terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Capital Ibero-Americana da Cultura 2017

Até ao dia 22 de Dezembro, a cidade de Lisboa será a Capital Ibero-Americana da Cultura, com uma programação que inclui mais de 150 actividades, nas quais participarão centenas de artistas e produtores nacionais e ibero-americanos. É a segunda vez que Lisboa foi escolhida pela União das Capitais Ibero-Americanas (UCCI) como Capital Ibero- Americana da Cultura, pois em 1994 já acumulara essa distinção com a sua escolha como Capital Europeia da Cultura.
Passado e Presente — Lisboa, Capital Ibero-Americana de Cultura é uma iniciativa da UCCI e da Câmara Municipal de Lisboa, que conta com a participação, colaboração e apoio de dezenas de outras instituições, associações e equipamentos privados. A programação é extensa e diversificada, nela se incluindo exposições e concertos, peças de teatro, visitas guiadas, residências artísticas, exibição de filmes, colóquios, workshops, um festival de arte urbana, espetáculos de dança, entre outras actividades. Peruanos e argentinos, colombianos e chilenos, brasileiros e mexicanos, para além de portugueses e espanhóis, terão em Lisboa um espaço de afirmação cultural.
É, também, uma excelente oportunidade para que os países ibero-americanos, compreensivelmente mais virados para Madrid e Barcelona, possam colocar Lisboa nos seus roteiros europeus. Da mesma forma, é ainda uma oportunidade para mostrar que num mundo em recomposição de interesses e de áreas de influência, pode haver espaço para a crescente afirmação do potencial estratégico do ibero-americanismo, até porque as línguas ibéricas juntas são,  depois do chinês, as mais faladas do mundo.

Eleições autárquicas, com zangas e amuos

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A edição de hoje do jornal i destaca a situação que se vive no seio dos partidos da direita que governaram o país entre 2011 e 2015, por causa das eleições autárquicas que se aproximam. Parece que tinha havido uma aliança nacional entre os dois partidos no sentido de poderem optimizar os seus resultados eleitorais e, dessa forma, levar o PS a uma derrota autárquica e à eventual queda do governo.
Era normal que assim fosse, porque a luta política é mesmo assim. Porém, as coisas não correram bem e, antes que fosse tarde, a centrista Cristas decidiu candidatar-se e escolheu logo a capital, sem dar cavaco ao Passos que não gostou nada de o terem posto de lado e ficou zangado. Como ninguém conhece Cristas, que anda nisto há pouco tempo, ela queria aparecer na televisão e queria falar, mas nem ela nem o seu pequeno partido têm estatuto político para estas jogadas. A esperteza da Cristas, talvez ainda inspirada no esperto que a antecedeu no seu grupo político, alastrou por muitas outras localidades onde se estavam a preparar eventuais coligações entre o PSD e o CDS, mas ter-se-ão verificado os mesmos tipos de esperteza do CDS que, sem noção das realidades, exigia paridades. O clima azedou e há muitos amuos, mas não é caso para admirar.
Os debates parlamentares que a televisão transmite têm mostrado que os deputados do PSD e do CDS sentados nas primeiras filas sob a orientação do paranóico Montenegro e do imbecil Magalhães têm usado demasiadas vezes uma linguagem despropositada, provocadora, agressiva e injuriosa. Batem no tampo das mesas. Gritam. Gesticulam. Não diferem muito dos comportamentos das claques do futebol. São uma distorção da Democracia. Como é que gente desta se pode entender?

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Moçambique moderno e com progresso

O jornal moçambicano O País destaca na primeira página da sua edição de hoje a inauguração na cidade de Maputo da nova sede do BCI – Banco Comercial e de Investimento que, segundo parece, tem uma forte componente portuguesa no seu capital social. Perante a fotografia de um tão moderno edifício, percorre-nos uma grande satisfação, em primeiro lugar pela sua estética que muito valoriza o património arquitectónico da cidade e, depois, pelo seu simbolismo em relação a um instrumento essencial para o financiamento da economia e para o progresso social dos moçambicanos.
Porém, a tradição já não é o que era. Nos últimos anos habituamo-nos a ver que, em questões de banca e de banqueiros, o que parece nem sempre é. A banca serviu demasiadas vezes para acolher práticas abusivas e gananciosas, ilegalidades e favorecimentos e, naturalmente, para acolher indivíduos sem escrúpulos e com avidez pelo dinheiro. Muitos continuam por onde sempre andaram, a fazer o que sempre fizeram. Quando vemos os nomes dos dirigentes do BCI, alguns deles portugueses e com fortes ligações a situações catastróficas ainda por esclarecer, não se pode ficar descansado. Por isso, não pode ser a inauguração de um edifício moderno e que tanto vai valorizar a cidade de Maputo que nos deve deslumbrar, porque em questões de banca andamos todos muito desconfiados.
No entanto, há que confiar que foram aprendidas as lições do passado recente um pouco por toda a parte e que este banco, agora vestido de nova roupa, virá a ser um instrumento de progresso para os moçambicanos. Ponto.

