quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Valência sob anomalias meteorológicas

Na noite de terça para quarta-feira da corrente semana, ou de 29 para 30 de Outubro, chuvas torrenciais inundaram o sul e o leste da Espanha, sobretudo na Comunidade Valenciana e na Andaluzia. Nas suas edições de hoje, os jornais espanhóis escolheram para título das suas primeiras páginas, palavras como drama, apocalipse, tragédia, dilúvio, catástrofe, hecatombe, devastação e luto, escrevendo que foi “um ano de chuva em oito horas”, que matou pelo menos 95 pessoas, embora haja dezenas de pessoas desaparecidas e outras isoladas em locais inacessíveis. De acordo com as notícias, haverá ainda 1200 pessoas presas nas estradas e cerca de cinco mil veículos bloqueados. 
O jornal Hoy de Badajoz publica a fotografia de uma rua da localidade de Picaña, na comarca de Huerta Sur, na periferia da cidade de Valência, que mostra os efeitos catastróficos das cheias. Essa fotografia “diz mais que mil palavras” e foi escolhida por quase todos os jornais espanhóis para ilustrar esta tragédia valenciana.
Caíram mais de 400 litros de chuva por metro quadrado e este fenómeno meteorológico também já tem acontecido em várias regiões de Portugal, designadamente em Novembro de 1967 na região de Lisboa, que causou cerca de 700 mortos e a destruição de cerca de 20 mil casas, constituindo a pior catástrofe na região de Lisboa desde o grande terramoto de 1755.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Bolas de ouro e troféus são para os outros

Em finais de Outubro de cada ano, o mundo do futebol reúne-se para escolher o melhor jogador do futebol masculino e feminino da última temporada, que recebem o Ballon d’Or, um troféu patrocinado pelo jornal France-Football em parceria com a UEFA.
Neste ano de 2024, na festa realizada no Théâtre du Châtelet em Paris, o futebol espanhol ganhou ambos os troféus através de Rodri Hernández que joga no Manchester City e Aitana Bonmati que joga no FC Barcelona. A Espanha está em festa, a imprensa espanhola mostrou-se eufórica e o jornal desportivo as escolheu para título de primeira página que “España es de oro”.
Os futebolistas portugueses também foram votados mas obtiveram votações bem modestas, pois nos 30 melhores só aparecem Rúben Dias do Manchester City (23º) e Vitinha do PSG (27º). Longe vão os tempos em que os vencedores foram Eusébio (1965), Figo (2000) e Cristiano Ronaldo (2008, 2013, 2014, 2026 e 2017).
Nesta gala também foram escolhidos os vencedores do Troféu Yachine e do Troféu Kopa. O Troféu Yachine é destinado ao melhor guarda-redes e coube ao argentino Emiliano Martinez, ficando o português Diogo Costa em 8º lugar; o Troféu Kopa distingue o melhor futebolista jovem e foi atribuido ao espanhol Lamine Yamal, tendo o português João Neves ficado classificado no 6º lugar dessa tabela. Ainda foi atribuido o Troféu Johan Cruyff ao melhor treinador e o escolhido foi o italiano Carlo Ancelotti, não havendo qualquer português na respectiva tabela classificativa.
Em síntese, por vezes julgamos que somos muito bons em futebol – e somos - mas parece haver outros que são bem melhores

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Um voo de Lisboa a Macau há 100 anos

O ponto final é um jornal que foi fundado em 1991 e que é um dos três jornais diários em língua portuguesa que se publicam na Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China. Na sua última edição, o jornal evoca com uma grande reportagem a primeira viagem aérea entre Portugal e Macau, que se realizou há 100 anos e, na sua primeira página, publica a fotografia do Pátria, o aeroplano no qual os aviadores Sarmento de Beires, Brito Paes e Manuel Gouveia ligaram Portugal a Macau por via aérea em 1924. Gago Coutinho e Sacadura Cabral já tinham ligado Portugal ao Brasil em 1922 e essa viagem aérea inspirou aquele trio para fazer uma viagem comparável na dimensão e no arrojo, voando para Oriente, não sobre o mar, mas sobre a terra.
O governo português não financiou a viagem e o projecto veio a ser financiado pela fortuna pessoal de Brito Paes e por subscrições públicas. Num pequeno monomotor biplano, o Breguet 16 Bn2, chamado Pátria, os aviadorers partiram da Amadora no dia 2 de Abril de 1924 e, depois, de Vila Nova de Milfontes no dia 7 de Abril. Escalaram várias cidades do norte de África, atravessaram o Líbano, chegaram ao Paquistão e depois a Jodhpur, na Índia, onde o aparelho foi destruído numa aterragem de emergência, devido ao vento. Adquiriram então um novo avião, um De Havilland 9A a que chamaram Pátria II e prosseguiram viagem. A aventura terminou com sucesso na aldeia chinesa de Shum-Chum, a poucos quilómetros de Hong Kong, no dia 20 de Junho de 1924, depois de terem voado 16.380 quilómetros em dois aviões.
Na sua desenvolvida evocação histórica, o jornal ponto final destaca ainda a calorosa recepção com que Macau recebeu os aviadores portugueses.

sábado, 26 de outubro de 2024

Don ou Harris? Americanos que escolham.

