Quando termina um
ano, a generalidade dos orgãos de comunicação social faz análises
retrospectivas sobre o que de bom e de menos bom se passou durante o ano e
escolhe as personalidades que mais se distinguiram. Este ano também tem sido
assim e, embora António Guterres, Cristiano Ronaldo ou Mário Centeno sejam
apontados como figuras marcantes de 2017 e estejam no grupo de portugueses que
mais se destacaram, há uma verdadeira unanimidade a considerar Marcelo Rebelo
de Sousa como o Homem do Ano.
Embora não goste
muito de unanimidades, neste caso não me custa nada a aceitá-la e a alinhar ao
lado dela, embora eu tenha algumas reservas quanto ao concubinato que se está a
verificar entre a comunicação social e os serviços da Presidência, ou mesmo do próprio
Presidente. De manhã, à tarde e à noite, sempre rodeado de microfones e de câmaras
que naturalmente foram convidadas para fazer parte da cena, vemos MRS a distribuir
afectos, beijos e abraços, a plantar árvores, a estender roupa, a comer com os
sem-abrigo, a andar de carrocel nas feiras e, principalmente, a falar de orçamentos,
de centenos, de legionellas, de raríssimas, de tudo. Tem sido um exagero. Se o
outro deixou Boliqueime mas Boloqueime nunca o deixou, este deixou a TVI mas não
consegue deixar a pele de comentador.
Agora que
apareceu a inoportuna hérnia umbilical que o levou ao Hospital Curry Cabral e às mãos
do seu amigo Barroso, que por acaso até nem gosta de aparecer na televisão,
deixamos por uns dias de ouvir MRS a comentar tudo. Tem sido um descanso.
Portanto, há que
felicitar o Homem do Ano pelo seu desempenho e desejar-lhe uma rápida recuperação.
Porém, não posso deixar de lhe desejar um bom ano de 2018 no cumprimento da
missão para que foi eleito, mas que se liberte dos estagiários do microfone que
o acompanham por todo o lado e que, na sua ânsia de lhe agradar, o deixam
muitas vezes à porta do ridículo e nós não queremos que isso aconteça.