Donald Trump não gosta de mexicanos

A política prosseguida por Donald Trump contra os imigrantes e os refugiados e, em especial, contra os seus vizinhos mexicanos de os muçulmanos, está a alarmar o mundo.
Desde há muito que o Donald tinha anunciado medidas para impedir a entrada nos Estados Unidos dos “terroristas radicais islâmicos”, talvez disfarçados de refugiados. Por isso, não perdeu tempo a combater essa ameaça e as medidas anunciadas começaram a ser postas em prática nos aeroportos americanos, embora as instâncias judiciais já tenham tomado posição contra esta decisão presidencial.
No que respeita aos imigrantes, a hostilidade teve a sua maior expressão na decisão de construir o muro na fronteira com o México, que é um acto de humilhação para com os seus vizinhos e parceiros de muitas actividades.
A arrogância do Donald não lhe tem permitido actuar com ponderação e, quem sabe, se este e outros tiros, não acabarão por lhe sair pela culatra. Os seus conselheiros também não parecem capazes de travar os seus ímpetos primários e desbocados.  
Numa referência crítica à decisão do Donald, o jornal colombiano El Tiempo publicou na sua edição de ontem uma ilustração que representa os dois países separados por uma “alarmante fractura”. De facto, o que o Donald está a fazer é a provocar uma fractura, por agora de natureza geográfica e económica, mas que se pode transformar rapidamente numa fractura social no interior do país, onde cerca de metade da população é de origem sul-americana e o espanhol é a língua dominante. Se eu fosse amigo do Donald tratava de o aconselhar a não semear ventos, pois pode colher tempestades.

domingo, 29 de janeiro de 2017

O grande duelo do ténis vai começar

Daqui a poucos minutos inicia-se a final do Open da Austrália e meio mundo vai ficar amarrado aos televisores para ver o duelo entre as duas maiores lendas do ténis mundial: o espanhol Rafael Nadal e o suiço Roger Federer.
Federer tem 35 anos de idade, venceu até agora 17 provas do Grand Slam e está actualmente em 17º lugar do ranking ATP, enquanto Nadal tem 30 anos de idade, conta 14 vitórias em provas do Grand Slam e está em 9º lugar do ranking ATP. Tudo muito parecido, até na ambição, na longevidade e nos 1.85 metros de altura de cada um.
Hoje os dois tenistas vão defrontar-se em Melbourne, numa final inesperada pela idade dos jogadores e que vai acrescentar muitos pontos à rivalidade que mantém desde há doze anos, pois Nadal e Federer jogaram pela primeira vez em Março de 2004 no Masters de Miami. Desde então, os dois tenistas encontraram-se 34 vezes, tendo Nadal vencido 23 vezes e Federer 11 vezes.
Esta final é a mais repetida da história dos torneios do Grand Slam pois os dois tenistas já se encontraram oito vezes em finais do Grand Slam, com seis triunfos de Nadal. Porém, é uma final absolutamente inesperada. Os jornais australianos, mas também alguns jornais internacionais muito anunciaram este encontro que, de imediato, eu vou acompanhar pela televisão.
Como se diz na gíria desportiva, que ganhe o melhor.

NOTA: Foi um grande jogo que durou 3 horas e 37 minutos e que Roger Federer venceu por 3-2 (6-4, 3-6, 6-1, 3-6 e 6-3). Com este resultado, RF reforçou o seu recorde e tem agora 18 Grand Slams no seu palmarés: 5 Australian Open, 7 Wimbledon, 5 US Open e 1 Roland Garros. É obra.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Theresa May foi a correr a Washington

A primeira-ministra britânica Theresa May não se tem deslocado a Bruxelas nem a Berlim e talvez nunca tenha visitado Lisboa ou Madrid, mas meteu-se num avião e foi a Washington para visitar o Donald que mora na Casa Branca desde há uma semana. Esta viagem de quem foi contra o Brexit e que agora o defende com entusiasmo e teimosia, só revela muita fraqueza e muita necessidade de amparo que, pensa ela, só o fanfarrão do Donald lhe pode dar. No meio de tantas incertezas nas duas margens do Atlântico é caso para perguntar: porquê tanta pressa?
Não nos interessam as motivações passionais da primeira-ministra britânica que sucedeu a David Cameron, mas o facto é que antes de consumar o divórcio com a União Europeia, ela correu apressadamente para os braços musculados do Donald e, segundo refere hoje o jornal The Independent, ela está completamente trumped. Provavelmente não será apenas a Barbie Trump que não vai gostar deste assédio ao seu Donald de uma senhora inglesa de 60 anos de idade e que é oriunda do condado de Sussex, no sul da Inglaterra.
Os orgulhosos ingleses também não se sentirão confortados com esta submissão de Theresa May à arrogância americana, agora assumida pelo Donald e, com esta tão apressada viagem, os 68% de escoceses que rejeitaram o Brexit vão repensar a sua opinião a respeito da independência escocesa, porque não quererão estar tão trumped como Theresa May. A não ser que tudo isto não passe de um mero flirt ou de um simples encontro para matar saudades. 

