sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Estes governantes são uns valentões

O Orçamento do Estado para 2013, recentemente aprovado, constitui um verdadeiro atentado contra os reformados, mostrando como os nossos governantes e os deputados que os apoiam são uns valentões, ao atacarem os mais fracos e os que não têm capacidade reivindicativa. Já não bastava o aprofundamento da crise que têm provocado, com o aumento da recessão e do desemprego, porque desesperados e cegos, continuam a conduzir-nos para o desastre. São doentiamente teimosos. Vivem obcecados com a recolha de impostos. O passos-gasparismo ataca os reformados e as suas pensões, o que não estava contemplado no memorando da troika, inventando agora uma contribuição extraordinária de solidariedade que vai ser aplicada às pensões e que pode ir dos 3,5% aos 50%. Ao contrário disto, na complexa situação espanhola as pensões vão aumentar, embora abaixo do índice de inflação: as pensões abaixo de 1000 euros sobem 2% e as outras sobem apenas 1%. Aqui os valentões encontraram outro caminho.
Segundo hoje revela o Jornal de Notícias, esta iniciativa corresponde a um saque de 421 milhões de euros aos reformados. Há quem lhe chame roubo, pois as pensões são um património acumulado pelas pessoas e não são um subsídio, nem uma esmola. Os nossos governantes-contabilistas falam com entusiasmo de uma desgraça que não entendem. A troika felicita-os. Os seus patrões alemães elogiam-nos. Mais uma vez, os governantes mostram que não estudaram a realidade do país e que não são competentes. Que estão ao serviço da troika e não ao serviço dos portugueses. Que não são honestos pois nada disto tinha sido prometido em campanha eleitoral. Que são insensíveis à realidade social e que, descaradamente, abusam do seu poder, ao transferir os descontos de quem, obrigatória ou facultativamente, os fez ao longo dos anos. É uma vergonha imprópria de um Estado de Direito. É um grosseiro conjunto de inconstitucionalidades que deve ser travado pelo VCE e pelo TC.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O navio-escola "Gorch Fock" volta ao mar

Depois de um período de cerca de dois anos em que esteve imobilizado na sua base de Kiel, o navio-escola alemão Gorch Fock iniciou no passado dia 27 de Novembro mais uma viagem de instrução de cadetes. Tão longa paragem do navio deveu-se à necessidade de fabricos de manutenção e modernização mas, sobretudo, à necessidade de avaliar e corrigir o modelo de treino usado a bordo. Esse modelo fora posto em causa e o treino de cadetes tinha sido suspenso quando, em Novembro de 2010, aconteceu a queda mortal de um cadete a bordo do Gorch Fock, durante um exercício de manobra de velas. Dois anos antes, também um outro cadete morrera após ter caído no Mar do Norte, em circunstâncias que nunca foram esclarecidas.
Nesta viagem, o Gorch Fock navega de Kiel para La Coruña e Las Palmas com 150 cadetes, que serão substituidos em finais de Janeiro por um novo grupo de 220 cadetes. A partir de então, o navio navegará para o porto da Horta, seguindo depois para os portos de Lisboa e do Funchal. A viagem prosseguirá depois em direcção a Londres e Hamburgo.
Esta viagem do Gorch Fock foi destacada na primeira página de pelo menos quatro importantes jornais alemães, com fotografia e texto, a reflectir o interesse da opinião pública alemã pela Marinha e pela formação dos seus marinheiros. Aqui, que temos a 11ª área marítima mais extensa do mundo e a maior da Europa, a nossa imprensa e os nossos jornalistas pouca atenção dão a estes temas que tanto poderiam unir os portugueses.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

