com a crescente globalização, com a indianização da sociedade goesa e com a ausência de uma política cultural de preservação da língua portuguesa, que seja mais objectiva e menos simbólica.
Estas reportagens do Público certamente que nos mostrarão a realidade socio-económica goesa e nos ajudarão a melhor compreender a sua vertente cultural e a forma como tem evoluído, mas também poderão abrir-nos algumas perspectivas no que respeita ao reforço dos laços culturais e, até económicos, entre Goa e Portugal.
A história comum de mais de quatro séculos justifica que as autoridades de ambas as partes se entendam em matérias de interesse mútuo e que reforcem a sua cooperação, até porque a marca portuguesa faz parte da identidade goesa, como sempre foi reconhecido.
O assunto é de grande interesse porque no contexto da herança cultural portuguesa no Oriente, nem Macau nem Timor, conseguem conservar uma marca tão forte, expressa através do património construído e da presença da língua portuguesa, como os antigos territórios do Estado Português da Índia, especialmente Goa e Damão.
No entanto, essa marca tende a esbater-se com o tempo, com a crescente globalização, com a indianização da sociedade goesa e com a ausência de uma política cultural de preservação da língua portuguesa, que seja mais objectiva e menos simbólica.
Estas reportagens do Público certamente que nos mostrarão a realidade socio-económica goesa e nos ajudarão a melhor compreender a sua vertente cultural e a forma como tem evoluído, mas também poderão abrir-nos algumas perspectivas no que respeita ao reforço dos laços culturais e, até económicos, entre Goa e Portugal.
A história comum de mais de quatro séculos justifica que as autoridades de ambas as partes se entendam em matérias de interesse mútuo e que reforcem a sua cooperação, até porque a marca portuguesa faz parte da identidade goesa, como sempre foi reconhecido.
domingo, 24 de julho de 2011
Um grande espectáculo televisivo
Terminou hoje a Volta à França de 2011. O grande espectáculo desportivo que se disputa desde 1903 e que, como nenhum outro, entusiasma os franceses até ao delírio, chegou-nos diariamente através de dois canais televisivos e de bons comentários.
Durante algumas dezenas de horas repartidas por 21 etapas, pudemos acompanhar os 3430 quilómetros da prova, etapa a etapa e quase metro a metro, graças a uma reportagem de excelência que só os modernos meios de reportagem possibilitam.
O Tour de France é um grande espectáculo desportivo de cor e movimento mas, nos últimos anos, transformou-se também num espectáculo televisivo, ao mostrar-nos as imagens aéreas dos mais belos cenários franceses, onde se incluem as altas montanhas alpinas e pirenaicas, as planícies e vales, as florestas, lagos e rios, mas também as cidades e as pequenas povoações alinhadas ao longo das estradas com os seus castelos, igrejas, palácios e pontes.
O Tour de France é, de facto, um grande espectáculo televisivo, mas no aspecto desportivo a corrida deste ano também foi muito disputada e teve um resultado incerto até ao fim.
Ganhou o australiano Cadel Evans, seguido pelos irmãos Schleck, do Luxemburgo.
Andy Schleck fez o 2º lugar pela terceira vez e o campeoníssimo Alberto Contador ficou-se pelo 5º lugar. O português Rui Costa ganhou a 8ª etapa mas terminou a prova em 90º lugar, enquanto o medalhado olímpico Sérgio Paulinho terminou em 81º lugar.
Porém, o que me fica na memória foi a excelência do espectáculo televisivo!
Durante algumas dezenas de horas repartidas por 21 etapas, pudemos acompanhar os 3430 quilómetros da prova, etapa a etapa e quase metro a metro, graças a uma reportagem de excelência que só os modernos meios de reportagem possibilitam.
O Tour de France é um grande espectáculo desportivo de cor e movimento mas, nos últimos anos, transformou-se também num espectáculo televisivo, ao mostrar-nos as imagens aéreas dos mais belos cenários franceses, onde se incluem as altas montanhas alpinas e pirenaicas, as planícies e vales, as florestas, lagos e rios, mas também as cidades e as pequenas povoações alinhadas ao longo das estradas com os seus castelos, igrejas, palácios e pontes.
O Tour de France é, de facto, um grande espectáculo televisivo, mas no aspecto desportivo a corrida deste ano também foi muito disputada e teve um resultado incerto até ao fim.
Ganhou o australiano Cadel Evans, seguido pelos irmãos Schleck, do Luxemburgo.
Andy Schleck fez o 2º lugar pela terceira vez e o campeoníssimo Alberto Contador ficou-se pelo 5º lugar. O português Rui Costa ganhou a 8ª etapa mas terminou a prova em 90º lugar, enquanto o medalhado olímpico Sérgio Paulinho terminou em 81º lugar.
Porém, o que me fica na memória foi a excelência do espectáculo televisivo!
Até na máquina fiscal há corrupção
Na sua edição de hoje, o Correio da Manhã trata de uma importante faceta da corrupção – a corrupção na máquina fiscal.
Há cerca de um mês, um ex-autarca do Porto denunciou na televisão e nos jornais, que o Parlamento tem sido o "centro de corrupção" em Portugal, mais parecendo "um verdadeiro escritório de representações, com membros da comissão de obras públicas que trabalham para construtores e da comissão de saúde que trabalham para laboratórios médicos”.
Perspectiva diversa tem um estudo promovido em 2010 pela Procuradoria-Geral da República, que conclui que quase 90% da corrupção em Portugal envolve os órgãos de poder local, sobretudo as câmaras e as empresas municipais.
Estas apreciações têm por base a corrupção como conceito jurídico.
Porém, a corrupção também é um conceito social e é com ele que nos confrontamos diariamente em Portugal. Assume inúmeras formas e vai desde a pequena cunha, do jeitinho e do tráfico de influências, até ao suborno, ao grande negócio e ao enriquecimento ilícito.
O Correio da Manhã revela-nos que até na máquina fiscal há corrupção, que vale milhões, na linha do que há dias afirmara a directora do DCIAP, ao dizer que a fraude fiscal em Portugal é assustadora. As práticas corruptas que o jornal denuncia resultam do facto de haver trabalhadores dos impostos que colaboram com escritórios de contabilidade, com escritórios de advogados e com empresas, sem respeito pelo seu código de conduta e sem que nada lhes aconteça.
Há que combater exemplarmente essas práticas que não podem ficar impunes. A corrupção em Portugal não é apenas um problema jurídico porque é, também, um problema de cultura cívica, que urge combater, tal como se fez com o analfabetismo ou com o tabagismo.
Há cerca de um mês, um ex-autarca do Porto denunciou na televisão e nos jornais, que o Parlamento tem sido o "centro de corrupção" em Portugal, mais parecendo "um verdadeiro escritório de representações, com membros da comissão de obras públicas que trabalham para construtores e da comissão de saúde que trabalham para laboratórios médicos”.
Perspectiva diversa tem um estudo promovido em 2010 pela Procuradoria-Geral da República, que conclui que quase 90% da corrupção em Portugal envolve os órgãos de poder local, sobretudo as câmaras e as empresas municipais.
Estas apreciações têm por base a corrupção como conceito jurídico.
Porém, a corrupção também é um conceito social e é com ele que nos confrontamos diariamente em Portugal. Assume inúmeras formas e vai desde a pequena cunha, do jeitinho e do tráfico de influências, até ao suborno, ao grande negócio e ao enriquecimento ilícito.