O muro de Donald Trump

Donald Trump cumpriu a ameaça e deu ordens para que avançasse o muro que irá separar os Estados Unidos e o México, supostamente para travar o movimento de emigrantes clandestinos. O muro isolará os dois países de uma forma tão brutal, como não acontece sequer nas fronteiras entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul.  Porém, esta decisão também tem um objectivo simbólico e insere-se na política proteccionista que Trump quer impor e que se traduz na frase tantas vezes repetida “America first”.
No seu estilo arrogante, agressivo e autoritário, Donald Trump tem mostrado que não quer que a Ford, a General Motors, a Toyota ou a BMW construam automóveis no México e que depois os vendam nos Estados Unidos, acusando esses construtores de criarem empregos no México e não nos Estados Unidos. Além disso, Trump propõe-se taxar em 20% as importações de produtos mexicanos e, dessa forma, custear a construção do muro a que alguns já chamam “o muro da vergonha”.
Enrique Peña Nieto, o Presidente mexicano, como protesto pelas iniciativas anti-mexicanas de Trump, reagiu e já cancelou um encontro que estava marcado entre os dois Presidentes para a próxima semana. A tensão com o México subiu de tom e a atitude de Peña Nieto foi corajosa e, de certa forma, foi o primeiro adversário externo que o Donald enfrentou.
A realidade é que Donald Trump começa o seu mandato como o mais impopular Presidente da história americana, em aberto conflito com o México, com a imprensa e com outros sectores da opinião pública. O influente The Washington Post já veio ridicularizar a iniciativa da construção do muro que, diga-se em nome da verdade, é uma herança de Clinton e de Obama, como mostra a fotografia que o jornal publicou. O facto é que, apenas numa semana, o Presidente dos Estados Unidos tomou um conjunto de polémicas decisões e muitos observadores começam a questionar-se quanto à forma como irão reagir as instituições nacionais americanas.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

200 anos do jornal nacional da Escócia

 
O jornal The Scotsman celebra hoje o seu 200º aniversário e decidiu comemorar a data com uma edição especial de acentuado orgulho nacionalista, não só para assinalar uma tão invulgar longevidade, mas para tomar posição perante as circunstâncias políticas que atravessam o Reino Unido. Na capa dessa edição, o jornal apresenta uma flor do cardo, que é um dos mais populares símbolos nacionais escoceses, depois da bandeira azul com a cruz branca de Santo André.
A Escócia ocupa a parte norte da ilha da Grã-Bretanha, tem cerca de seis milhões de habitantes e tem a sua capital em Edimburgo. Desde o dia 1 de Maio de 1707 que se ligou à Inglaterra para formar o Reino Unido da Grã-Bretanha, com um Parlamento único e uma união aduaneira, mas essa união tem passado por algumas ameaças de cisão. A última aconteceu em Setembro de 2014 quando foi realizado um referendo a favor da independência escocesa, em que os independentistas conseguiram 45% dos votos. Entretanto houve o referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia e 68% dos escoceses votaram contra o chamado Brexit.
A Escócia está, portanto, a viver uma situação instável, entre a independência ou não independência, mas também entre a permanência ou não permanência na União Europeia. Nicola Sturgeon é a primeira-ministra escocesa e tem defendido essas duas causas, isto é, a defesa da independência e, agora, a permanência na União Europeia.
O jornal The Scotsman afirma-se o jornal nacional da Escócia e é um grande aliado das posições defendidas por Nicola Sturgeon. Na sua edição de hoje o jornal evoca com orgulho a história da Escócia e recorda muitos dos escoceses ilustres como Adam Smith, considerado o pai da Economia, mas também outros seus filhos famosos como Alexander Fleming, Jackie Stewart, Sean Connery, Paul McCartney, Mick Jagger e Alex Ferguson.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Imagem e protesto contra Donald Trump

 
Durante a campanha eleitoral que o levou à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump acumulou muitas declarações polémicas que surpreenderam o mundo, embora a maioria dos americanos nem por isso deixasse de lhe dar o seu voto. Uma das mais criticadas declarações do candidato Trump foi a afirmação de que "os muçulmanos devem ser total e completamente banidos de entrar nos EUA". Essa declaração de carácter xenófobo foi criticada pela Casa Branca, que afirmou que esse pensamento é contrário aos valores da diversidade cultural e religiosa que caracterizam a história dos Estados Unidos.
O tempo passou e Donald Trump foi empossado no dia 20 de Janeiro, num ambiente de grande contestação nacional, promovido sobretudo pelas mulheres. Nesse movimento houve uma mulher que se tornou a face da contestação, por causa de uma fotografia captada alguns anos antes. Essa mulher é Munira Ahmed, tem 32 anos de idade e é residente no bairro de Queens, na cidade de Nova Iorque, onde é uma jornalista freelancer. A sua imagem, que mostra uma americana oriunda do Bangladesh com um olhar firme e com um lenço estampado com as listas e as estrelas da bandeira americana, tornou-se o símbolo do protesto de muitos milhares de manifestantes, tendo sido largamente difundida pelas cidades americanas, associada à frase “I am American just as you are”.
No seu regresso a casa depois de ter participado nos protestos em Washington, Munira Ahmed afirmou ao correspondente do jornal inglês The Guardian que se sentia honrada pela utilização da sua fotografia no protesto contra Trump e acrescentou que “I am American and I am Muslim, and I am very proud of both.”
O jornal decidiu prestar homenagem a Munira Ahmed, publicando na sua primeira página da edição de hoje as imagens que simbolizaram o protesto contra Donald Trump.

domingo, 22 de janeiro de 2017

America first? Vamos esperar para ver...

