Nos últimos anos, com o crédito barato e o endividamento fácil, associados às megalomanias e aos deslumbramentos dos seus governantes, a Região Autónoma da Madeira acumulou uma dívida colossal de 6 mil milhões de euros.
Essa dívida é a consequência de uma governação desgovernada, assente numa estrutura que é mais pesada do que a do Continente e que se apoia numa malha de 28 direcções regionais, 5 institutos e 33 empresas regionais, algumas tecnicamente falidas. Toda esta rede constitui o maior empregador regional e a maior agência de absorção de subsídios.
Neste quadro de descontrolo, a dívida da Madeira mais que duplicou nos últimos cinco anos, sendo curioso verificar que, proporcionalmente, aumentou mais do que a dívida continental. Paradoxalmente, apenas há dois anos, a então líder social-democrata visitou o Funchal tendo então afirmado que a Madeira é exemplo de um "bastião inamovível" e de "um bom governo do PSD".
O presidente do Governo Regional não é apenas o principal responsável por este descalabro financeiro, como tem sido o exemplo maior de uma arrogância política que muitas vezes roça a boçalidade, além de recorrer frequentemente ao insulto gratuito e, por vezes, à ameaça separatista.
Hoje foi divulgada a carta de intenções em que Governo Regional da Madeira solicita assistência financeira à República Portuguesa e se compromete a tomar medidas já no início de 2012. São 23 medidas muito duras que repercutem e ampliam na Região a receita que a troika já nos tinha imposto. Tal como a República se submeteu à troika internacional, também a Região se submeteu à "troika continental gaspariana". O homem que, apoiado pelos silvas e pelos ramos, garantira que nunca subiria impostos, torna-se o rosto da maior subida fiscal de que há memória na Madeira.
As críticas foram imediatas e severas. O líder do CDS salientou que o Governo Regional “assinou a certidão de óbito da sua governação da última década e subscreveu o sequestro da autonomia por muitos anos”, salientando que “se o Governo Regional cortasse no despesismo, no desperdício e nas fantasias do desporto, no Jornal da Madeira, nas verbas aos partidos, nas 187 entidades públicas e em obras sem qualquer utilidade era evitável este aumento brutal de impostos, taxas e contribuições".
Para o líder do PS regional “hoje é o pior dia, o mais negro para a autonomia da região”, acrescentando que os madeirenses estão “perante uma das maiores desgraças que aconteceu à Madeira e nada se compara com isto num passado recente”.
O plano de resgate financeiro da Madeira, que envolve um empréstimo cujo valor não foi revelado, implica a transferência da gestão da dívida pública da Madeira para o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público, proibindo a região de mais endividamento. Para o arrogante Jardim, que semeou ventos e colheu tempestades, é mesmo uma humilhação.
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