La España ingobernable

A crise que atravessa a generalidade dos países europeus tem características muito próprias em Espanha e, desde há muitos anos, que o país vizinho tem sido considerado ingovernável devido essencialmente às reivindicações das 17 comunidades autónomas, muitas vezes consideradas como 17 mini-estados ou até 17 centros de desperdício orçamental que, quando se juntam, olham com desconfiança para o poder central de Madrid e tocam como uma orquestra desafinada. É certo que são 17 realidades históricas, culturais e sociológicas distintas, por vezes com identidades nacionais fortes e com línguas próprias, mas também é verdade que essas realidades têm sido utilizadas como arma reivindicativa pelas comunidades autónomas.
O jornal ABC aborda hoje essa problemática a propósito do País Basco e acentua a existência de um eventual excesso de poder das comunidades autónomas e "uma desconcertante estrutura da administração pública” (assim definiu o Financial Times o modelo autonómico espanhol), com um despesismo incontrolado e com modelos de gestão diferenciados, sobretudo em relação à Saúde e à Educação, que estão regionalizadas e constituem as principais rubricas da despesa das comunidades.
A juntar a estes aspectos há uma conjuntura económica muito crítica, com acentuada recessão, altíssimo desemprego, elevada dívida externa e crescente conflitualidade social. Contudo, existe a convicção de que a eventual ingovernabilidade espanhola não resulta dos cidadãos, mas de uma classe política egoísta e, por vezes, corrupta e incompetente, que sempre reclamou a solidariedade de Bruxelas, mas que se revela egoísta em relação a cada uma das outras comunidades, com as quais deveria ser solidária. O problema é que esta a ideia de ingovernabilidade, que não é nova em Espanha, está a começar a consolidar-se na Europa. E nós aqui tão perto!

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Sara sacrée Miss Portugal au Luxembourg

A comunidade portuguesa do Luxemburgo continua a eleger anualmente a sua Miss Portugal e o diário Le Quotidien também continua a noticiar esse evento com destaque de primeira página. Não é habitual que a imprensa estrangeira escolha assuntos portugueses para serem destacados na capa das suas edições, a não ser em relação aos futebolistas mais famosos ou em relação ao preocupante endividamento da economia e da sociedade portuguesa. Por isso, mais do que o seu interesse objectivo, a curiosidade maior da notícia está na chamada de atenção para uma iniciativa portuguesa, o que certamente constitui um estímulo para os portugueses que trabalham no Luxemburgo e sejam leitores do Le Quotidien.
O concurso parece ter sido bem sucedido, pois houve 21 inscrições e uma posterior selecção de 12 candidatas que foram sujeitas a um intenso programa de ensaios e de sessões de fotográficas. A vencedora foi Sara Vendeiro, uma jovem de 17 anos de idade que é aluna do liceu técnico de Bonnevoie e que, ao ver a sua fotografia publicada na capa do jornal, se sentiu certamente estimulada para fazer carreira no mundo da moda. Liliana Alves e Sandy Neves foram eleitas Damas de Honor, enquanto o título de Miss Simpatia foi para Andrea Durães e o título de Miss Fotogenia distinguiu Melissa Martins. O concurso tem apenas uma importância simbólica, mas serviu para reforçar a auto-estima da comunidade portuguesa no Luxemburgo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Espanha ganhou na Catalunha. Por agora.

De acordo com a generalidade da imprensa espanhola, incluindo aquela que se publica em Barcelona, a “Espanha ganhou as eleições” ontem realizadas na Catalunha. De facto, a CiU (Convergência e União), uma frente política de centro-direita liderada por Artur Mas, que apostara na obtenção da maioria absoluta de 68 deputados para poder organizar um referendo sobre a independência daquela região autónoma, ficou-se pelos 50 deputados, quando antes tinha 62. Foi uma enorme derrota para o mais destacado líder independentista catalão.

Porém, os partidos que defendem a independência da Catalunha, incluem não apenas a CiU, mas outras forças políticas que, conjuntamente, elegeram 87 dos 135 deputados do Parlamento Catalão, isto é, quase 2/3: a ERC (Esquerda Republicana da Catalunha) elegeu 21 deputados, a ICV (Iniciativa pela Catalunha/Verdes) teve 13 deputados e a CUP (Candidatura de Unidade Popular) obteve 3 deputados. Significa que se mantém o status quo catalão, com uma ampla maioria social a reclamar um estatuto especial ou a independência, embora existam grandes diferenças ideológicas entre esse conjunto de partidos.

Nos próximos tempos, de gravíssimas dificuldades económicas, diversas maiorias poderão surgir através da coligação da CiU com a ERC ou, inclusive, com os partidos “espanhóis”, casos do Partido Socialista Catalão (20 deputados) ou do Partido Popular (19 deputados). A crise social, os factores económicos locais e a ameaça já feita por Bruxelas quanto à saída da UE e à perda de todas as ligações comunitárias, já terão acalmado o eleitorado catalão e a retórica sentimental independentista, mas os tempos que hão-de vir vão ser muito difíceis.