Donald Trump tomou posse como 45º Presidente dos Estados Unidos numa cerimónia com muita pompa, mas sem o entusiasmo popular que era habitual nestas ocasiões, como revelaram as fotografias comparativas que foram publicadas. O seu discurso foi triste, preocupante e desencorajador. Não falou de união, nem de unidade. Não falou de democracia, nem de direitos humanos. Não falou de história, nem de cultura. Não falou de pobreza, nem de desigualdade. Falou de prosperidade e força. Ameaçou muita gente e muitos interesses instalados. Falou contra muita gente no interior e no exterior da América e isso vai criar-lhe dificuldades. Limitou-se a repetir os chavões populistas da campanha eleitoral e, especialmente, o “América first”, prometendo que a América vai voltar a ser grande, que vai criar empregos e que vai trazer de volta a riqueza. A sua regra parece ser simples e basear-se numa ideia: comprar americano, contratar americano.
Domina o isolacionismo e o novo-riquismo. Provavelmente, até porque não tem experiência política, Donald Trump desconhece a realidade do mundo globalizado e interdependente em que vivemos e pensa que a construção de um muro pode resolver muitos dos problemas dos Estados Unidos. É bem possível que em vez da prosperidade prometida esteja a criar um ambiente interno irrespirável de medo e de insegurança.
Os americanos reagiram ao discurso de Trump que, é bom recordar, não teve a maioria dos seus votos. Por isso vieram para a rua protestar como já não faziam desde os tempos da guerra do Vietname e alguns jornais escreveram que nunca se tinha visto tão grande protesto. O influente The Washington Post destacou a enorme multidão que na capital federal marchou contra Trump e, também, deu voz ao protesto. Aparentemente, o que se passou nas ruas das cidades americanas não foi um protesto pontual. Foi mais do que isso. Não sou futurologista e, por isso, só mais tarde verei o que vai acontecer.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Angola afirma-se como potência regional

 
Em Maio de 2014 realizou-se o primeiro recenseamento geral da população de Angola depois da independência e foi apurado que a população do país era de quase 26 milhões de habitantes, concentrados sobretudo nas províncias de Luanda (27%), Huila (10%), Benguela (10%) e Huambo (10%), enquanto a menos populosa das províncias angolanas era o Bengo (1%).
O recenseamento revelou que a população se repartia entre 48% de homens e 52% de mulheres e que, depois do português, as línguas nacionais mais faladas eram o umbundu (23%), o quicongo (10%) e o quimbundo (8%). Entretanto o Instituto Nacional de Estatística de Angola veio agora actualizar os dados sobre a população residente e anunciou que já são 28 milhões o número de angolanos, notícia que o jornal O País hoje divulgou.
Significa que, para além da sua extensão territorial e da abundância dos seus recursos naturais, a República Popular de Angola possui um enorme capital que é a sua população de 28 milhões de pessoas, que é uma população jovem e que tem taxas de crescimento demográfico sustentáveis. Assim, as autoridades democráticas de Angola têm as condições para prosseguir o desenvolvimento económico e social do país porque, como dizem os tratados de Economia, não lhe faltam os dois principais factores de produção, isto é, o trabalho e o capital, embora aqui tomados num sentido abstracto e sem atender à sua qualidade e natureza. Angola é, de facto e cada vez mais, uma potência regional no Atlântico Sul.

Está a terminar a Vendée Globe 2016-2017

 
Ontem à tarde em Les Sables d’Olonne na costa francesa da Biscaia o velejador francês Armel Le Cléac’h terminou a 8ª edição da Vendée Globe, isto é, a volta ao mundo à vela em solitário, tendo gasto 74 dias, 3 horas, 35 minutos e 46 segundos. Foi um feito notável deste velejador de 39 anos de idade que estabeleceu um novo recorde desta prova, na qual já participara em 2009 e 2013, tendo-se classificado em 2º lugar nessas suas duas participações.
Hoje espera-se a chegada do inglês Alex Thomson que foi o maior rival de Armel Le Cléac’h, mas o terceiro classificado ainda demorará alguns dias até cruzar a meta.
A dura prova iniciou-se no dia 6 de Novembro e teve 29 participantes, dos quais já desistiram onze. Dos 18 concorrentes que ontem estavam em prova, o último encontrava-se a mais de nove mil milhas da meta e havia quatro que ainda navegavam no Pacífico em direcção ao cabo Horn, para depois “subirem” o Atlântico até à meta.
A proeza de Armel Le Cléac’h foi notável e a imprensa francesa dá-lhe hoje grande destaque, com o diário desportivo L’Équipe a dedicar-lhe toda a sua primeira página. O Banque Populaire VIII, a embarcação vencedora, é um monocasco inovador com 18,20 metros, especialmente concebida para esta prova e, naturalmente, deu um grande contributo para o resultado final.
A prova pode ser acompanhada através de um portal que, em tempo real, nos permitia “entrar na corrida”, pois fornecia todas as informações da prova e exibia uma cartografia especial com as posições dos concorrentes. Foram 74 dias e 74 noites de mar, certamente uns de calmaria e outros de mar alteroso, uns de calor e outros de frio, sempre sozinho, sem dormir mais que alguns minutos. Um espectacular feito desportivo e de resistência humana.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A ameaça da nova aliança Trump-May