Aproxima-se o dia em que os americanos vão votar para escolher o sucessor ou a sucessora de Joe Biden e a incerteza é enorme. O processo eleitoral americano é complexo e as sondagens não são credíveis, pelo que o resultado final se afigura imprevisível. Os Republicanos e os Democratas parecem estar empatados e o jogo eleitoral não permite que os candidatos – Donald Trump e Kamala Harris – digam tudo o que pensam sobre a forma como vão enfrentar os desafios com que a América e o mundo estão confrontados, nem a forma como se vão libertar dos grupos de pressão internos que tanto têm condicionado a política americana.
Porém, tanto nos Estados Unidos, como um pouco por todo o mundo, as eleições americanas são o assunto mais importante do momento, como se verifica na mais recente edição da revista Newsweek e pode afirmar-se que o próximo presidente dos Estados Unidos, vai ser decisivo para o futuro do mundo, pois as suas posições vão ser determinantes, ou não, para a construção da paz e da harmonia na comunidade internacional. É tempo de acabar com as guerras, sobretudo na Ucrânia e no Médio Oriente, que destroem e matam, que consomem recursos que fazem falta para o combate à pobreza e à fome, às alterações climáticas e ao subdesenvolvimento.
O que se espera do voto dos americanos é uma escolha presidencial que afirme os Estados Unidos como o grande defensor da paz, da concórdia e da democracia e, naturalmente, que faça com que a sua voz volte a ser respeitada no mundo, o que não tem acontecido nos últimos anos com Joe Biden e Antony Blinken, provavelmente os maiores responsáveis pela galopante queda do prestígio internacional do país de Thomas Jefferson e de George Washington.
Pela primeira vez desde 1988, o jornal The Washington Post não vai apoiar nenhum dos candidatos à Casa Branca. Eu também não.

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

BRICS reclamam nova ordem mundial

A edição de hoje do jornal hojemacau exibe uma fotografia em que se reconhecem Narendra Modi, Vladimir Putin e Xi Jinping, sobre a qual se encontra o título “Olhos em Kazan”, isto é, olhos na 16ª Cimeira dos BRICS.
Esta cimeira de Kazan e estes homens recordam-nos a Cimeira de Bandung realizada em 1955, na qual se salientaram Nehru, Nasser, Tito e Sukarno, que criaram o Movimento dos Não-Alinhados e aprovaram como princípios políticos, a luta contra o colonialismo, o direito de todos os povos à autodeterminação, a luta pela independência nacional e a liberdade de escolha por cada estado dos seus próprios sistemas políticos. Com a Cimeira de Bandung o mundo mudou muito e, cerca de 69 anos depois, a Cimeira de Kazan mostra algumas analogias bem curiosas, no número de participantes, na notoriedade dos promotores, nas reivindicações explícitas ou implícitas e, naturalmente, na procura de uma nova ordem internacional, a começar pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A Declaração de Kazan, ontem divulgada, consta de 134 pontos e parece ter de tudo um pouco no sentido do “fortalecimento do multilateralismo para uma ordem mundial mais justa e democrática”, mas o que sobressai é a contestação à actual ordem mundial saída da II Guerra Mundial, o desafio à actual hegemonia do chamado Ocidente Alargado e a procura do fim do subdesenvolvimento do Sul Global. A Cimeira mostrou que a Rússia não está isolada, enquanto António Guterres mostrou grande coragem em ter estado em Kazan. Curiosamente ou não, os mass media ocidentais quase ignoraram a Cimeira de Kazan, ao contrário da imprensa do ”outro lado do mundo”, como se viu com o hojemacau. É muito significativo.
Depois desta cimeira vai ser necessário pensar muito ou, o que é a mesma coisa, ter os "olhos em Kazan"…