domingo, 25 de novembro de 2012

Viacrucis – a arte de Botero em Lisboa

Foi recentemente inaugurada na Galeria de Pintura do Rei D. Luís I no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, no âmbito da visita a Portugal do presidente da República da Colômbia, Juan Manuel Santos, a exposição Viacrucis – A Paixão de Cristo, do artista colombiano Fernando Botero. A exposição é composta pela última série de trabalhos pintados por Botero, sendo constituída por 27 telas e 34 desenhos sobre papel, cuja temática é uma reflexão sobre o drama da paixão e morte de Jesus Cristo. Todos estes trabalhos foram já doados ao Museu de Antioquia, situado em Medellín, a capital do Departamento de Antioquia e também a segunda mais populosa cidade colombiana. Fernando Botero nasceu exactamente em Medellín, tem 80 anos de idade e é um dos pintores da arte contemporânea mais reconhecidos a nível internacional.
Na loja da Galeria estão à venda alguns dos livros de Gabriel Garcia Márquez, o Prémio Nobel da Literatura de 1982, que é compatriota e contemporâneo de Fernando Botero mas, embora sejam considerados os gigantes da cultura colombiana, poucas vezes se encontraram.
Antes desta apresentação em Lisboa, a exposição de Botero esteve em Nova York e em Medellín. Agora está em Lisboa e poderá ser visitada até ao dia 27 de Janeiro de 2013, porque depois seguirá para a Alemanha, Espanha, Líbano, México e Panamá. Fernando Botero é, de facto, um grande artista internacional.


sábado, 24 de novembro de 2012

Há uma nova Europa em formação?

Amanhã vão realizar-se eleições regionais na Catalunha e as sondagens apontam para a possível formação de uma maioria que reivindica que aquela região autónoma se separe da Espanha e se torne independente.
O problema do separatismo catalão está a ser atentamente seguido na Europa, pois não é um caso isolado e pode representar o início de uma onda independentista, semelhante a outras que, ao longo do tempo, têm feito a história do Velho Continente. Assim aconteceu, nos últimos cem anos, em diferentes ocasiões, por exemplo quando o Tratado de Versalhes desmembrou o Império Austro-Húngaro e o Império Otomano e também, mais recentemente, com o fim da União Soviética e da Jugoslávia, que deram origem a algumas dezenas de novos países, alguns dos quais ainda temos dificuldade em saber o nome, reconhecer a bandeira ou identificar a respectiva capital. No actual ambiente de crise e de inquietação em que vive a Europa, as eleições na Catalunha despertam todas as atenções e há quem tema que se possam tornar numa caixa de Pandora ibérica, porque a tradição europeia mais recente tem sido a de criar países e de desfazer impérios.
A primeira página do diário sueco Dagens Nyheter, exibe hoje os símbolos nacionais da Catalunha, do País Basco, da Flandres, da Escócia e da Padânia, isto é, das regiões cujos processos reivindicativos estão mais avançados, mas há outras regiões como a Galiza, a Córsega, a Bretanha, a Irlanda do Norte, o Chipre do Norte, a Sardenha ou a Sicília que também têm ambições independentistas. Como por vezes se diz, uma imagem vale mais do que mil palavras e a capa do jornal sueco sugere que, de facto, podemos estar perante uma nova Europa de muitas mais nações e, naturalmente, com muito mais dificuldades de gerir.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Parlamentares britânicos sob suspeita

O diário londrino The Independent revela na sua edição de hoje o resultado de uma investigação jornalística que bem podia intitular-se -"há fortes suspeitas de corrupção dos parlamentares britânicos" - porque é noticiado que centenas de deputados britânicos têm aceite viagens para destinos exóticos, no valor de muitos milhares de libras. Segundo afirma o jornal, trata-se de um verdadeiro “globetrotting”. Essas deslocações têm sido feitas a convite de governos estrangeiros, de grupos de pressão e de empresas, com todas as despesas pagas e foram avaliadas em 1,5 milhões de libras. É muita fartura!
A análise do The Independent revela que, desde as últimas eleições realizadas em 2010, pelo menos 242 deputados declararam "missões de averiguação" e visitas ao estrangeiro com um valor médio unitário de 6.500 libras, com destino a países como a China, os Estados Unidos, a Índia, a Arábia Saudita e alguns Estados da antiga União Soviética. O jornal identifica vários deputados que têm feito essas deslocações e refere o número de viagens feitas, o número de dias passados no estrangeiro e, por vezes, quanto ganharam para além do seu salário de deputados. No caso de Israel e da Palestina, houve 79 deputados conservadores que foram financiados para visitar a região com um custo de mais de 130 mil libras, isto é, um em cada cinco deputados fez viagens pagas por grupos de lobby pró-Israel. Vários deputados passaram meses fora do país em viagem e o jornal pergunta: “então, o que querem em troca os anfitriões?”
Eu julgava que essas coisas não aconteciam no Reino de Sua Majestade, mas afinal... Pois para nosso esclarecimento, bom seria que algum dos nossos jornais fizesse uma semelhante investigação, para ficarmos mais descansados.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Quem é que acredita nesta gente?

