O governo veio
dizer que o Tribunal Constitucional põe em causa a governação do país, por este
ter chumbado três normas do Orçamento do Estado para 2014. Ao actuar por esta
via de confronto, o governo mostra não perceber que tem que cumprir a Constituição e as leis da República e dá um mau exemplo ao país, pois destabiliza
a sociedade e a economia, quando devia ser um factor de estabilidade de que o
país tanto precisa.
Há três anos o
primeiro-ministro Passos prometeu cumprir o
programa acordado com a troika e admitiu mesmo “surpreender e ir mais
além [das metas] do acordo”. Assim fez e, durante três anos, foi um obediente e
submisso servo da troika, tornou-se
um campeão das políticas de austeridade que empobreceram o país e fizeram com
que a dívida pública não parasse de aumentar. A mentira e a propaganda
tornaram-se práticas comuns e foram enormes os desvios entre o que foi
prometido e aquilo que efectivamente foi feito. O modelo que adoptou para
vencer a crise - aumento de impostos e corte em salários e pensões – foi um completo
fracasso que empobreceu o país, criou muito desemprego e aumentou as
desigualdades económicas e sociais. Havia alternativas, mas ele adoptou a arrogância, o auto-convencimento e a teimosia. Já na fase final do chamado ajustamento ainda tentou fazer o número da
saída limpa, mas até esse foguetório
foi uma completa farsa. Sintetizando, perante a humilhação que a troika nos impôs, o primeiro-ministro teve
um comportamento subserviente, sem a dignidade e a firmeza que o seu cargo
exigia e a que o obrigava o nosso passado como nação com nove séculos
de história e com importantes contributos para o progresso da Humanidade.
Passos escolheu caminhar com os passos trocados… e o eleitorado deu-lhe apenas 27,71%
de votos nas recentes eleições europeias.
Agora, olha para
o lado e em vez de reconhecer a sua abusiva tendência para governar à margem da
lei, vem queixar-se do Tribunal Constitucional e ameaçar-nos com novos aumentos
de impostos. O ajudante Portas e as cornetas de Marques Mendes e Marco António,
não se calam. Realmente, esta gente passou-se! Anda tudo com os passos trocados.
Entretanto, ainda
sobre a decisão do Tribunal Constitucional, o primeiro Passos não esclarece se
a troika foi embora ou ainda anda a
passear por aí, mas assiste, subserviente e sem reagir, às declarações insultuosas
e aos diktacts de Barroso e de Olli
Rehn, da malta do FMI e da Moody’s ou, ainda, do Arnaut, que é o mais recente servo da Goldman Sachs. Nesta
estória, aquele que está em Belém e que jurou “cumprir e fazer cumprir a
Constituição”, fica silencioso e embevecido a olhar para a camisola 12 da
selecção que lhe foi oferecida.
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