Olinda restaura o seu património histórico

A edição de ontem do jornal Folha de Pernambuco publica uma fotografia do Mosteiro de São Bento, na cidade de Olinda do estado brasileiro de Pernambuco, destacando a informação de que vai ser objecto de restauro. A fotografia é apresentada a toda a largura da primeira página do jornal e desperta o interesse daqueles que defendem o valor histórico e cultural do património arquitectónico de origem portuguesa que se conserva em várias regiões do mundo, designadamente no Brasil.
O centro histórico de Olinda foi inscrito em 1982 na Lista do Património Histórico da Humanidade da Unesco e inclui cerca de duas dezenas de conventos e igrejas barrocas, incluindo o Mosteiro de São Bento, cuja igreja foi elevada à dignidade de Basílica Menor pelo Papa Joáo Paulo II.
O mosteiro foi construído pelos Beneditinos e ficou concluído em 1599, constituindo actualmente um dos mais importantes complexos arquitectónicos barrocos do Brasil e um pólo turístico muito procurado pelo turismo no estado de Pernambuco. Por isso, o governo e a governadora Raquel Lyra avançaram com um projecto de restauro orçamentado em 15,3 milhóes de reais e que ficará concluído em Maio de 2027. O projeto prevê que todos os bens artísticos decorativos que integram a nave, a sacristia, o coro, a capela-mor, a capela do santíssimo, a capela abacial e a sala capitular da Igreja do Mosteiro de São Bento passem por serviços de restauração e conservação. 
A governadora Raquel Lyra afirmou que “estamos trabalhando de maneira muito intensa para devolver a Pernambuco o que representa a sua identidade, buscando fortalecer o nosso turismo, mas também podendo garantir a perpetuação da sua história”. Naturalmente, aqui fica registado o nosso aplauso pela iniciativa do governo de Pernambuco.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

A voz dos povos do “outro lado do mundo”

Está a decorrer na cidade russa de Kazan a 16ª Cimeira Anual dos BRICS, na qual participam os países do núcleo inicial – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – assim como os novos membros – Arábia Saudita, Egipto, Etiópia, Irão e Emirados Árabes Unidos, mas também outros países candidatos, ou convidados a assistir à Cimeira. Estão em Kazan mais de 20 chefes de Estado e de Governo dos chamados países emergentes, representando cerca de 45% da população mundial e cerca de 35% da economia global.
O anfitrião é Vladimir Putin, que receberá Xi Jinping, Narendra Modi e Cyril Ramaphosa, já que Lula da Silva estará ausente por razões de saúde. Todo o comentariado assinala que o potencial económico dos BRICS já ultrapassa o G7 e que a sua influência geopolítica é cada vez maior, referindo também que esta Cimeira está a servir para Putin mostrar que a Rússia não está isolada e que tem amigos, ao contrário do que afirma repetidamente a propaganda ocidental.
Os BRICS e as suas Cimeiras estão a tornar-se um desafio às políticas dos países ocidentais, marcadas por muita arrogância de que “o outro lado do mundo não gosta nem aceita”, porque lhes recorda os tempos de humilhação colonial. A decisão geopolítica ocidental de levar a NATO a entrar profundamente em território russo e para além da longitude de Moscovo, tal como os apoios expressos ou implícitos à crueldade israelita contra os seus vizinhos, são sinais de que “o outro lado do mundo não gosta nem aceita”. Por isso, a Cimeira dos BRICS também é um aviso para alguns líderes ocidentais que, manifestamente, parecem não conhecer a mentalidade dos povos do outro lado do mundo.

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

As nossas televisões são demasiado tóxicas

A edição de hoje do diário australiano Daily Telegraph, que se publica em Sydney desde 1879, destacou alguns segredos das estações australianas de televisão e escolheu como título a frase Toxic TV.
Este título despertou-me a atenção, pois desde há algum tempo que sinto que os canais televisivos portugueses, embora em grau diferenciado, nos intoxicam diariamente, sobretudo através de pivots e de comentadores, a maioria dos quais sem escrúpulos e sem outras preocupações que não sejam a propaganda das suas ideias e das suas teses. Os diferentes  canais televisivos dão cobertura a comentários e a comentadores nada honestos e sem amor à verdade, quase como se fossem espaços publicitários. Não são espaços informativos ou de comentário livre, pois são meros espaços de propaganda. 
O caso da guerra no Médio Oriente é apenas um exemplo entre muitos, pois existe um discurso expresso ou subjectivo, que tende a justificar toda a violência e a brutalidade israelita, assim como o efectivo genocídio do povo palestiniano, como se todo ele pertencesse ao Hamas. Recordo, por exemplo, que enquanto o mundo vem condenando a brutalidade israelita, a destruição do património, os massacres e o genocídio sobre os povos palestiniano e libanês, assistimos nas nossas televisões à presença de comentadores/as que continuam a considerar justificada a violência do regime de Netanyahu e a chamar terroristas a todos os vizinhos de Israel. Alguma dessa gente, que pomposamente usa o título de “especialista em Relações Internacionais”, não sabe o que são direitos humanos, nem o que é o sofrimento da guerra. E quando meio mundo elogia e apoia o nosso compatriota António Guterres  na sua procura de um cessar-fogo e da paz, vemos alguns desses comentadores a alinharem com o extremismo israelita e a criticarem  o secretário-geral das Nações Unidas. Essa gente é uma vergonha e a sua presença nas televisões é um escândalo e um atentado à inteligência dos portugueses.
Dando abrigo a essa gente, as televisões portuguesas, tal como as televisões australianas, estão a ficar demasiado tóxicas.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Amália e o fado são saudade em Macau