Acabamos de ter a sexta avaliação do Memorando ou programa de ajustamento acordado com a troika em Maio de 2011 e, eufórico, o contabilista-chefe veio dizer que o desempenho tinha sido “um sucesso” e que o programa de ajustamento estava “no bom caminho”, o que revela uma enorme insensibilidade social e um total desconhecimento do que se está a passar no país. É um estado de cegueira quase absoluto e é impressionante que assim seja, porque a implosão social está a acontecer à vista de todos e nem é necessário consultar estatísticas. Os sinais da crise estão à vista e a aprofundar-se. Acumulam-se as dúvidas e as incertezas quanto ao futuro, enquanto o espaço da esperança se reduz.
Hoje o jornal Público confirma a situação crítica que atravessamos e destaca que o início da retoma será muito tímida e só ocorrerá em 2014, recordando que na altura da assinatura do Memorando era previsto para 2014 um crescimento de 2,5%, que depois foi revisto em baixa para 2,1%, a seguir para 1,2% e agora se estima vir a ser de 0,8%. Estes números mostram que as previsões do Governo e dos seus contabilistas continuam sem acertar e a ser muito irrealistas, não merecendo a nossa confiança. A nossa inquietação aumenta perante este cenário.
Há cerca de 3 meses, num intervalo das suas férias na praia da Manta Rota, o nosso primeiro anunciou o fim da recessão para 2013, acrescentando que “estamos mais próximos de vencer a crise e voltar uma das páginas mais negras da história da nossa pátria” e, ainda, que “2013 será o ano da inversão na actividade económica.” É demasiada confusão e muito amadorismo, disfarçados por uma linguagem pseudo-académica. Quem é que acredita nesta gente?

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Uma festa para os portugueses de Macau

Um jovem português de 21 anos de idade - António Félix da Costa - conseguiu no passado domingo um grande feito desportivo ao vencer o 59.º Grande Prémio de Macau em Fórmula 3, tornando-se o segundo português da história do automobilismo a vencer a famosa corrida, depois de em 2000 a prova ter sido ganha por André Couto. O Grande Prémio de Macau ou Macau Grand Prix é uma prova que se realiza anualmente nas ruas de Macau (circuito da Guia) e, entre aqueles que a venceram, estão Ayrton Senna e Michael Schumacher. Quando, o jovem Félix da Costa já estava no pódio irradiando a felicidade daquele momento e se esperava ouvir “A Portuguesa”, houve um lapso e começou a ser tocado o hino sueco. O piloto português reagiu de imediato e o hino sueco foi interrompido. Quando o público percebeu o que se passara mostrou o seu desagrado com assobios e, portugueses e macaenses com bandeiras e cachecóis verde-rubros, não esperaram e começaram a cantar o hino nacional português, o que levou Félix da Costa às lágrimas, como bem mostraram as imagens televisivas. O jornal Tribuna de Macau que é um dos três diários portugueses de Macau e que se considera um jornal de Macau em língua portuguesa e não um jornal português em Macau, destacou aquele triunfo histórico “cantado” em português. Foi uma grande festa para os portugueses de Macau, apenas ensombrada pela morte do motociclista Luís Carreira, a quem Félix da Costa dedicou a sua vitória.

