Perfazem-se agora cinquenta anos sobre a data em que as tropas da União Indiana invadiram e ocuparam os territórios do Estado Português da Índia.
Salazar sempre rejeitara quaisquer negociações para transferir a soberania daqueles territórios para a recém independente União Indiana e Nehru sempre reivindicara aqueles territórios como parte integrante do país que governava desde 1947. Eram dois homens obstinados e teimosos, por acaso nascidos no mesmo ano de 1889, tendo ambos o Direito como base da sua formação académica e que, por motivos diferentes, nunca aceitaram que fosse perguntado aos goeses qual o futuro que queriam para a sua terra.
No dia 14 de Dezembro de 1961, quando já se estava na iminência da acção armada indiana, Salazar enviou ao Governador Vassalo e Silva e aos militares estacionados no Estado da Índia uma mensagem, que incluia os seguintes parágrafos:
... É horrível pensar que isso pode significar o sacrifício total, mas recomendo e espero esse sacrifício como única forma de nos mantermos à altura das nossas tradições e prestarmos o maior serviço ao futuro da Nação. Não prevejo possibilidade de tréguas nem prisioneiros portugueses, como não haverá navios rendidos, pois sinto que apenas pode haver soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos. Na madrugada de 18 de Dezembro de 1961 começou a invasão dos três territórios por terra, mar e ar e, em poucas horas, os indefensáveis territórios de Goa, Damão e Diu foram ocupados. Apesar da desproporção das forças em presença houve quem resistisse em terra e, sobretudo, no mar.
A perda de Goa, Damão e Diu foi um acontecimento traumático para a sociedade portuguesa e foi o princípio do fim do império que os portugueses criaram ao longo do século XVI.
A programação dos jornais, da televisão e da rádio não esqueceu a evocação desses acontecimentos e, na sua edição de hoje, o Diário de Notícias destacou-o em primeira página.
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