A edição de hoje
do jornal hojemacau exibe uma fotografia em que se reconhecem Narendra
Modi, Vladimir Putin e Xi Jinping, sobre a qual se encontra o título “Olhos em
Kazan”, isto é, olhos na 16ª Cimeira dos BRICS.
Esta cimeira de
Kazan e estes homens recordam-nos a Cimeira de Bandung realizada em 1955, na
qual se salientaram Nehru, Nasser, Tito e Sukarno, que criaram o Movimento dos
Não-Alinhados e aprovaram como princípios políticos, a luta contra o
colonialismo, o direito de todos os povos à autodeterminação, a luta pela
independência nacional e a liberdade de escolha por cada estado dos seus
próprios sistemas políticos. Com a Cimeira de Bandung o mundo mudou muito e,
cerca de 69 anos depois, a Cimeira de Kazan mostra algumas analogias bem
curiosas, no número de participantes, na notoriedade dos promotores, nas
reivindicações explícitas ou implícitas e, naturalmente, na procura de uma nova
ordem internacional, a começar pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A Declaração de
Kazan, ontem divulgada, consta de 134 pontos e parece ter de tudo um pouco no
sentido do “fortalecimento do multilateralismo para uma ordem mundial mais
justa e democrática”, mas o que sobressai é a contestação à actual ordem
mundial saída da II Guerra Mundial, o desafio à actual hegemonia do chamado
Ocidente Alargado e a procura do fim do subdesenvolvimento do Sul Global. A
Cimeira mostrou que a Rússia não está isolada, enquanto António Guterres
mostrou grande coragem em ter estado em Kazan. Curiosamente ou não, os mass media ocidentais quase ignoraram a
Cimeira de Kazan, ao contrário da imprensa do ”outro lado do mundo”, como se viu
com o hojemacau. É muito significativo.
Depois desta cimeira vai ser necessário pensar
muito ou, o que é a mesma coisa, ter os "olhos em Kazan"…
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