O Correio da Manhã revela-nos que até na máquina fiscal há corrupção, que vale milhões, na linha do que há dias afirmara a directora do DCIAP, ao dizer que a fraude fiscal em Portugal é assustadora. As práticas corruptas que o jornal denuncia resultam do facto de haver trabalhadores dos impostos que colaboram com escritórios de contabilidade, com escritórios de advogados e com empresas, sem respeito pelo seu código de conduta e sem que nada lhes aconteça.
Há que combater exemplarmente essas práticas que não podem ficar impunes. A corrupção em Portugal não é apenas um problema jurídico porque é, também, um problema de cultura cívica, que urge combater, tal como se fez com o analfabetismo ou com o tabagismo.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
A máscara caiu demasiado depressa!
Nos últimos meses e especialmente durante a campanha eleitoral das últimas semanas de Maio, algumas individualidades desdobraram-se em críticas, por vezes muito severas, relativamente ao Estado e à gestão pública. Fizeram-se todas as acusações ao Governo e ao Primeiro-Ministro que, por vezes, chegaram ao limiar do insulto e da calúnia.
O autoritário sargento Catroga prometia solenemente que “o Estado gordo paralelo que o PS criou com clientelas” ia acabar e que, nesse aspecto, “iam muito mais longe do que a troika”. Ganhou as eleições.
Passou um mês e meio desde as eleições e um mês apenas desde a tomada de posse do governo.
Pela primeira vez abordo aqui este tipo de questões, pois nem na campanha eleitoral, nem neste primeiro mês de governação entrei por esse polémico caminho da análise da luta pelo poder e das guerrilhas partidárias.
Mas hoje não resisto a comentar, porque a máscara caiu demasiado depressa!
O número de gestores da CGD vai aumentar, anuncia o jornal i. Um dos eleitos ostenta o título de doutor conferido pela 72ª universidade do mundo e tanto alinha com o PS de Guterres, como com o PSD de Pedro Passos Coelho. Alterna. O seu currículo mostra que tem saltado de tacho em tacho e que os acumula. Questão de competência, certamente. Agora consegue levar o seu Grupo Mello para a CGD. Talvez seja por causa da alienação nas áreas dos seguros, da saúde e das participações financeiras na PT, EDP, ZON e outras. O que pode levar um homem destes a deixar o Grupo Mello para se encostar à CGD? Estejamos atentos.
O autoritário sargento Catroga prometia solenemente que “o Estado gordo paralelo que o PS criou com clientelas” ia acabar e que, nesse aspecto, “iam muito mais longe do que a troika”. Ganhou as eleições.
Passou um mês e meio desde as eleições e um mês apenas desde a tomada de posse do governo.
Pela primeira vez abordo aqui este tipo de questões, pois nem na campanha eleitoral, nem neste primeiro mês de governação entrei por esse polémico caminho da análise da luta pelo poder e das guerrilhas partidárias.
Mas hoje não resisto a comentar, porque a máscara caiu demasiado depressa!
O número de gestores da CGD vai aumentar, anuncia o jornal i. Um dos eleitos ostenta o título de doutor conferido pela 72ª universidade do mundo e tanto alinha com o PS de Guterres, como com o PSD de Pedro Passos Coelho. Alterna. O seu currículo mostra que tem saltado de tacho em tacho e que os acumula. Questão de competência, certamente. Agora consegue levar o seu Grupo Mello para a CGD. Talvez seja por causa da alienação nas áreas dos seguros, da saúde e das participações financeiras na PT, EDP, ZON e outras. O que pode levar um homem destes a deixar o Grupo Mello para se encostar à CGD? Estejamos atentos.
A Europa respira de alívio
A cimeira extraordinária do Eurogrupo aprovou ontem um conjunto de medidas para travar a crise que ameaçava cada vez mais o euro e a própria União Europeia.
A imprensa europeia aplaude. Todos respiram de alívio porque, aparentemente, a Grécia foi salva da bancarrota, a Irlanda e Portugal aumentaram as hipóteses de sucesso dos seus programas de ajuda, a Espanha e a Itália viram os seus riscos de contágio atenuados e, finalmente, a coesão europeia e o euro saíram reforçados, pelo menos por alguns meses. A compreensão da situação pelo duo franco-alemão e a sua desistência de atitudes egoístas foram decisivas para ultrapassar a delicada situação.
A cimeira aprovou um novo pacote de ajuda para a Grécia com 109 mil milhões de euros, acordou a baixa dos juros a pagar pelos resgates financeiros da Grécia, Irlanda e Portugal e decidiu aumentar a maturidade desses empréstimos para 15 anos. Os líderes europeus terão percebido que a solução da crise das dívidas soberanas europeias passava pelo reforço e flexibilização do papel do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, tendo decidido nesse sentido e deixado no ar a ideia de um Fundo Monetário Europeu.
Mas o sucesso ou o insucesso desta cimeira vai ser determinado pela reacção interna nos Estados-membros, pelos resultados das políticas nacionais de ajustamento e, de uma forma mais imediata, pela reacção dos mercados nos próximos dias. Os primeiros sinais são muito positivos: os juros das dívidas públicas começaram a descer em todos os prazos, incluindo a tendência de agravamento dos juros da Espanha e Grécia – que era um problema quase tão preocupante como a dívida grega.
A confiança foi restabelecida, as cotações da Bolsa subiram e os Bancos estão agora menos expostos. Porém, a solução dos nossos problemas continua a passar pela redução do défice e pelo crescimento da economia, que cria emprego, que reforça a coesão social e permite pagar as dívidas.
A imprensa europeia aplaude. Todos respiram de alívio porque, aparentemente, a Grécia foi salva da bancarrota, a Irlanda e Portugal aumentaram as hipóteses de sucesso dos seus programas de ajuda, a Espanha e a Itália viram os seus riscos de contágio atenuados e, finalmente, a coesão europeia e o euro saíram reforçados, pelo menos por alguns meses. A compreensão da situação pelo duo franco-alemão e a sua desistência de atitudes egoístas foram decisivas para ultrapassar a delicada situação.
A cimeira aprovou um novo pacote de ajuda para a Grécia com 109 mil milhões de euros, acordou a baixa dos juros a pagar pelos resgates financeiros da Grécia, Irlanda e Portugal e decidiu aumentar a maturidade desses empréstimos para 15 anos. Os líderes europeus terão percebido que a solução da crise das dívidas soberanas europeias passava pelo reforço e flexibilização do papel do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, tendo decidido nesse sentido e deixado no ar a ideia de um Fundo Monetário Europeu.
Mas o sucesso ou o insucesso desta cimeira vai ser determinado pela reacção interna nos Estados-membros, pelos resultados das políticas nacionais de ajustamento e, de uma forma mais imediata, pela reacção dos mercados nos próximos dias. Os primeiros sinais são muito positivos: os juros das dívidas públicas começaram a descer em todos os prazos, incluindo a tendência de agravamento dos juros da Espanha e Grécia – que era um problema quase tão preocupante como a dívida grega.
A confiança foi restabelecida, as cotações da Bolsa subiram e os Bancos estão agora menos expostos. Porém, a solução dos nossos problemas continua a passar pela redução do défice e pelo crescimento da economia, que cria emprego, que reforça a coesão social e permite pagar as dívidas.
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quinta-feira, 21 de julho de 2011
Promiscuidades
Na sua edição de hoje, o Jornal de Notícias publica um estudo em que conclui que um terço dos nossos deputados se envolveu em negócios com o Estado.
De acordo com o jornal, só nesta legislatura haverá 45 deputados que são advogados e 23 deputados que são juristas, calculando-se que um quinto dos 230 membros da Assembleia da República seja sócio ou colabore com os grandes escritórios de advogados.