Ontem, finalmente, a Primeira Ministra britânica falou sobre o Brexit e, segundo os comentadores, foi um discurso destinado a sossegar aqueles que acusavam Theresa May de não ter um plano para as negociações de saída da União Europeia e de não estar a cumprir o seu mandato, mas eu acho que também foi um discurso para agradar a Donald Trump. Todos os jornais ingleses destacaram a dureza do discurso de May, a lembrar os tempos de Margaret Thatcher.
O facto é que os resultados do referendo ainda não foram “digeridos” pelos britânicos e que muita gente pensa que o processo aberto com o referendo realizado no dia 23 de Junho ainda poderá ser invertido. Nesse referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia, houve 53,4 % dos eleitores que escolheram o Leave e 46,6% que votaram no Remain. Porém, é preciso ter presente que o Remain ganhou na Escócia com 62% e na Irlanda do Norte com 55,8%, isto é, o Leave ganhou na Inglaterra e no País de Gales, enquanto o Remain ganhou na Escócia e na Irlanda do Norte. O Reino Unido mostrou-se muito desunido.
Assim, como é sabido, o problema não se coloca apenas nas negociações com a União Europeia que decorrerão depois do Reino Unido invocar o artigo 50º do Tratado de Lisboa, mas são também um grande problema interno, sobretudo porque já se adivinha um novo referendo na Escócia que pode desmembrar o Reino Unido.
Theresa May falou com firmeza, mas não deixou de afirmar que “queremos comprar os vossos produtos e vender-vos os nossos, num comércio tão livre quanto possível”. Curiosamente (ou não) falou com voz grossa na véspera da tomada de posse de Donald Trump, o que também é um sinal de que quer parcerias e as boas graças dos americanos e, obviamente, também é um sinal de insegurança.
O futuro dirá o que vai acontecer, mas esta aliança Trump-May pode trazer muitos problemas à Europa.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O frio que nos arrefece o corpo e a alma

O frio chegou à Europa e muitas capitais europeias têm registado temperaturas mínimas negativas e apresentam-se cobertas de neve, por via de uma massa de ar polar que tem afectado todo o continente. A imprensa tem dado grande destaque a esta vaga de intenso frio que tem provocado algumas mortes, muitos acidentes e uma grande perturbação na vida quotidiana. O jornal Le Parisien é apenas um desses jornais que alerta os seus leitores franceses para as precauções que devem tomar, porque o frio vai continuar por mais alguns dias.
Porém, se esta situação é de certa forma frequente nos países da Europa Central, não é usual na península Ibérica, onde estão anunciadas previsões para as temperaturas mínimas que, em algumas regiões espanholas, poderão atingir 20 graus negativos. No rectângulo português, embora temperado pela proximidade do mar, nem por isso as temperaturas estão a ser benignas e, nas regiões transmontanas, estão anunciadas temperaturas mínimas de 6 graus negativos, enquanto na cidade de Lisboa, nos próximos dias, estão anunciadas temperaturas de 0 graus. Esta situação não é normal e os nossos corpos enfraquecem, as nossas almas arrefecem e os nossos espíritos entristecem. Portanto, tenhamos muito cuidado.

domingo, 15 de janeiro de 2017

A incerta coesão territorial espanhola

O diário catalão el Periódico inclui hoje na sua primeira página, com grande destaque, uma reportagerm sobre a coesão territorial espanhola e os resultados de cerca de 35 anos de descentralização autonómica.
Nos termos da sua Constituição de 1978 a Espanha adoptou uma organização territorial que declara a unidade da nação espanhola e garante o direito à autonomia das diferentes nacionalidades e regiões que a integram e a solidariedade entre todas elas. Assim se constituiram 17 comunidades autónomas formadas por uma ou mais províncias e duas cidades autónomas. Com a integração europeia concretizada em 1986 em simultâneo com a integração portuguesa, a Espanha aspirava a uma maior coesão territorial das suas regiões ou comunidades e à redução do fosso entre comunidades ricas e comunidades pobres.
Porém, depois de trinta anos de descentralização autonómica e de integração europeia, de redistribuição fiscal por via de diferentes mecanismos, de investimento público e de absorção de imensos fundos de coesão e de fundos estruturais, as desigualdades entre as comunidades espanholas mantiveram-se ou acentuaram-se. O jornal analisa diferentes variáveis, incluindo o emprego, o investimento, as despesas com educação e saúde e, em todas elas, se verifica que a Espanha das autonomias navega a diferentes velocidades.
Provavelmente, a mais significativa de todas essas variáveis será o PIB per capita de cada comunidade, que vai desde 30.284 euros na Comunidade de Madrid até aos 15.437 euros na Extremadura. O diferencial entre essas duas comunidades, no ano de 1980, era de 9.814 euros mas hoje é de 15.156 euros.
Como salienta o jornal, a “España se quiebra y no por Catalunya”, mas por causa da coesão territorial que é, ou deveria ser, um dos grandes objectivos do Tratado de Roma e da política comunitária europeia. Pensemos que ao menos não se quiebre a coesão nacional, que hoje assenta no Rei, na selecção roja e em pouco mais.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Lisboa e o comovido adeus a Mário Soares

