domingo, 30 de janeiro de 2011

Portalegre, os amigos e as boas memórias

Fui a Portalegre para me encontrar com alguns amigos num almoço, a reviver outros tempos e outras circunstâncias vividas nos tempos difíceis, de incerteza e de sacrifício que todos passamos na Guiné, antes de 1974.
São os bons amigos de há muitos anos, daqueles que nos fazem recuar no tempo a relembrar histórias e a recuperar memórias, no adequado ambiente proporcionado por um almoço de excelência, enriquecido com os melhores sabores da gastronomia alentejana. Estes amigos e a gastronomia alentejana, são duas experiências fantásticas.
Mas, para além do encontro com os amigos e do almoço, também havia o encanto da cidade, com um panorama atraente. É que eu gosto da orografia e do traçado urbano de Portalegre, serpenteando pela orla da serra de São Mamede, com vista para as encostas de sobreiros e oliveiras e, sempre, a evocar-nos a “Toada de Portalegre”, que José Régio criou.

    Em Portalegre, cidade
    Do Alto Alentejo, cercada
    De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros,
    Morei numa casa velha,
    Velha, grande, tosca e bela,
    À qual quis como se fora
    Feita para eu morar nela…

Foi um verdadeiro dia D, não tanto por qualquer desembarque na Normandia, mas pelas muitas emoções que a todos proporcionou. Obrigado à M. e ao C. por esta oportunidade!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Mediterrâneo

Tunísia, Egipto… a revolução nas ruas, aqui bem perto, na margem sul do espaço geopolítico euro-mediterrânico.
Poucos imaginariam ver as imagens que a televisão nos tem mostrado, com multidões a reclamar por mudanças políticas profundas.
A rapidez da mobilização popular, estimulada pelas novas tecnologias da comunicação e da informação, surpreendeu a comunidade internacional que não esperaria este tipo de movimentações na orla mediterrânica.
Porém, numa época de crise generalizada e de dificuldades desigualmente partilhadas, como acontece na área euro-mediterrânica, não nos podemos surpreender com esta reacção à cegueira política dos dirigentes, à corrupção generalizada, ao clientelismo, ao agravamento da desigualdade e à injustiça social.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A Última Missão

As guerras de África são um tema que sempre me interessou e não dispenso a leitura do que se tem escrito sobre o assunto, até porque estive pessoalmente nelas envolvido e conheci muitos dos seus cenários em Moçambique e na Guiné. Por isso, li com toda a atenção A Última Missão de José de Moura Calheiros, que foi publicado muito recentemente. E gostei muito.
É uma obra muito bem estruturada, com uma escrita elegante, solidamente documentada e com um enorme interesse histórico, que nos permite conhecer com detalhe o que aconteceu na Guiné em 1973, especialmente nas violentas batalhas de Guidage e de Guilege/Gadamael.
Trata-se, provavelmente, de duas das mais importantes operações realizadas na Guiné, que se traduziram na perda de muitas vidas, de alguns aviões e de algumas dezenas de viaturas.
A Última Missão foi escrito por quem viveu esses acontecimentos no terreno e é, seguramente, um dos melhores livros até agora escritos sobre as guerras de África.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

RTP

A RTP é uma empresa pública. As suas receitas resultam, sobretudo, das indemnizações compensatórias e da taxa audiovisual, isto é, de fundos públicos. Segundo afirmou o líder do PSD (Correio da Manhã de 6 de Setembro de 2010), “só com a RTP o Estado gasta 400 milhões de euros”. Portanto, todos os dias, a RTP recebe mais de um milhão de euros.
É muito dinheiro!
Nenhuma outra empresa em Portugal recebe este avultado incentivo, que lhe permite pagar os mais elevados salários públicos, conceder mordomias impensáveis num país cronicamente deficitário e alimentar clientelas de toda a ordem, como não sucede nas estações televisivas concorrentes.
É muito despesismo!
Tudo isto até poderia ser aceitável se o serviço prestado fosse credível e de qualidade mas, infelizmente, é a mediocridade que está presente na generalidade da programação, que não diverte, que não forma e que não informa. Que faz fretes aos amigos, que embrutece, que enerva e que, por vezes, enoja!
É uma vergonha!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Eleições Presidenciais 2011

Realizaram-se as eleições presidenciais e, sem qualquer surpresa, tudo ficou na mesma.
Ou talvez não.
O discurso da vitória foi confrangedor e desagregador, deixando-nos perplexos e apreensivos, porque não foi um momento de mobilização, nem foi uma mensagem de esperança. Foi uma oportunidade perdida e, nos tempos que correm, não se podem perder oportunidades.
Valha-nos Deus, como diz o povo!
Entretanto, os cadernos eleitorais tinham 9 629 630 inscritos. Alguém acredita neste número?