Muitos destes escritórios e muitos destes advogados prestam serviços de consultadoria e assessoria ao Estado, às regiões autónomas, às autarquias e a outras pessoas colectivas públicas mas, também, quando para tal são contratados, os seus serviços são prestados a privados contra o Estado e o interesse público.
Lamentavelmente, o cargo de deputado é, para alguns, um "emprego" seguro e bem remunerado que promove influências, proporciona negócios e gera fortuna e, quando cessam essas funções, ainda têm direito a um subsídio de reintegração.
O Bastonário da Ordem dos Advogados já reagiu contra esta situação de acumulação de funções porque “dá azo às piores suspeitas sobre a casa da democracia” e abre a porta a “promiscuidades” e à “degradação da democracia”, insurgindo-se ainda contra o “escândalo” de haver deputados que, enquanto advogados, patrocinam empresas privadas contra o Estado.
Assim sendo, esta forma de clientelismo e de promiscuidade entre interesses públicos e privados tem que ser denunciada e condenada, pois constitui um exemplo do pior que tem a nossa comunidade política e da sua ganância de se servir em vez de servir.
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De acordo com o jornal, só nesta legislatura haverá 45 deputados que são advogados e 23 deputados que são juristas, calculando-se que um quinto dos 230 membros da Assembleia da República seja sócio ou colabore com os grandes escritórios de advogados.
Muitos destes escritórios e muitos destes advogados prestam serviços de consultadoria e assessoria ao Estado, às regiões autónomas, às autarquias e a outras pessoas colectivas públicas mas, também, quando para tal são contratados, os seus serviços são prestados a privados contra o Estado e o interesse público.
Lamentavelmente, o cargo de deputado é, para alguns, um "emprego" seguro e bem remunerado que promove influências, proporciona negócios e gera fortuna e, quando cessam essas funções, ainda têm direito a um subsídio de reintegração.
O Bastonário da Ordem dos Advogados já reagiu contra esta situação de acumulação de funções porque “dá azo às piores suspeitas sobre a casa da democracia” e abre a porta a “promiscuidades” e à “degradação da democracia”, insurgindo-se ainda contra o “escândalo” de haver deputados que, enquanto advogados, patrocinam empresas privadas contra o Estado.
Assim sendo, esta forma de clientelismo e de promiscuidade entre interesses públicos e privados tem que ser denunciada e condenada, pois constitui um exemplo do pior que tem a nossa comunidade política e da sua ganância de se servir em vez de servir.
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quarta-feira, 20 de julho de 2011
O Festival ao Largo 2011
O Festival ao Largo 2011, que pela terceira vez se realiza em Lisboa no Largo de São Carlos, transforma aquele emblemático espaço público num palco de excelência ao ar livre, com 19 espectáculos de música sinfónica, coral e de dança, entre 30 de Junho e 31 de Julho.
Todos os espectáculos têm uma elevada qualidade artística e são apoiados pelo Turismo de Portugal e por outros patrocinadores, sendo a entrada gratuita.
No entanto, o espaço frontal ao palco acolhe apenas uns centos de lugares sentados, pelo que os espaços laterais, as escadarias próximas e as ruas que confluem no Largo de São Carlos ficam a transbordar de público que não consegue lugar sentado.
Ontem, realizou-se o 13º espectáculo em que actuou o Coro do Teatro Nacional de São Carlos e o agrado pela feliz actuação do Coro foi geral.
O Festival ao Largo está mais uma vez a cumprir os seus objectivos de fazer chegar a música erudita a todos, sem qualquer obstáculo a não ser... a falta de uma cadeira onde se possa desfrutar plena e comodamente do espectáculo. Além disso, o festival enriquece o ambiente cultural do Chiado que, nesta época, atrai muitos turistas.
Entretanto, o Festival ao Largo prossegue com espectáculos a apresentar pela Orquestra Sinfónica Portuguesa (22 e 23 de Julho) e pela Companhia Nacional de Bailado (27, 28, 30 e 31 de Julho), sempre às 22.00 horas.
Eu recomendo uma ida ao Largo de São Carlos, mas também recomendo que se vá muito cedo para disputar uma cadeira.
Todos os espectáculos têm uma elevada qualidade artística e são apoiados pelo Turismo de Portugal e por outros patrocinadores, sendo a entrada gratuita.
No entanto, o espaço frontal ao palco acolhe apenas uns centos de lugares sentados, pelo que os espaços laterais, as escadarias próximas e as ruas que confluem no Largo de São Carlos ficam a transbordar de público que não consegue lugar sentado.
Ontem, realizou-se o 13º espectáculo em que actuou o Coro do Teatro Nacional de São Carlos e o agrado pela feliz actuação do Coro foi geral.
O Festival ao Largo está mais uma vez a cumprir os seus objectivos de fazer chegar a música erudita a todos, sem qualquer obstáculo a não ser... a falta de uma cadeira onde se possa desfrutar plena e comodamente do espectáculo. Além disso, o festival enriquece o ambiente cultural do Chiado que, nesta época, atrai muitos turistas.
Entretanto, o Festival ao Largo prossegue com espectáculos a apresentar pela Orquestra Sinfónica Portuguesa (22 e 23 de Julho) e pela Companhia Nacional de Bailado (27, 28, 30 e 31 de Julho), sempre às 22.00 horas.
Eu recomendo uma ida ao Largo de São Carlos, mas também recomendo que se vá muito cedo para disputar uma cadeira.
Tsunami ou efeito das marés vivas?
Realiza-se amanhã um encontro de chefes de Estado e de Governo dos 17 países da moeda única para decidir sobre um segundo pacote de ajuda que evite a bancarrota da Grécia, debater a crise geral das dívidas soberanas e travar a ameaça de contágio à Espanha e à Itália.
Hoje, Merkel e Sarkozy jantam em Berlim para preparar essa cimeira, comportando-se como se tivessem um mandato para governar a Europa. A chanceler alemã tem baixado as expectativas em relação à cimeira e tem defendido que a solução dos problemas da zona euro deverá vir "de dentro" de cada país, através da redução das suas dívidas e do aumento da sua competitividade.
Porém, para além disso, também é urgente travar os riscos de contágio que ameaçam fazer ruir o euro e ter amplas implicações na economia mundial, pelo que o FMI já pediu rápidas soluções aos governos europeus.
Entretanto, a perturbação acentua-se sem soluções à vista para a crise grega, com os juros a dois anos a dispararem para perto da barreira inimaginável dos 40% e com a tensão social a agravar-se.
Em Espanha e na Itália instalam-se muitas dúvidas, como se o efeito dominó fosse inevitável, com os juros a disparar nas suas emissões de dívida e a haver jornais a anunciar que ambos os países estão à beira do colapso.
O governo português, que agora completa o seu primeiro mês de actividade, continua apostado no cumprimento do acordo firmado com as instituições internacionais, embora vá deixando no ar a ideia de um desvio [... ...] colossal, o que é muito estranho depois do detalhado escrutínio que foi feito nos últimos meses às contas nacionais por aquelas instituições.
Mas a situação é realmente muito complexa e poderemos estar à beira do caos financeiro europeu e, quem sabe, do fim do sonho de Jean Monnet, Konrad Adenauer e Robert Schuman.
Há quem afirme que “a sobrevivência do euro pode ser decidida esta semana”, Barroso afirma que "a situação é muito grave" e até há um eurodeputado português que vai mais longe e diz: “não pensem que o cenário de guerra na Europa está posto de lado”.
Estamos confrontados com um demolidor tsunami ou esta ondulação mais agitada é apenas o efeito de prematuras marés vivas equinociais?
