Há uma teoria
segundo a qual a 3ª Guerra Mundial já começou e o Papa Francisco foi uma das
primeiras pessoas que avançou com essa ideia, quando há mais de um ano falou dos
crimes, massacres e destruições que se verificam na Síria e no Iraque e apelou
à paz e ao fim da “loucura bélica”. Outras personalidades têm referido que já
se vive um clima de 3ª Guerra Mundial, não só pelo agravamento da situação
militar, mas também pela situação humanitária que gerou milhões de refugiados. A
última edição do semanário francês L’OBS, o antigo e famoso Le Nouvel Observateur, trata deste grave
problema.
No passado dia 30
de Setembro de 2015 a Rússia decidiu intervir directamente na Síria e logo
apareceram vozes a dizer que esse dia marcava o início da 3ª Guerra Mundial,
tal como o dia 28 de Junho de 1914 marcou o início da 1ª Guerra Mundial, quando
aconteceu o atentado de Serajevo.
Os Estados
Unidos, a França e o Reino Unido condenaram imediatamente a intervenção russa
por ter atacado opositores ditos moderados de Bashar-al-Assad
que são financiados pelos americanos, mas ignoram o ataque ao hospital afegão
dos Médicos sem Fronteiras em Kunduz, que
causou a morte a pelo menos duas dúzias de doentes, médicos e pessoal civil.
A Síria de Bashar-al-Assad será uma caricatura de democracia, mas
tem um regime laico e todas as confissões religiosas são toleradas. Ao
contrário de Sadam Hussein e de Kadaffi, Assad resistiu à intervenção militar externa,
mas enfrenta o jihadismo do EI e da Al-Qaeda, mas também outras forças
financiadas pela Arábia Saudita, pela Turquia e até pelos Estados Unidos, que
apoiam tudo e o seu contrário. É o que acontece com a Arábia Saudita que é apoiada
pelos Estados Unidos e pela França, mas que oprime e reprime mais de metade da
população, que não permite que as mulheres se desloquem sozinhas, nem que
conduzam, nem que sejam médicas, nem que vão ao cinema, que semanalmente
executa presos, que não permite a um cristão ir a uma igreja e que condena à
morte um muçulmano que pretenda deixar de o ser.
A Síria é hoje um laboratório no mundo multipolar, no meio de uma extensa região
que ameaça desintegrar-se. Os turcos preferem o EI a qualquer autonomia curda;
os sauditas preferem o EI à minoria alauita; o Irão quer a minoria alauita no
poder. Os EUA, tal como a França e o Reino Unido, não sabem o que querem.
Assad terá lançado uma grande ofensiva no terreno com o apoio do
Hezbollah libanês, das forças especiais iranianas e da aviação russa. Os russos estarão em vias
de intervir no terreno a pedido de Assad, enquanto se anuncia que a China já tem um porta-aviões nas águas sírias e mil fuzileiros no terreno. A NATO foi surpreendida e diz-se
pronta a enviar tropas e aviões para a Turquia. Há muitos aviões a voar sobre a
Síria, uns russos, outros do regime sírio, outros da coligação liderada pelos
americanos. Não sei se a 3ª Guerra Mundial já começou, mas sei que isto vai de
mal a pior.
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