O Instituto Português do Oriente (IPOR) e o Teatro D. Pedro V de Macau decidiram homenagear Amália Rodrigues, a voz maior do Fado, por ocasião do 25º aniversário da sua morte, acontecida no dia 6 de Outubro de 1999. O jornal macauhoje deu o devido destaque a este acontecimento ao publicar a fotografia de Amália na capa da sua edição de ontem, em que anunciou o espectáculo promovido em sua homenagem.
O espectáculo apresentado em Macau intitula-se Fado Nosso e nasceu em Lisboa no ano de 2003, por iniciativa da companhia de dança portuguesa Amálgama, tendo sido concebido para ser apresentado quotidianamente no Panteão Nacional, junto do túmulo de Amália. Dizem as crónicas que esse espectáculo, que combina a dança e o canto na voz da Amália, foi um grande sucesso que veio a ser interrompido devido à pandemia de covid 19.
A oportunidade de apresentar o Fado Nosso em Macau resultou das ligações e influências orientais que a direcção do grupo mantém com o território de Macau desde há muitos anos.
O facto é que nenhum português fica indiferente quando vê Amália destacada na capa de um jornal de Macau...

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Viva António Guterres, lutador pela paz

António Guterres é um portuguêrs muito ilustre que, por escolha da comunidade internacional, vem desempenhando desde 2017 as funções de Secretário-Geral das Nações Unidas. Costuma dizer-se que “grande nau, grande tormenta” e, na verdade, a assembleia onde se reúnem todos os países do mundo é uma grande nau, na qual se reflectem as grandes tormentas do mundo.
Na actual conjuntura mundial, António Guterres tem sido um defensor das grandes causas e, em primeiro lugar, da causa da paz, mas também das causas do apoio aos refugiados, do combate à fome e à pobreza, da defesa dos oceanos e das alterações climáticas, entre outras. Na actual situação do Médio Oriente em que os israelitas começaram por ser vítimas do terror do Hamas, o governo extremista de Netanyahu respondeu com uma desproporcionada violência que parece ter visado a destruição de Gaza e o extermínio do povo palestiniano. Depois, com um espírito vingativo inaceitável, atirou-se ao Líbano com brutalidade e com o pretexto de aniquilar o Hezbollah, perante o silêncio cúmplice dos Estados Unidos e da União Europeia, que lhe fornecem as armas que utiliza. 
António Guterres tem sido o homem da coragem e do bom senso, ao apelar ao cessar-fogo e à paz, denunciando os crimes do Hamas, mas também o terror israelita, que também já foi condenado pelo TPI e que foi tipificado como uma sucessão de crimes de guerra. Na sua loucura destruidora, o extremismo de Netanyahu levou as suas tropas a atacar a UNIFIL, a força das Nações Unidas de manutenção da paz no Líbano e a exigir a sua retirada.
António Guterres reagiu com coragem e os israelitas logo o consideraram “persona non grata”, proibindo-o também de entrar em Israel, mas 105 países, incluindo os Estados Unidos, a União Europeia, o Brasil. a Alemanha e a França,  solidarizaram-se com ele. Cabe destacar as declarações de Josep Borrell, o vice-presidente da Comissão Europeia, que pediu a Israel para parar de culpar Guterres pela missão no Líbano, pois ela resulta de uma decisão do Conselho de Segurança”.
Em síntese, abaixo o extremista Netanyahu! Viva o grande António Guterres!