Hoje, Merkel e Sarkozy jantam em Berlim para preparar essa cimeira, comportando-se como se tivessem um mandato para governar a Europa. A chanceler alemã tem baixado as expectativas em relação à cimeira e tem defendido que a solução dos problemas da zona euro deverá vir "de dentro" de cada país, através da redução das suas dívidas e do aumento da sua competitividade.
Porém, para além disso, também é urgente travar os riscos de contágio que ameaçam fazer ruir o euro e ter amplas implicações na economia mundial, pelo que o FMI já pediu rápidas soluções aos governos europeus.
Entretanto, a perturbação acentua-se sem soluções à vista para a crise grega, com os juros a dois anos a dispararem para perto da barreira inimaginável dos 40% e com a tensão social a agravar-se.
Em Espanha e na Itália instalam-se muitas dúvidas, como se o efeito dominó fosse inevitável, com os juros a disparar nas suas emissões de dívida e a haver jornais a anunciar que ambos os países estão à beira do colapso.
O governo português, que agora completa o seu primeiro mês de actividade, continua apostado no cumprimento do acordo firmado com as instituições internacionais, embora vá deixando no ar a ideia de um desvio [... ...] colossal, o que é muito estranho depois do detalhado escrutínio que foi feito nos últimos meses às contas nacionais por aquelas instituições.
Mas a situação é realmente muito complexa e poderemos estar à beira do caos financeiro europeu e, quem sabe, do fim do sonho de Jean Monnet, Konrad Adenauer e Robert Schuman.
Há quem afirme que “a sobrevivência do euro pode ser decidida esta semana”, Barroso afirma que "a situação é muito grave" e até há um eurodeputado português que vai mais longe e diz: “não pensem que o cenário de guerra na Europa está posto de lado”.
Estamos confrontados com um demolidor tsunami ou esta ondulação mais agitada é apenas o efeito de prematuras marés vivas equinociais?
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terça-feira, 19 de julho de 2011
As ruas floridas do Redondo
A vila alentejana de Redondo volta a realizar este ano as suas festas “Ruas Floridas”, um evento de arte popular de grande beleza estética, que decorrerá entre os dias 30 de Julho e 7 de Agosto.
Espera-se que sejam enfeitadas 35 ruas da vila, com flores e figuras de papel colorido, com temas escolhidos pelos moradores e mantidos em segredo até ao início da festa, para despertar sentimentos de competição e para estimular a imaginação e a criatividade.
Os moradores estão desde Outubro de 2010 a dedicar muitas horas do seu tempo livre à preparação dos enfeites, trabalhando sobre motivos de diferente natureza, desde os etnográficos e florais, até às histórias imaginárias ou exóticas.
A autarquia do Redondo suporta os encargos com o papel, cartão, cola e outros materiais necessários para a ornamentação das ruas, prevendo-se um custo total de cerca de 200 mil euros.
Os registos mais antigos indicam que a ornamentação das ruas do Redondo terá sido iniciada em 1838, mas a iniciativa não terá durado muitos anos. Depois de um longo interregno, há 18 anos a autarquia do Redondo retomou a realização das festas da vila, tendo as “Ruas Floridas” passado a ter carácter bienal a partir de 1998.
Estive lá em 2007 e 2009 e lá voltarei este ano.
Para quem nunca viu, é imperdível visitar o Redondo nessa semana.
Espera-se que sejam enfeitadas 35 ruas da vila, com flores e figuras de papel colorido, com temas escolhidos pelos moradores e mantidos em segredo até ao início da festa, para despertar sentimentos de competição e para estimular a imaginação e a criatividade.
Os moradores estão desde Outubro de 2010 a dedicar muitas horas do seu tempo livre à preparação dos enfeites, trabalhando sobre motivos de diferente natureza, desde os etnográficos e florais, até às histórias imaginárias ou exóticas.
A autarquia do Redondo suporta os encargos com o papel, cartão, cola e outros materiais necessários para a ornamentação das ruas, prevendo-se um custo total de cerca de 200 mil euros.
Os registos mais antigos indicam que a ornamentação das ruas do Redondo terá sido iniciada em 1838, mas a iniciativa não terá durado muitos anos. Depois de um longo interregno, há 18 anos a autarquia do Redondo retomou a realização das festas da vila, tendo as “Ruas Floridas” passado a ter carácter bienal a partir de 1998.
Estive lá em 2007 e 2009 e lá voltarei este ano.
Para quem nunca viu, é imperdível visitar o Redondo nessa semana.
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segunda-feira, 18 de julho de 2011
Uma publicidade bem triste!
Numa época em que é evidente uma retracção dos investimentos publicitários, a Água da Serra da Estrela avançou para uma alargada campanha que mantém o conceito já antes utilizado: “Do que a Serra tem de melhor”.
A Água Serra da Estrela é um produto do grupo Sumol+Compal, SA e, naturalmente, a campanha foi decidida por gestores experientes e sabedores, o que significa que foi norteada por objectivos claros e está inserida em estratégias comerciais que visam atrair novos consumidores ou a intensificação do consumo dos seus actuais clientes.
Eu simpatizo muito com o Programa de Reflorestação das Serras de Portugal que a Água da Serra da Estrela tem desenvolvido, em articulação com o Instituto de Conservação da Natureza, e que já promoveu a plantação de mais de um milhão de árvores em Portugal.
No entanto, com este tipo de anúncio, que é tão pouco sugestivo e que nem sequer cumpre a regra primeira da publicidade – chamar a atenção –, creio que a avaliação custo/benefício que vier a ser feita dos resultados dessa campanha, será muito desoladora.
Eça de Queirós escreveu “Uma campanha alegre”, mas esta é uma campanha triste!
A Água Serra da Estrela é um produto do grupo Sumol+Compal, SA e, naturalmente, a campanha foi decidida por gestores experientes e sabedores, o que significa que foi norteada por objectivos claros e está inserida em estratégias comerciais que visam atrair novos consumidores ou a intensificação do consumo dos seus actuais clientes.
Eu simpatizo muito com o Programa de Reflorestação das Serras de Portugal que a Água da Serra da Estrela tem desenvolvido, em articulação com o Instituto de Conservação da Natureza, e que já promoveu a plantação de mais de um milhão de árvores em Portugal.
No entanto, com este tipo de anúncio, que é tão pouco sugestivo e que nem sequer cumpre a regra primeira da publicidade – chamar a atenção –, creio que a avaliação custo/benefício que vier a ser feita dos resultados dessa campanha, será muito desoladora.
Eça de Queirós escreveu “Uma campanha alegre”, mas esta é uma campanha triste!
sábado, 16 de julho de 2011
Snoopy Parade Lisboa
A recém-remodelada Avenida Duque de Ávila, em Lisboa, acolhe desde ontem a “Snoopy Parade Lisboa”, uma instalação de arte urbana composta por 20 estátuas do "Snoopy", uma conhecida personagem de banda desenhada.
As estátuas com 2,60 m de altura foram expressamente pintadas e decoradas por vários artistas plásticos, pintores e outros autores mais ou menos conhecidos.
A Snoopy Parade estará exposta até ao dia 15 de Agosto e, depois, será apresentada em espaço coberto durante mais um mês. Durante esse período as peças poderão ser apreciadas por todos os interessados e, em Outubro, poderão ser licitadas em leilão.
Os fundos obtidos revertem na sua totalidade para o financiamento de uma causa solidária, que é programa “Escolas para África”, desenvolvido em conjunto pela UNICEF, Nelson Mandela Foundation e Hamburg Society, com o objectivo de assegurar o acesso equitativo das crianças a uma educação básica de qualidade em 11 países africanos.