domingo, 18 de novembro de 2012

Um bravo para a acção da GNR em Timor

Os 140 militares da GNR e os três elementos da equipa médica do INEM destacados em Timor-Leste, terminaram a sua missão operacional ao serviço da ONU e regressaram a Portugal, tendo sido homenageados numa cerimónia presidida pelo primeiro-ministro timorense Xanana Gusmão, que teve a presença de outras autoridades timorenses e representantes do corpo diplomático. A missão da GNR em Timor-Leste iniciou-se em Março de 2000, quando um seu contingente foi integrado na UNTAET - Administração Transitória das Nações Unidas. Depois, com a criação em 2006 da UNMIT - Missão Integrada da ONU, a GNR continuou em Timor, tendo sido integrada na nova estrutura. Durante a sua longa permanência em Timor ao serviço da ONU, a instituição granjeou a simpatia e o respeito das autoridades e da população timorense e prestigiou o nosso país. No princípio deste ano, o então Presidente Ramos-Horta elogiara a GNR e, metaforicamente, dissera que “as autoridades timorenses estavam dispostas a pagar para que a GNR continuasse no país depois da saída da UNMIT”. Agora que terminou a missão da UNMIT, o ex-Presidente José Ramos-Horta comentou o fim da missão e classificou a GNR como “a força de segurança mais eficaz que esteve em Timor-Leste”. Todos os portugueses que na última dúzia de anos visitaram ou trabalharam no novo país, não deixaram de apreciar e de se orgulhar com a compostura, o profissionalismo e a competência da GNR em Timor-Leste. Bravo!
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O golo inesquecível de Zlatan Ibrahimovic

Na passada quarta-feira, dia 14 de Novembro, disputou-se em Estocolmo um jogo de futebol entre as selecções da Suécia e da Inglaterra, para inaugurar o Friends Arena, o novo estádio nacional sueco.
Na equipa sueca que vencia por 3-2 brilhava Zlatan Ibrahimovic, um jogador de 31 anos de idade de origem bósnia que actualmente representa a equipa do Paris Saint German. Ele já marcara os três golos da sua equipa. No último minuto, o guarda-redes inglês Joe Hart saiu alguns metros para fora da sua grande área e cortou uma jogada adversária cabeceando a bola para o ar, em vez de a cabecear para fora do campo. Então, Ibrahimovic teve um instante de inspiração e, a mais de 30 metros e de costas para a baliza, fez um pontapé de bicicleta que levou a bola a fazer um pronunciado arco e a entrar na baliza inglesa. Essas imagens correram pelo mundo. Foi o seu quarto golo da noite, que muitos classificaram como o melhor golo da história do futebol. É, naturalmente, uma escolha altamente subjectiva, mas na realidade foi um momento inolvidável que, durante algum tempo fará esquecer os golos de Zinedine Zidane, Diego Maradona, Marco van Basten, Wayne Rooney, Cristiano Ronaldo ou Leonel Messi.
No entanto, o que mais admira é o facto da edição de ontem do diário The Telegraph, que se publica em Calcutta, a capital do estado de Bengala Ocidental e a terceira maior concentração urbana da Índia, ter trazido para a sua primeira página essa notícia, ilustrada com um elucidativo esquema. É surpreendente, num país em que o desporto-rei é o cricket e em que o futebol se encontra em 169º lugar no ranking da FIFA. Nem os jornais suecos foram tão longe! 

sábado, 17 de novembro de 2012

Não apertem de mais!

Numa entrevista publicada ontem no Jornal de Notícias, o bispo do Porto, D. Manuel Clemente, lamentou que a Igreja Católica e as suas instituições de solidariedade social ainda não tenham sido ouvidas pelos elementos da troika, para lhes explicar a verdadeira realidade do país, que tão bem conhecem. E acrescentou: “Não apertem de mais! Nós precisamos de respirar”.
Através de D. Manuel Clemente e de outros bispos portugueses, mas também de muitas outras relevantes personalidades da nossa sociedade civil, todos os dias, desde há muitos meses, se repetem os avisos a alertar para os incertos e muito perigoso0s caminhos que vamos percorrendo.
      - A austeridade está a rebentar com o país (Jorge Sampaio)
      - Nunca vi uma situação tão severa na vida portuguesa (Adriano Moreira)
      - É a altura do país fazer ouvir a sua voz para um ajustamento mais suave (Rui Vilar)
      - Esta carga fiscal pode gerar uma septicemia na economia (Bagão Félix)
Os parceiros sociais, através do CES, também afirmaram o receio de que o país entre num círculo vicioso de recessão e aumento da dívida, sugerindo que haja uma renegociação com a troika. Porém, as críticas à austeridade não são apenas feitas intra-muros, pois também chegam de fora através da sábia palavra dos grandes economistas mundiais.  
Diz Joseph Stiglitz, o Prémio Nobel da Economia, 2001:
      A austeridade é um suicídio
      - A austeridade agrava as consequências da crise europeia
      - Para sair desta grande recessão não há outra alternativa que não seja estimular a procura
Avisa Paul Krugman, o Prémio Nobel da Economia, 2008:
      - Os defensores da austeridade esqueceram-se das pessoas
      - Espanhóis e gregos "estão certos" ao protestar contra mais austeridade
      - As medidas de austeridade levadas a cabo em Portugal foram demasiado longe
Com todas estas ajudas à navegação, é caso para dizer que é apenas por teimosia que esta gente anda com a nau à deriva, desgovernada e em vias de encalhar. Podiam ouvir, mas não ouvem. Ainda vão acabar a dizer que estão "orgulhosamente sós".