domingo, 13 de outubro de 2024

O futebol para nos distrair das guerras

Razões pessoais diversas fizeram com que estivesse ausente deste espaço durante alguns dias, embora não estivesse indiferente ao que se passava à minha volta e no mundo, sobretudo em relação à crueldade israelita sobre os seus vizinhos palestinianos e libaneses. O mundo e os grandes poderes ocidentais têm assistido à brutalidade e à desumanidade com que os israelitas têm destruído Gaza e o Líbano, sem quaisquer considerações de natureza humanitária. Finalmente, depois de uma cumplicidade que choca os amantes da paz e do progresso, alguns desses poderes, nomedamente a França, a Itália e a Espanha, levantaram as suas vozes para exigir a Israel que pare imediatamente com os bombardeamentos e suspenda o morticínio que instalou no Médio Oriente. No entanto, as nossas televisões continuam cheias de comentadores ao serviço de Netanyahu e de apoio à sua vingança desproporcionada, o que é verdadeiramente lamentável e chocante.
A condenação de Israel pelo mundo civilizado já começou e o futuro é, de facto, cada vez mais incerto. Nesse contexto de grande preocupação, mas também de condenação da brutalidade israelita, temos que nos distrair e saudar a vitória da selecção nacional de futebol, que ontem bateu a Polónia por 3-1, depois de já ter batido a Escócia e a Croácia, ambas por 2-1.
Portugal “soma e segue” na Liga das Nações e como hoje diz o jornal desportivo Record, esses resultados são uma grande alegria para o povo, que bem precisa de alegrias que nos distraiam das guerras.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

O ano que destruiu o Médio Oriente

A prestigiada revista The Economist que se publica em Londres, dedicou uma edição especial ao conflito em curso no Médio Oriente e escolheu como título “Irão, Israel e os Palestinianos - o ano que destruiu o Médio Oriente”. Num subtítulo em destaque pode ler-se “matar ou ser morto é a nova lógica da região” ou, ainda, “a dissuasão e a diplomacia seriam melhores”.
Muitos, sobretudo gente escolhida para o efeito, recordam que Israel tem o direito de se defender e é verdade. Porém, o que temos visto não é o exercício do direito de defesa, mas tão só uma desproporcionada onda de vingança, de violência e de brutalidade israelita contra instalações e pessoas, muitas delas inocentes, num quadro de genocídio generalizado dos povos palestiniano e libanês. Não há respeito por civis, por mulheres e crianças, ou por direitos humanos. O ditador Benjamin Netanyahu já foi condenado por crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional, mas não se ouvem as vozes que podiam travar ou moderar a brutalidade das suas tropas, como por exemplo Joe Biden, o pequeno Macron, ou Ursula von der Leyen, que se comportam como verdadeiros aliados de Israel e não como agentes diplomáticos que procuram a paz no Médio Oriente.
As televisões mostram-nos imagens aterradoras das destruições provocadas pelos bombardeamentos israelitas, não só em Gaza, mas também no Líbano e noutras regiões, embora a mensagem passada pelas televisões ocidentais alinhadas com Israel, como sucede com a CNN, seja diferente da mensagem passada pela Al Jazeera.
Ninguém compreende esta caminhada louca de ataques e de retaliações que provocam a morte e a destruição, que levam muitos milhares de pessoas a fugir e a procurar refúgio. Neste ano que já destruiu o Médio Oriente, há uma séria ameaça à paz mundial e Portugal continua a assobiar para o lado.

O mundo olha para o Líbano horrorizado

O conflito que começou há quase um ano no Médio Oriente com a violenta resposta israelita à acção terrorista do Hamas do dia 7 de Outubro na Faixa de Gaza, tem sido brutal, destruidora e desumana, pois é dirigida a todo o povo palestiniano. O governo extremista de Israel tem aproveitado a actual conjuntura para provocar sérios danos humanitários e patrimoniais aos seus vizinhos, de que já resultaram milhares de mortos e deslocados e daí que muitas organizações acusem o governo israelita de genocídio. Depois da destruição da Faixa de Gaza e de outras acções na Cisjordânia, as forças israelitas atiraram-se agora ao Hezbollah e invadiram o Líbano. 
As imagens que nos chegam dos bombardeamentos israelistas em território libanês, sobretudo na área de Beirute, sáo aterradoras e devem deixar envergonhados aqueles que, em vários países, continuam a fornecer armamento aos israelitas e a apoiar os seus desmandos. Nos edifícios bombardeados pelos aviões israelitas com bombas fornecidas por vários países, viviam pessoas inocentes que viram as suas vidas destruídas pelo terror israelita. 
O jornal The Independent mostrou uma fotografia dos efeitos da loucura israelita e chamou a atenção para a escalada que representa a invasão de Israel e a retaliação do Irão, que são coisas a que o mundo assiste horrorizado. Se os Estados Unidos andam distraídos com a sua campanha eleitoral, não se compreende o silêncio da União Europeia e das suas principais potências.