A Snoopy Parade enquadra-se perfeitamente no “novo” espaço pedonal e de lazer da Avenida Duque de Ávila e, em conjunto com as suas esplanadas e com as árvores, dá um ar mais moderno à cidade.
Uma boa iniciatica para aliviar as tensões do quotidiano.
As estátuas com 2,60 m de altura foram expressamente pintadas e decoradas por vários artistas plásticos, pintores e outros autores mais ou menos conhecidos.
A Snoopy Parade estará exposta até ao dia 15 de Agosto e, depois, será apresentada em espaço coberto durante mais um mês. Durante esse período as peças poderão ser apreciadas por todos os interessados e, em Outubro, poderão ser licitadas em leilão.
Os fundos obtidos revertem na sua totalidade para o financiamento de uma causa solidária, que é programa “Escolas para África”, desenvolvido em conjunto pela UNICEF, Nelson Mandela Foundation e Hamburg Society, com o objectivo de assegurar o acesso equitativo das crianças a uma educação básica de qualidade em 11 países africanos.
A Snoopy Parade enquadra-se perfeitamente no “novo” espaço pedonal e de lazer da Avenida Duque de Ávila e, em conjunto com as suas esplanadas e com as árvores, dá um ar mais moderno à cidade.
Uma boa iniciatica para aliviar as tensões do quotidiano.
Carta para Barack Obama
Decidi escrever uma carta a Barack Obama, a propósito das suas declarações de ontem, em que afirmou:
“Não somos a Grécia. Não somos Portugal”.
Dear Mr. President
I got used to the nonsense of your predecessor. George W. Bush was a real example of ignorance and stupidity.
You are savvier and you know that United States is not Greece or Portugal. You know about Geography! This is an advantage that you have in relation to Mr. Bush. Therefore, certainly you should know that Greece was the cradle of our civilization and Portugal was the pioneer of the world’s discovery and of the encounter of cultures. Its contribution to the development of Mankind has been enormous.
Today these countries are struggling? Yes, but they are not alone.
The pioneer of space exploration and the world's largest economy, is also struggling and has a public debt and a budget deficit larger than we have in Portugal.
I hope your perspective as a leader of a powerful and new-rich country exceeds your own difficulties and that you may have no more subprime or Lehman Brothers crises, both an American creation.
Above all, please do not compare your country to Greece or Portugal, who both have centuries of history and culture.
I got used to the nonsense of your predecessor. George W. Bush was a real example of ignorance and stupidity.
You are savvier and you know that United States is not Greece or Portugal. You know about Geography! This is an advantage that you have in relation to Mr. Bush. Therefore, certainly you should know that Greece was the cradle of our civilization and Portugal was the pioneer of the world’s discovery and of the encounter of cultures. Its contribution to the development of Mankind has been enormous.
Today these countries are struggling? Yes, but they are not alone.
The pioneer of space exploration and the world's largest economy, is also struggling and has a public debt and a budget deficit larger than we have in Portugal.
I hope your perspective as a leader of a powerful and new-rich country exceeds your own difficulties and that you may have no more subprime or Lehman Brothers crises, both an American creation.
Above all, please do not compare your country to Greece or Portugal, who both have centuries of history and culture.
My best wishes to Mrs. Obama and you.
Entretanto, o embaixador dos Estados Unidos em Portugal veio hoje "em socorro" de Barack Obama, sublinhando que o governo norte-americano “aplaude as medidas” que estão a ser tomadas pelo governo português face a uma “situação difícil”. Voltamos ao tempo das "gaffes" de tipo Bush?
E as nossas autoridades ficam caladas?
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sexta-feira, 15 de julho de 2011
Grandes naus, grandes tormentas
O Ministério da Justiça tem 15 mil viaturas e 1100 imóveis, pagando anualmente 38 milhões de euros de rendas, segundo foi noticiado pela Agência Lusa com base em revelações do secretário de Estado da Administração Patrimonial e Equipamentos do Ministério da Justiça. Estranhamente, a imprensa não desenvolveu esta notícia do dia 13 de Julho e, com o seu silêncio, dá um implícito apoio ao não esclarecimento deste anúncio.
O governante informou, ainda, que aquele ministério tem 27 mil funcionários, 30 mil computadores e um orçamento que ronda os 1400 milhões de euros. São números verdadeiramente assustadores, até porque correspondem à manutenção da importante função social da justiça, que é lenta e cara ou, como por vezes se afirma, não funciona. Além disso, no contexto destes assustadores números, era desejável saber-se quanto nos custa a pequena élite de funcionários que, através de mordomias e privilégios, parece estar acima dos seus deveres de prestação de serviço público.
E fica a dúvida. Como será nas grandes naus, que é o caso dos Ministérios da Saúde, da Educação e do Trabalho e Solidariedade Social, cujos orçamentos são, pelo menos, cinco vezes maiores do que o do Ministério da Justiça?
São estes monstros criados ao longo dos anos que nos afundam. São eles que arrasam a nossa política orçamental e a nossa economia, mas também a possibilidade de sermos mais ricos e mais equitativos na distribuição da riqueza. Por isso, é necessário e urgente adoptar uma maior racionalidade financeira e uma melhor gestão destas naus, devendo os seus dirigentes ser responsabilizados pelas opções gravosas que tomarem relativamente à boa gestão dos recursos escassos que temos.
O governante informou, ainda, que aquele ministério tem 27 mil funcionários, 30 mil computadores e um orçamento que ronda os 1400 milhões de euros. São números verdadeiramente assustadores, até porque correspondem à manutenção da importante função social da justiça, que é lenta e cara ou, como por vezes se afirma, não funciona. Além disso, no contexto destes assustadores números, era desejável saber-se quanto nos custa a pequena élite de funcionários que, através de mordomias e privilégios, parece estar acima dos seus deveres de prestação de serviço público.
E fica a dúvida. Como será nas grandes naus, que é o caso dos Ministérios da Saúde, da Educação e do Trabalho e Solidariedade Social, cujos orçamentos são, pelo menos, cinco vezes maiores do que o do Ministério da Justiça?
São estes monstros criados ao longo dos anos que nos afundam. São eles que arrasam a nossa política orçamental e a nossa economia, mas também a possibilidade de sermos mais ricos e mais equitativos na distribuição da riqueza. Por isso, é necessário e urgente adoptar uma maior racionalidade financeira e uma melhor gestão destas naus, devendo os seus dirigentes ser responsabilizados pelas opções gravosas que tomarem relativamente à boa gestão dos recursos escassos que temos.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Euroconfusão
Há realmente uma grande confusão na Europa e os sinais da tempestade aumentam.
A Grécia está no centro desta intempérie, sem dar sinais de inverter os seus desempenhos financeiros e sem mostrar os consensos sociais mínimos para travar a crise. A agência Fitch classificou a sua dívida abaixo de lixo e avisa o mundo sobre os riscos de insolvência.
O FMI pressiona a Europa para que encontre uma solução rápida para a crise grega, mas a Alemanha bloqueia a cimeira proposta por Van Rompuy e os membros da Zona Euro não conseguem chegar a um acordo quanto a um novo plano de ajuda.
Na Irlanda e em Portugal, as respectivas dívidas foram classificadas pela agência Moody’s como lixo, apesar de estarem em curso programas de ajustamento/austeridade sobre a supervisão da EU, BCE e FMI.
As dívidas da Itália e da Espanha estão à mercê dos mercados e pagam juros recorde. Se a Espanha já está em austeridade há muitos meses, a Itália reage agora com um plano de austeridade avaliado em 79 mil milhões de euros, que congela pensões e privatiza empresas.
A Bélgica e a França não estão sossegadas.
É a euroconfusão e fala-se cada vez mais na agonia do Euro.
