A lacónica notícia que só o jornal i puxou para a sua primeira página, impressiona: a banca que opera em Portugal registou nos primeiros nove meses do corrente ano um prejuízo de 1,55 mil milhões de euros, cabendo as maiores fatias desses prejuízos ao BCP (597 milhões de euros), BES (381 milhões de euros), CGD (278 milhões de euros) e BANIF (243 milhões de euros). Este facto e a forma como a imprensa não o destacou, suscita as maiores interrogações, mas é um sério aviso para os contribuintes portugueses que têm estado a pagar o BPN e o BPP, mas também a ajudar a CGD, o BANIF e outros institutos financeiros, à semelhança do que acontece com os contribuintes irlandeses, gregos, cipriotas e espanhóis, que também estão a pagar os desmandos dos seus bancos.
Antigamente, a banca tinha uma actividade respeitável pois captava as poupanças dos depositantes, remunerava-as, emprestava-as a terceiros e remunerava-se por isso. Porém, nos últimos anos muita coisa mudou e a banca portuguesa passou a especular, a financiar o Estado e a impor as suas regras, perante a passividade do regulador e do governo que, como diria um conhecido político, "é tudo farinha do mesmo saco". De facto, essa gente move-se num rodopio de promiscuidade de interesses entre a banca comercial, o Banco de Portugal e o governo.
Embora haja uma redução da actividade bancária e um aumento do crédito mal parado resultante de estratégias irresponsáveis e de gananciosas políticas de crédito adoptadas pela banca, nos resultados agora conhecidos há uma evidente cosmética contabilística que visa apoiar a fuga aos impostos e que, dada a promiscuidade ideológica entre reguladores e regulados, ninguém contesta. Não hove nenhum tsunami e, por isso, não se compreende que os bancos que se financiam a 1% no BCE e que aplicam esse capital em títulos de dívida portuguesa por vezes a 10% ou mais, tendo ganho 15 mil milhões de euros com dívida pública em 2012, segundo anunciaram os jornais, venham agora apresentar estes prejuízos. A banca quer tudo e é insaciável.
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