A
notícia de que o défice da nossa balança comercial se tinha deteriorado, não me
causou qualquer surpresa. De acordo com a notícia do Economia & Finanças, é
preciso recuar ao trimestre terminado em Fevereiro de 2009 para encontrar uma
degradação da taxa de cobertura das importações pelas exportações superior à que
agora foi registada pelo INE, relativa ao trimestre terminado em Fevereiro de
2014, que se fixou nos 80,7%.
Segundo o INE, o défice da balança comercial
degradou-se em 333,3 milhões de euros. As exportações para fora do espaço
comunitário aumentaram 4,2% e as importações diminuiram 8,4%, daí resultando
uma melhoria da taxa de cobertura para os 94,1%, mas o comércio
extra-comunitário só pesa cerca de 30% no total do nosso comércio externo. No
que respeita ao espaço comunitário, que pesa cerca de 70% no nosso comércio externo, as
exportações aumentaram 4,5%, mas as importações cresceram 13,6%, de que
resultou a maior deterioração da taxa de cobertura global havida desde
Fevereiro de 2009 e que agora se situa nos 76,4%. Diz o INE que “as
importações Intra-UE aumentaram 13,6%, traduzindo o acréscimo generalizado da
quase totalidade dos grupos de produtos, mas sobretudo dos ‘Veículos e outro material de transporte (em
especial Automóveis de passageiros e Partes e acessórios para veículos
automóveis), Combustíveis minerais e Máquinas e aparelhos”.
Nada disto me surpreende. A geração que nos governa vive do narcisismo e da
vaidade que se expressam, entre outras coisas, no culto pelos carros topo de
gama. Não há ministro, nem secretário de Estado, nem assessor que não goste de
se pavonear num Audi, num BMW ou num Mercedes. O Banco de Portugal não hesita
na escolha e até a Factura da Sorte recorreu a uma dessas marcas no mais incrível sorteio que se vai fazer em Portugal. Tudo
importado da Alemanha. À grande! Ora aí estão as primeiras consequências na balança comercial deste
despesismo novo-riquista. Depois, são estes mesmos deslumbrados que nos vêm dizer que temos vivido acima das
nossas possibilidades!
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