Entretanto, também os Estados Unidos, com a sua gigantesca dívida de 14 triliões de dolares (100% do PIB), estão na iminência de uma calamidade financeira e esse é um dado novo e inesperado.
Quem é que percebe isto?
A Grécia está no centro desta intempérie, sem dar sinais de inverter os seus desempenhos financeiros e sem mostrar os consensos sociais mínimos para travar a crise. A agência Fitch classificou a sua dívida abaixo de lixo e avisa o mundo sobre os riscos de insolvência.
O FMI pressiona a Europa para que encontre uma solução rápida para a crise grega, mas a Alemanha bloqueia a cimeira proposta por Van Rompuy e os membros da Zona Euro não conseguem chegar a um acordo quanto a um novo plano de ajuda.
Na Irlanda e em Portugal, as respectivas dívidas foram classificadas pela agência Moody’s como lixo, apesar de estarem em curso programas de ajustamento/austeridade sobre a supervisão da EU, BCE e FMI.
As dívidas da Itália e da Espanha estão à mercê dos mercados e pagam juros recorde. Se a Espanha já está em austeridade há muitos meses, a Itália reage agora com um plano de austeridade avaliado em 79 mil milhões de euros, que congela pensões e privatiza empresas.
A Bélgica e a França não estão sossegadas.
É a euroconfusão e fala-se cada vez mais na agonia do Euro.
Entretanto, também os Estados Unidos, com a sua gigantesca dívida de 14 triliões de dolares (100% do PIB), estão na iminência de uma calamidade financeira e esse é um dado novo e inesperado.
Quem é que percebe isto?
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quarta-feira, 13 de julho de 2011
Itália e Espanha na mira da especulação
A tempestade europeia não se atenua e a Grécia (défice=10,5% e dívida pública=142,8%) continua a ser a principal preocupação no actual contexto financeiro europeu e com riscos de incumprimento, mas não está isolada.
Recentemente, a Moody’s baixou o rating de Portugal (défice=9,1 % e dívida pública=93,0%) e, ontem, também baixou o da Irlanda (défice=32,4 % e dívida pública=96,2%), que viram ambos o seu rating entrar na categoria de lixo. Significa que as agências de rating não desistem dos seus ataques às economias periféricas e à moeda única e, dessa forma, perturbam gravemente as hipóteses de recuperação económica e financeira desses países.
Agora, os especuladores parece que alargaram os seus desígnios e os seus mercados apontaram para a Itália e a Espanha, a terceira e a quarta economias da Zona Euro. O diário El Pais refere-se hoje ao ataque à Espanha (défice=9,2 % e dívida pública=60,1%) e à Itália (défice=4,6 % e dívida pública=119,0%), que viram os juros das suas dívidas disparar nos prazos mais curtos e registar um novo máximo, desde que existe a moeda única europeia.
Na passada 2ª feira o alarme soou forte e deu origem a reuniões de emergência, no sentido de reagir, de evitar contágios e de anular as hipóteses de efeito dominó.
No entanto, o esse pânico teve a vantagem de deixar claro que não há soluções nacionais para a crise e que só existe uma solução global europeia. Para quem temia que a Grécia e Portugal pudessem cair num cenário de expulsão da Zona Euro, o ataque à Itália e à Espanha desanuviou algumas nuvens negras e mostrou que, por aqui, tem havido muita gente a falar demais apenas por interesses partidários.
Recentemente, a Moody’s baixou o rating de Portugal (défice=9,1 % e dívida pública=93,0%) e, ontem, também baixou o da Irlanda (défice=32,4 % e dívida pública=96,2%), que viram ambos o seu rating entrar na categoria de lixo. Significa que as agências de rating não desistem dos seus ataques às economias periféricas e à moeda única e, dessa forma, perturbam gravemente as hipóteses de recuperação económica e financeira desses países.
Agora, os especuladores parece que alargaram os seus desígnios e os seus mercados apontaram para a Itália e a Espanha, a terceira e a quarta economias da Zona Euro. O diário El Pais refere-se hoje ao ataque à Espanha (défice=9,2 % e dívida pública=60,1%) e à Itália (défice=4,6 % e dívida pública=119,0%), que viram os juros das suas dívidas disparar nos prazos mais curtos e registar um novo máximo, desde que existe a moeda única europeia.
Na passada 2ª feira o alarme soou forte e deu origem a reuniões de emergência, no sentido de reagir, de evitar contágios e de anular as hipóteses de efeito dominó.
No entanto, o esse pânico teve a vantagem de deixar claro que não há soluções nacionais para a crise e que só existe uma solução global europeia. Para quem temia que a Grécia e Portugal pudessem cair num cenário de expulsão da Zona Euro, o ataque à Itália e à Espanha desanuviou algumas nuvens negras e mostrou que, por aqui, tem havido muita gente a falar demais apenas por interesses partidários.
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domingo, 10 de julho de 2011
Uma inesperada coesão nacional
Depois do que por cá disseram Cavaco Silva, Alberto João Jardim, António Costa, Rui Rio, os sindicatos e os patrões, os banqueiros e os políticos e tantos comentadores, mas também o que lá por fora disseram Trichet, Juncker, Van Rompuy, Barroso e Lagarde, escondo-me na minha pequenez para não emitir opinião sobre a decisão da Moody’s de baixar o rating da dívida soberana portuguesa e, por arrastamento, das regiões autónomas, das grandes autarquias e das maiores empresas.
Trata-se de um “murro no estômago” e agora tudo se torna mais difícil para dominar a crise, apesar daquela decisão ter gerado um inesperado e raro momento de unidade nacional na sociedade portuguesa. Em 1890 foram os ingleses que nos humilharam com o famoso ultimato, agora é uma empresa privada americana - a Moody’s - que nos castiga severamente ao classificar as nossas dívidas como lixo e ao considerar muito elevada a probabilidade de incumprimento. Porém, nesses apertos, a história mostra-nos que costumamos reagir. Poucas vezes temos assistido a tão unânimes reacções de repúdio e de coesão nacional e, por isso, esta nova situação até pode ter efeitos positivos, porque o BCE, a EU e o FMI também reagiram com prontidão e ficou agora mais claro que são a moeda única e a unidade europeia que estão em causa. De facto, eles não desistem de provocar o efeito dominó na Zona Euro!
No entanto, a superação da nossa crise não depende apenas da evolução do ambiente externo e muito menos da visão da Moody’s, pois passa sobretudo pela correcção estrutural da nossa falsa prosperidade e da muita ganância havidas nas últimas duas décadas, através de soluções endógenas: mais inovação, mais trabalho, mais poupança, mais organização e mais consumo de produtos portugueses. Se assim fizermos, a Moody's deixará de ladrar.
Trata-se de um “murro no estômago” e agora tudo se torna mais difícil para dominar a crise, apesar daquela decisão ter gerado um inesperado e raro momento de unidade nacional na sociedade portuguesa. Em 1890 foram os ingleses que nos humilharam com o famoso ultimato, agora é uma empresa privada americana - a Moody’s - que nos castiga severamente ao classificar as nossas dívidas como lixo e ao considerar muito elevada a probabilidade de incumprimento. Porém, nesses apertos, a história mostra-nos que costumamos reagir. Poucas vezes temos assistido a tão unânimes reacções de repúdio e de coesão nacional e, por isso, esta nova situação até pode ter efeitos positivos, porque o BCE, a EU e o FMI também reagiram com prontidão e ficou agora mais claro que são a moeda única e a unidade europeia que estão em causa. De facto, eles não desistem de provocar o efeito dominó na Zona Euro!
