Nas suas edições
de hoje quase toda a imprensa brasileira faz manchete com a frase “400 mil mortes” e, portanto, é um dia
muito triste para o Brasil, a mostrar que o país está perante uma enorme
catástrofe humanitária. Nas últimas 24 horas foram contabilizados 3.001 óbitos e
69.389 novos casos de infectados, o que coloca o Brasil em segundo lugar na
lista dos países que tiveram mais óbitos, só superado pelos Estados Unidos. Com
cerca de 2,7% da população mundial, o Brasil concentra 9,7% de todos os
infectados e 12,6% de todos os óbitos.
Hoje o Correio
Brasiliense pergunta como foi possível chegar a esta situação tão
dramática e quem é que vai pagar por isso.
A primeira
resposta parece encontrar-se na falta de vacinas para poder acelerar a
imunização da população, mas o facto é que o vacinómetro apresentado pelo Conselho Nacional de Saúde do Brasil indica
que já foram distribuídas 57 milhões de vacinas, das quais já foram aplicadas
41 milhões de doses, havendo quase 13 milhões de brasileiros, correspondentes a
6% da população, que já receberam as duas doses da vacina. Portanto, apesar das
vacinas serem um recurso escasso em todos os países, não parece que seja esse o
problema do Brasil, que ontem terá recebido as primeiras remessas da vacina
produzida pela Pfizer. Assim, como sugerem vários jornais, o Brasil está a
sofrer as consequências de ter um Presidente negacionista, que não tomou as
medidas adequadas, que teve comportamentos condenáveis, que deu maus exemplos à
população e que se revelou um irresponsável. Espera-se que a Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar as acções ou omissões das
autoridades durante a pandemia e, em especial, a actuação de Bolsonaro, consiga
resultados. O país que há bem pouco tempo era o exemplo mundial da luta contra
a pobreza, está a passar agora por um período de desprestígio e de imagem
negativa, provocados por um presidente incapaz, que envergonha a maioria dos
brasileiros. Os americanos puseram Donald Trump na rua. Os brasileiros vão
fazer o mesmo a Jair Bolsonaro.