No dia em que a mais prestigiada imprensa internacional dedicou largos espaços ao fim do mandato de Barack Obama e à próxima investidura de Donald Trump como novo presidente dos Estados Unidos da América, o mais internacional jornal espanhol decidiu utilizar a sua primeira página para prestar homenagem a Mário Soares.
Assim, na sua edição de ontem o diário El Pais publicou na sua primeira página uma expressiva fotografia a quatro colunas das cerimónias fúnebres realizadas no Mosteiro dos Jerónimos, às quais assistiram vários dirigentes políticos mundiais, incluindo o Rei Filipe VI de Espanha e o Presidente Michel Temer do Brasil.
Porém, durante os três dias de luto nacional, o maior e mais genuíno tributo a Mário Soares foi prestado pelo povo anónimo de Lisboa, que esteve presente em todas as cerimónias realizadas e se comoveu com a perda do homem que se tornou o símbolo da coragem política e da luta pela liberdade. O cortejo fúnebre que transportou Mário Soares até ao Cemitério dos Prazeres foi imponente e solene, mas foi também uma comovida e sincera homenagem que lhe foi prestada, sobretudo quando passou pelo Largo do Rato, onde uma pequena multidão voltou a gritar “Soares é fixe”.
As televisões dedicaram grande parte da sua programação ao legado político de Mário Soares, enquanto um sem número de mal preparados praticantes de jornalismo se esforçou por lhe dar conteúdo. A generalidade dos políticos, com maior ou menor sinceridade, não deixou de acompanhar Mário Soares e de lhe prestar a sua homenagem.
Depois de três dias, as cortinas fecharam-se. Nos tempos que hão de vir, a voz e militância de Mário Soares vão fazer falta à Democracia em Portugal.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Portugal está de regresso a Goa

António Costa, o Primeiro-Ministro de Portugal, chegou ontem a Goa para uma visita de dois dias, tendo sido recebido no Aeroporto de Dabolim por Francisco D’Souza, o Deputy Chief Minister do Governo de Goa, enquanto a edição desta manhã do diário Heralda voz de Goa desde 1900 - voltou a ter um título em português ao destacar uma mensagem de boas vindas:
“Bem vindo Sua Excelência, Goa vos saúda”.
A visita de António Costa à Índia insere-se no capítulo normal das relações diplomáticas de Portugal com a comunidade internacional, por razões de conveniência mútua. Porém, esta visita a Goa tem uma componente afectiva muito mais intensa, não só por razões familiares do próprio Primeiro-Ministro, mas também porque Goa é um espaço geográfico e cultural onde as raízes lusófonas são muito profundas. Por razões históricas recentes, a separação entre Goa e Portugal concretizada em 1961 foi traumática e a relação entre ambos os Estados esteve suspensa. Depois de 1974 essa relação foi retomada pela mão de Mário Soares e, desde então, tem sido feito um grande esforço por diversas instituições públicas e privadas para intensificar a ligação cultural entre Portugal e Goa.
Talvez seja a altura de António Costa agradecer aos goeses que têm mantido viva a herança cultural portuguesa - e alguns já partiram sem o devido reconhecimento do Estado Português - e trabalhar consequentemente por um amplo acordo cultural que, sem equívocos, reconheça o legado cultural português em Goa e permita a sua preservação através do ensino da língua portuguesa, da preservação da toponímia, da cooperação científica e económica, de uma presença regular nos mass media e, de uma forma geral, de uma intervenção cultural activa e prestigiante no espaço público. Foi isso que em 1947 os ingleses garantiram em toda a Índia,  que os franceses fizeram em 1954 em Pondicherry e foi isso que os portugueses não puderam fazer em 1961, mas que deveriam agora procurar fazer em Goa.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Um iceberg do tamanho do Algarve?

São muito frequentes os desprendimentos de blocos de gelo polares, quer no Ártico quer no Antártico, que depois navegam pelas altas latitudes e são conhecidos por icebergs. Os seus riscos para a navegação marítima são evidentes e a história do Titanic é o maior exemplo da sua perigosidade.
Porém, com os modernos meios de observação via satélite e com outros meios de acompanhamento e rastreio, é cada vez mais possível prever esses desprendimentos de gelos e acompanhar os seus movimentos no mar. Foi exactamente por essa via que nas últimas semanas foi detectada na Antártida uma fenda que tem aumentado e que, segundo os especialistas, pode dar origem a um iceberg gigantesco de cerca de 5.000 quilómetros quadrados de superfície e cerca de 350 metros de espessura. A acontecer, será um dos maiores icebergs alguma vez registados no nosso planeta.
Alguma imprensa internacional tem noticiado esta hipótese e o diário argentino Uno que se publica na cidade de Mendoza, destaca hoje essa possibilidade na sua primeira página, ao mesmo tempo que informa que o fenómeno não terá consequências oceanográficas para as populações ribeirinhas do hemisfério sul.
No entanto, a dimensão deste possível iceberg impressiona. Acontece que o Algarve tem cerca de 4.997 quilómetros quadrados de superfície e, por isso, se a massa de gelo se desprender como prevêem os cientistas, teremos um iceberg do tamanho do Algarve a navegar pelos mares do Sul.
É bem curioso.

sábado, 7 de janeiro de 2017

R.I.P. Mário Soares

Mário Soares faleceu esta tarde no Hospital da Cruz Vermelha em Lisboa aos 92 anos de idade.
O país está de luto. Portugal perdeu um homem que marcou o nosso século XX e que é um dos maiores símbolos da nossa Democracia.
Desde muito jovem que Mário Soares lutou corajosamente contra a Ditadura. Foi preso, foi deportado e conheceu o exílio, tendo sido nessa altura que fundou o Partido Socialista. Regressou a Portugal depois do libertador dia 25 de Abril de 1974 e tornou-se uma figura de referência nacional, vindo a ser deputado, ministro, primeiro-ministro, Presidente da República e eurodeputado.
Portugal deve muito a este antigo Presidente da República Portuguesa, porque o seu prestígio pessoal e político a nível internacional foram um passaporte necessário para a entrada numa Europa desconfiada do que se passava em Portugal e que saíra há pouco tempo de um regime opressivo e ditatorial.
Como todos os políticos, Mário Soares não recolhia o apoio unânime dos portugueses mas todos lhe reconhecem um protagonismo decisivo na consolidação do regime democrático, na integração política e social na família europeia e na intransigente defesa da Liberdade. Ninguém ficou indiferente às suas exemplares qualidades de coragem, de tenacidade e de persistência, nem aos seus valores cívicos e culturais, que fizeram dele um político muito respeitado até pelos seus adversários.  
As instituições não deixarão de prestar as homenagens que são devidas a Mário Soares, um símbolo da Liberdade e uma das mais importantes personagens do século XX português, que a Europa e o mundo admiravam. Aqui lhe deixamos um singelo tributo.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