No entanto, a superação da nossa crise não depende apenas da evolução do ambiente externo e muito menos da visão da Moody’s, pois passa sobretudo pela correcção estrutural da nossa falsa prosperidade e da muita ganância havidas nas últimas duas décadas, através de soluções endógenas: mais inovação, mais trabalho, mais poupança, mais organização e mais consumo de produtos portugueses. Se assim fizermos, a Moody's deixará de ladrar.
O saco de dinheiro que se rompeu
O Correio da Manhã revela na sua edição de hoje o parecer do Tribunal de Contas sobre a Conta Geral do Estado de 2009.
Segundo informa essa notícia, o Estado pagou indevidamente nesse ano mais de 531 milhões de euros em prestações sociais, designadamente em Subsídio de Desemprego/Subsídio Social de Desemprego (181 milhões) e Rendimento Social de Inserção (81 milhões), mas também em subsídios de doença (69 milhões), pensões (49 milhões), subsídio familiar/abono de família (45 milhões), complementos por deficiência (8,9 milhões), complementos sociais (7,2 milhões) e subsídios de maternidade (5, 7 milhões).
No parecer é reconhecido que os beneficiários desses apoios sociais não irão devolver cerca de 462 milhões desse montante e que, por isso, já são considerados incobráveis. Estima-se que o total de encargos da Segurança Social com pensões seja da ordem dos 14 mil milhões de euros e, nesse caso, os pagamentos indevidos detectados pelo Tribunal de Contas correspondem a cerca de 3,8% daquele montante. Se em termos percentuais este desvio não é, aparentemente, muito significativo, já em termos absolutos é demasiado elevado e revelador de desleixo, má gestão e generalizadas práticas corruptas.
Parece que em 2009 o saco do dinheiro se rompeu sem que ninguém notasse, mas provavelmente o saco já estava roto há muitos anos e a servir os amiguismos, os porreirismos e os clientelismos, gerando vícios de difícil correcção e a acumulação de dívidas de difícil amortização.
Segundo informa essa notícia, o Estado pagou indevidamente nesse ano mais de 531 milhões de euros em prestações sociais, designadamente em Subsídio de Desemprego/Subsídio Social de Desemprego (181 milhões) e Rendimento Social de Inserção (81 milhões), mas também em subsídios de doença (69 milhões), pensões (49 milhões), subsídio familiar/abono de família (45 milhões), complementos por deficiência (8,9 milhões), complementos sociais (7,2 milhões) e subsídios de maternidade (5, 7 milhões).
No parecer é reconhecido que os beneficiários desses apoios sociais não irão devolver cerca de 462 milhões desse montante e que, por isso, já são considerados incobráveis. Estima-se que o total de encargos da Segurança Social com pensões seja da ordem dos 14 mil milhões de euros e, nesse caso, os pagamentos indevidos detectados pelo Tribunal de Contas correspondem a cerca de 3,8% daquele montante. Se em termos percentuais este desvio não é, aparentemente, muito significativo, já em termos absolutos é demasiado elevado e revelador de desleixo, má gestão e generalizadas práticas corruptas.
Parece que em 2009 o saco do dinheiro se rompeu sem que ninguém notasse, mas provavelmente o saco já estava roto há muitos anos e a servir os amiguismos, os porreirismos e os clientelismos, gerando vícios de difícil correcção e a acumulação de dívidas de difícil amortização.
sábado, 9 de julho de 2011
O fado como inspiração das Artes
No Pátio da Galé em Lisboa está patente ao público a exposição Ecos do Fado na Arte Portuguesa Séculos XIX-XX, que se enquadra na promoção da candidatura do Fado a Património Cultural Imaterial da Humanidade. O Pátio da Galé é um espaço polivalente que foi recentemente renovado no âmbito da requalificação do Terreiro do Paço, constituindo uma nova centralidade cultural para a cidade e para a atracção de turistas, com os seus restaurantes, esplanadas, gelataria, posto de turismo, loja de produtos portugueses e espaços para eventos e exposições.
A exposição está instalada na Sala do Risco, que é acessível pela porta 21 da rua do Arsenal, junto da Praça do Município, exibindo obras de Almada Negreiros, Roque Gameiro, Columbano, Amadeo de Souza-Cardoso, Júlio Pomar, Paula Rego, Joana Vasconcelos, Graça Morais e, mais simbolicamente, o “Fado”, o quadro de José Malhoa que retrata a famosa Severa.
O espaço expositivo está muito bem ocupado pela pintura e pelo desenho, mas também por outro tipo de obras, como as tapeçarias de Estremoz que reproduzem a “Nau Catrineta”, uma pintura mural de Almada Negreiros existente na Gare Marítima de Alcântara, a instalação de 2004 de João Pedro Vale intitulada “Barco Negro” e o exuberante “Coração Independente”, uma criação de Joana Vasconcelos.
A voz de Amália Rodrigues cria um ambiente de excelência à exposição que reúne 128 peças de diversas origens e pode (e deve) ser visitada até ao dia 17 de Setembro, entre as 10:00 e as 19:00 horas, todos os dias da semana.
A exposição está instalada na Sala do Risco, que é acessível pela porta 21 da rua do Arsenal, junto da Praça do Município, exibindo obras de Almada Negreiros, Roque Gameiro, Columbano, Amadeo de Souza-Cardoso, Júlio Pomar, Paula Rego, Joana Vasconcelos, Graça Morais e, mais simbolicamente, o “Fado”, o quadro de José Malhoa que retrata a famosa Severa.
O espaço expositivo está muito bem ocupado pela pintura e pelo desenho, mas também por outro tipo de obras, como as tapeçarias de Estremoz que reproduzem a “Nau Catrineta”, uma pintura mural de Almada Negreiros existente na Gare Marítima de Alcântara, a instalação de 2004 de João Pedro Vale intitulada “Barco Negro” e o exuberante “Coração Independente”, uma criação de Joana Vasconcelos.
A voz de Amália Rodrigues cria um ambiente de excelência à exposição que reúne 128 peças de diversas origens e pode (e deve) ser visitada até ao dia 17 de Setembro, entre as 10:00 e as 19:00 horas, todos os dias da semana.
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sexta-feira, 8 de julho de 2011
O estranho mundo do futebol
O futebol é uma paixão, mas também é um negócio que movimenta muito dinheiro, através de transferências milionárias de jogadores e de treinadores. O tradicional “amor à camisola” perdeu-se e o mundo do futebol está cada vez mais dependente de engenharias financeiras e de interesses obscuros, que por vezes encobrem certo tipo de práticas criminosas, como a lavagem de dinheiro e a fraude fiscal.
Entretanto, a crise parece ter chegado a todo o lado, menos ao futebol. Em finais de 2010 o Jornal de Notícias anunciou que os clubes que integram as Ligas Profissionais de Futebol portuguesas tinham 816 milhões de euros de passivo e que os campeões da dívida eram o Benfica (398,8 milhões), o Sporting (172 milhões) e o F. C. Porto (157,5 milhões) que, em conjunto, representavam cerca de 90% da totalidade das dívidas dos clubes portugueses.
Entretanto, só nesses três clubes de futebol, os recentes negócios relativos às transferências de jogadores valeram 90 milhões de euros e, ao aeroporto de Lisboa, continuam a chegar os Enzo Pérez, os Garay, os Kléber e os Bojinov, além dos Nolitos, dos Iturbes e dos Witsel.
Com os tempos difíceis que se aproximam, prevê-se menos público nos estádios, menos merchandising, menos direitos televisivos e maiores dificuldades de crédito bancário para solucionar os crónicos défices de tesouraria, o que parece antecipar muitos problemas.