O custo dos combustíveis e a demagogia

Uma das principais fontes da receita pública são os impostos indirectos e, de entre estes, os impostos sobre os combustíveis que constituem sempre uma substancial parcela do orçamento do Estado. Do preço pago pelos consumidores nas bombas de abastecimento, cerca de metade reverte directamente para o Estado. É assim por toda a parte e, no início do ano, começa o folhetim dos aumentos dos combustíveis para assegurar as receitas de que o Estado carece.
Embora o assunto já não seja notícia, ainda há jornais que o destacam. Assim sucede hoje com o jornal francês L’Est éclair que se publica na cidade de Troyes, ao destacar na sua primeira página a subida do preço dos combustíveis. Aqui perto, também vários jornais espanhóis tratam desse assunto e, por exemplo, La Voz de Galícia destaca que “las gasolinas cuestam a los gallegos um 23% más que hace um año”.
Aqui em Portugal somos originais e nem os jornais nem os jornalistas trataram este assunto. Vai daí, a jovem presidente centrista de nome Cristas decidiu encenar um número e foi abastecer o seu carro com 20 euros de combustível. Chamou os seus amigos da TVI que servilmente alinharam naquela cena... e desancou no governo. Um caso de pura demagogia de quem politicamente pouco vale e que quer ganhar notoriedade. A orquestrada cena foi ridícula, até porque a jovem Cristas fez parte do governo de Passos-Portas, que foi humilhado pela Europa, que empobreceu o país e que foi mais longe do que a sinistra troika.
A jovem Cristas poderia ter abastecido a sua viatura na bomba de abastecimento do pai, que é revendedor de combustíveis, como provavelmente costuma fazer, mas escolheu outro cenário que lhe pareceu mais favorável. Do que não restam dúvidas é que os filhos dos revendedores de combustíveis gostam da política, sejam eles nascidos em Boliqueime ou em Luanda.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

As dúvidas e as incertezas do Brasil

A recente rebelião do presídio de Manaus em que se confrontaram grupos rivais e que se saldou em 60 mortos e 184 fugitivos, não é só um acontecimento trágico, mas também é um sinal muito preocupante da situação social que se vive em algumas regiões brasileiras, com evidentes sinais de instabilidade e até mesmo de desagregação. A consulta da imprensa brasileira revela sinais de uma crise profunda, em que sobressai a fraqueza do Estado e das instituições, mas também uma situação económica fragilizada pela recessão e pelo desemprego e um quotidiano de insegurança e de incerteza.
A propósito da rebelião do presídio de Manaus o jornal Estado de Minas classifica o ambiente do sistema prisional brasileiro como bomba-relógio, mas esse alerta é porventura mais profundo e pode aplicar-se a outros sectores da sociedade brasileira, que não apenas o sistema prisional.
A imagem externa do Brasil deteriorou-se enormemente quando há poucos meses foi destituída a Presidente Dilma Rousseff, como consequência de um confronto de facções político-partidárias. A democracia brasileira abriu uma profunda brecha e saiu muito enfraquecida do processo de “impeachment”, ao contrário do que foi dito. A confusão no topo do Estado contagiou outros escalões. O sistema político brasileiro abriu uma caixa de Pandora e viu-se o novo governo de Michel Temer a perder ministro sobre ministro, sob acusações de corrupção. Muitas instituições federais ou estaduais têm revelado alguma incapacidade para assegurar a harmonia social, para promover a recuperação económica e para dar confiança aos brasileiros. 
É preciso que a rebelião de Manaus tenha sido apenas um caso isolado e que não haja qualquer bomba-relógio no horizonte brasileiro.

Guernica: símbolo da crueldade da guerra

Nestes primeiros dias do ano e em jeito de balanço, a imprensa espanhola tem destacado três grandes temas que são as festas religiosas do Natal, a significativa quebra no desemprego e o enorme aumento do turismo, o que de resto parece ser uma característica ibérica.
Porém, no meio de alguma unanimidade noticiosa, o diário Málaga hoy anuncia a realização do Año Guernica que este ano se comemora e em que será homenageado Pablo Picasso, o mais famoso de todos os malaguenhos.
Pablo Picasso nasceu em Málaga em 1881 e de entre as suas obras mais famosas salienta-se Guernica, um painel pintado a óleo em 1937 por ocasião da Exposição Internacional de Paris e que foi exposto no pavilhão da República Espanhola. Esse enorme painel que mede 3,49 x 7,77 metros encontra-se em Madrid no Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia e representa o bombardeamento efectuado no dia 26 de Abril de 1937 sobre a cidade basca de Guernica, situada a poucos quilômetros de Bilbau, por aviões alemães e italianos que apoiavam as forças nacionalistas do ditador Francisco Franco.
Guernica tornou-se um símbolo universal da crueldade da guerra e estão anunciadas grandes exposições no Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia e no Museu Thyssen-Bornemisza em Madrid e no Museu de Barcelona.
No caso do Museu Rainha Sofia já está anunciada a exposição intitulada “Piedadd y terror em Picasso: el camino a Guernica” que celebrará os 80 anos de Guernica e que estará patente de 4 de Abril a 4 de Setembro, na qual poderão ser vistas cerca de 150 obras primas do pintor, provenientes de colecções de mais de três dezenas de instituições de todo o mundo. Uma grande oportunidade.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