É neste quadro que, para os seus estágios, o Benfica escolheu a Suiça, o F.C. Porto a Alemanha e o Sporting a Holanda.
O futebol é realmente um espectáculo extraordinário, mas o mundo do futebol é muito estranho!
Entretanto, a crise parece ter chegado a todo o lado, menos ao futebol. Em finais de 2010 o Jornal de Notícias anunciou que os clubes que integram as Ligas Profissionais de Futebol portuguesas tinham 816 milhões de euros de passivo e que os campeões da dívida eram o Benfica (398,8 milhões), o Sporting (172 milhões) e o F. C. Porto (157,5 milhões) que, em conjunto, representavam cerca de 90% da totalidade das dívidas dos clubes portugueses.
Entretanto, só nesses três clubes de futebol, os recentes negócios relativos às transferências de jogadores valeram 90 milhões de euros e, ao aeroporto de Lisboa, continuam a chegar os Enzo Pérez, os Garay, os Kléber e os Bojinov, além dos Nolitos, dos Iturbes e dos Witsel.
Com os tempos difíceis que se aproximam, prevê-se menos público nos estádios, menos merchandising, menos direitos televisivos e maiores dificuldades de crédito bancário para solucionar os crónicos défices de tesouraria, o que parece antecipar muitos problemas.
É neste quadro que, para os seus estágios, o Benfica escolheu a Suiça, o F.C. Porto a Alemanha e o Sporting a Holanda.
O futebol é realmente um espectáculo extraordinário, mas o mundo do futebol é muito estranho!
quarta-feira, 6 de julho de 2011
As noites de fado em Goa
No próximo mês de Dezembro completam-se cinquenta anos sobre os acontecimentos que levaram à ocupação dos territórios de Goa, Damão e Diu pelas tropas da União Indiana.
Desde então, embora de forma não assumida, as autoridades indianas e, depois da constituição do Estado de Goa, as autoridades goesas, sempre procuraram a desportugalização do território e, na realidade, a língua e a cultura portuguesas têm perdido alguma importância na sociedade goesa. No entanto, há interesses de ordem diversa – identitários, culturais e emocionais – e, sobretudo, interesses turísticos, que persistem na preservação da herança cultural portuguesa.
Com cerca de dois milhões e meio de turistas que anualmente visitam Goa, a marca portuguesa tornou-se mais valiosa: cerca de 90% dos turistas são indianos que procuram a “Europa da Índia”, enquanto os restantes 10% são estrangeiros que procuram as praias e a “exótica simbiose luso-indiana”, que Goa oferece.
Por isso, o turismo apoia-se fortemente na herança cultural portuguesa. Um dos casos mais curiosos da preservação da memória portuguesa em Goa refere-se ao Hotel Cidade de Goa e ao seu Restaurante Alfama, onde regularmente há noites de fado, apresentadas por intérpretes goeses de grande talento. Assim vai acontecer, uma vez mais, no próximo dia 12 de Julho.
Desde então, embora de forma não assumida, as autoridades indianas e, depois da constituição do Estado de Goa, as autoridades goesas, sempre procuraram a desportugalização do território e, na realidade, a língua e a cultura portuguesas têm perdido alguma importância na sociedade goesa. No entanto, há interesses de ordem diversa – identitários, culturais e emocionais – e, sobretudo, interesses turísticos, que persistem na preservação da herança cultural portuguesa.
Com cerca de dois milhões e meio de turistas que anualmente visitam Goa, a marca portuguesa tornou-se mais valiosa: cerca de 90% dos turistas são indianos que procuram a “Europa da Índia”, enquanto os restantes 10% são estrangeiros que procuram as praias e a “exótica simbiose luso-indiana”, que Goa oferece.
Por isso, o turismo apoia-se fortemente na herança cultural portuguesa. Um dos casos mais curiosos da preservação da memória portuguesa em Goa refere-se ao Hotel Cidade de Goa e ao seu Restaurante Alfama, onde regularmente há noites de fado, apresentadas por intérpretes goeses de grande talento. Assim vai acontecer, uma vez mais, no próximo dia 12 de Julho.
TP 1844
No nosso tempo, um voo de pouco mais de duas horas nada tem de incomum e é um acto rotineiro das nossas vidas.
Porém, no caso do voo TP 1844 que liga a ilha do Faial a Lisboa, pode haver lugar a uma agradável surpresa, que só depende da meteorologia e da vontade do piloto.
Poucos minutos depois da largada do aeroporto, quando ainda está na sua fase ascensional, o avião passa ao largo da ilha do Pico e dos seus imponentes 2351 metros de altitude.
Umas vezes o avião passa mais próximo e outras vezes menos próximo da montanha que, frequentemente, não está visível porque se encontra envolvida por densas nuvens ou está mergulhada nas chuvas e nas neblinas que são características das ilhas açorianas.
Nessas condições meteorológicas de menor visibilidade, a montanha raramente se apresenta descoberta, iluminada e bem próxima de nós. Mas quando isso acontece e à vontade da meteorologia se junta a vontade do piloto, a montanha surpreende-nos com a sua agreste beleza vulcânica e parece convidar-nos a uma subida até ao topo numa outra oportunidade.
Porém, mais do que qualquer texto, é a fotografia que melhor evoca a agradável surpresa de voar com o Pico ali tão perto.
sábado, 2 de julho de 2011
A longa luta do país do Sol Nascente
No princípio do ano de 2001, as ruas de Díli e a maioria das vilas e aldeias de Timor estavam destruídas devido à violência que se seguiu ao referendo de 1999. O diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Melo representava as Nações Unidas e as forças internacionais que ocupavam o território, consumiam muitos dos recursos de que o país carecia e, em geral, não estavam preparadas para ajudar os timorenses. Era um tempo de muita incerteza.
Na medida das minhas possibilidades, eu acompanhara os acontecimentos de 1975 e tudo o que se passara depois. Quando em 2001 fui a Timor, procurei saber mais sobre o país do crocodilo. Estudei os tempos de Celestino da Silva, a guerra do Manufai e os protagonismos de Dom Boaventura e de Filomeno da Câmara. Pesquisei sobre a ocupação japonesa e sobre as figuras de Dom Aleixo Corte-Real e de D. Jaime Garcia Goulart. Informei-me sobre os complexos acontecimentos de 1975, a guerra civil e a invasão indonésia de 7 de Dezembro de 1975. “Conheci” Nicolau Lobato, Xanana Gusmão, Ma’Huno e Konis Santana. Fui a alguns dos locais mais simbólicos da resistência timorense, desde a orla do Matebian até à igreja de Motael e ao cemitério de Santa Cruz. Estive em Balibó, Maliana, Batugadé, Manatuto, Baucau, Viqueque, Lospalos e Aileu. Conheci e convivi com alguns dos resistentes, com vários anos na prisão de Cipinang ou com muitos anos de exílio. Gente experimentada. Gente que se organizou e que hoje está a dar um futuro ao país.
Alguns têm raízes étnicas e culturais portuguesas. Um deles correu meio mundo a procurar apoios para a causa timorense e foi premonitório quando, em 1994, escreveu “Amanhã em Díli”. Depois foi distinguido com o Prémio Nobel da Paz e, quando regressou a Timor, partilhou algumas das suas memórias e conversas com um discreto hóspede do já extinto Hotel Dom Aleixo. É o actual Presidente da República de Timor-Leste. Agora, uma vez mais, veio a Lisboa e, certamente, não deixará de visitar a sua casa paterna de Buarcos e de olhar o Tejo, de onde um dia o seu pai saiu como deportado por razões políticas.
Neste registo, deixo esta breve homenagem ao JRH.
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