O português é uma língua em ascensão

O diário Hoy é o principal jornal da Extremadura espanhola e tem edições simultâneas nas cidades de Badajoz e Cáceres.
Hoje, ambas as edições destacam o ataque terrorista que aconteceu na noite da passagem do ano numa discoteca de Istambul, mas também incluem um anúncio na sua primeira página que chama a atenção dos portugueses, pois reproduz a bandeira nacional.
O anúncio promove a venda de um “Curso audiovisual de autoaprendizaje de português” que tem o valor de 103 euros, mas que pode ser comprado nas instalações do jornal por 24,95 euros, isto é, trata-se de uma promoção com um desconto de 78,05 euros que representa uma poupança de 76%. Nesta altura, segundo o jornal, “ya lo tienen 5”.
O anúncio convida os leitores a aprender português de forma amena e ao ritmo de cada um, diz que “es el momento de aprender portugués” e acrescenta que “o Curso es compuesto por todo el material audiovisual, diccionario y casos prácticos que te permitirán defenderte en las destrezas básicas de un idioma en alza: leer, escribir y hablar português”.
Idioma em alza” significa idioma em ascensão ou idioma em alta. De facto, o português é falado por mais de 200 milhões de pessoas e é a 6ª língua mais falada no mundo, depois do mandarim, do espanhol, do inglês, do híndi e do árabe. Qualquer dia, quando uma proposta feita em 2008 pelos países da CPLP vingar, há-de tornar-se a 7ª língua oficial das Nações Unidas.

domingo, 1 de janeiro de 2017

O meu voto de boa sorte para Guterres

António Guterres iniciou hoje o seu mandato de cinco anos como secretário-geral das Nações Unidas e esse facto é um acontecimento marcante da nossa história contemporânea, que deixa os portugueses muito orgulhosos.
A partir de agora, todos estaremos mais atentos ao que se passar nas Nações Unidas e no mundo, até porque a inteligência, a experiência e a sensibilidade de António Guterres colocam as nossas expectativas demasiado altas. Nenhum português teve alguma vez um desafio desta dimensão, em que se interceptam as complexas crises que vai enfrentar, que vão desde a Síria aos refugiados, mas que também passam pelo terrorismo, pelas alterações climáticas, pelos direitos humanos e pela fome no mundo.
António Guterres vai encontrar um mar de problemas e uma nau em risco de naufrágio. As Nações Unidas são cada vez mais uma organização paralisada por uma excessiva burocracia e que está a passar por um período de descrédito internacional porque se tem mostrado inoperante perante o conflito da Síria e que, além disso, está muito manchada por alguns episódios de má conduta dos seus funcionários. De facto a ONU está sem rumo, um pouco como acontece com o mundo. A escolha de um português para ocupar o cargo de secretário-geral da ONU é realmente um acontecimento único e nenhum dos seus concidadãos ficou indiferente a esta designação.
O processo de candidatura foi exemplar e meio mundo ficou espantado. Agora todos esperamos que ele consiga, a partir de hoje, colocar as suas capacidades ao serviço da paz mundial e tenha resultados positivos. Como dizia hoje o suplemento Magazine do Diário de Notícias, numa edição especial que lhe foi dedicada, temos ”o mundo no olhar de Guterres” e todos esperamos que ele tenha boa sorte. O mundo precisa mesmo deste António Guterres. Que a sorte o acompanhe.

Novo ano e esperança num mundo melhor

Ontem despedimo-nos de 2016 com uma imagem do Brasil e da sufocante praia de Pitangueiras a abarrotar de guarda-sóis e de gente. Hoje voltamos ao Brasil para saudarmos a chegada do novo ano de 2017, através de uma imagem do espectacular fogo de artifício sobre a praia de Copacabana no Rio de Janeiro, que o jornal O Globo escolheu para ilustrar a sua primeira edição do novo ano.
Hoje, como repetidamente acontece todos os anos, muitos jornais ilustraram as suas edições com imagens do fogo de artifício em Sydney e Hong Kong, enquanto a generalidade das televisões rivalizaram na apresentação de imagens da passagem do ano.
Porém, para além das festivas e coloridas imagens que proporciona, esta mudança de calendário torna-se um tempo de reflexão, em que por toda a parte se exprime a aspiração por um mundo melhor, com paz, harmonia e prosperidade. Esta aspiração também significa que se deseja o fim de todas as guerras, o fim do terrorismo, o fim da exploração e o fim da fome e da pobreza.  Estes e outros males do mundo podem não acabar de repente, mas há que fazer um esforço no sentido de os atenuar, para que a felicidade, a segurança, a prosperidade e o bem estar sejam cada vez mais uma pertença de toda a Humanidade.
Que em 2017 seja esse o rumo do mundo.