 

 

 

The time-bomb at the heart of Europe

The Economist destaca hoje na sua primeira página um tema que não sendo uma novidade, tem estado razoavelmente esquecido por jornalistas e por comentadores: trata-se da França, que a revista classifica como uma bomba-relógio no coração da Europa. A atenção internacional tem estado centrada nos “países que têm vivido acima das suas possibilidades”, como habitualmente são tratadas a Grécia, Portugal, Espanha e Itália, sobretudo em relação às suas dívidas e défices, políticas de austeridade, reformas em curso e reacções mais ou menos violentas que têm desencadeado, mas os problemas do país que está no coração do euro e da União Europeia não são menos graves. Com a presidência de Nicolas Sarkozy a França cedeu à Alemanha a liderança na crise do euro e dos destinos da própria União Europeia e, agora, até a sua economia parece estar cada vez mais vulnerável, ao perder competitividade para a Alemanha. Sem poder desvalorizar a moeda, a França tem aumentado a sua dívida pública que já ultrapassa os 90% do PIB, enquanto o Estado ganhou uma dimensão excessiva e consome 57% do PIB. Mais de 10% da força de trabalho e mais de 25% dos jovens, estão desempregados. Diz The Economist que o clima de negócios também piorou, que não nascem empresas e que há cada vez menos pequenas e médias empresas, que são hoje os motores do crescimento e do emprego, havendo uma invulgar intenção de emigrar, inclusive daqueles que são os candidatos naturais a empresários. O orgulho nacional francês começa a estar ferido, mas nem as elites nem os eleitores estão preparados para ceder mais soberania, nem para aceitar reformas estruturais mais profundas. A França é uma potência mundial mas corre o risco de ficar para trás e dos famosos mercados se decidirem por colocá-la na sua mira. François Hollande não tem muito tempo para desarmar esta bomba-relógio no coração da Europa.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Os submarinos garantem a soberania e a autoridade do Estado

O jornal inglês The Guardian destaca hoje em primeira página as preocupações britânicas quanto ao novo submarino nuclear HMS Astute, que se previa ser a mais sofisticada unidade alguma vez construída para a Royal Navy, mas que está a revelar muitas falhas de construção e a levantar dúvidas quanto aos seus futuros desempenho e segurança, para além de não atingir a velocidade contratada, exibir muitas corrosões e ter demasiadas infiltrações de água. Os submarinos são um meio de defesa e de dissuasão das grandes potências marítimas, mas também são frequentemente considerados como a “arma dos pobres”.
Nesta perspectiva, a posse de submarinos não é um luxo, mas um factor de dissuasão e de afirmação do Estado. Porém, enquanto em Portugal se discute muitas vezes a necessidade de haver dois submarinos que custaram 500 milhões de euros cada um - todas as nações marítimas da Europa de média dimensão têm frotas de submarinos bem mais numerosas - no Reino Unido discute-se se o primeiro dos sete submarinos nucleares da classe Astute satisfazem ou não as especificações de uma encomenda no valor de 9,75 mil milhões de libras (12,15 mil milhões de euros), ao preço unitário de 1,75 mil milhões de euros.
No caso de Portugal, cujas águas jurisdicionais são a 11ª área marítima mais extensa do mundo e a maior da Europa, maior por exemplo do que as da Índia ou as da China, é a Marinha que assegura a autoridade do Estado, a defesa militar, a segurança e o apoio à exploração económica e científica do mar, através das suas estruturas e dos seus meios, entre os quais estão apenas dois submarinos.

A austeridade não é para os amigos

A edição do Diário de Notícias noticia hoje em primeira página que “1500 nomeados pelo Governo receberam subsídio de férias”, acrescentando que esse número é mais de dez vezes superior ao que foi revelado em Setembro passado. Nessa altura foi anunciado que tinham sido apenas 131 os assessores e especialistas dos gabinetes ministeriais admitidos pelo Governo que receberam subsídio de férias em 2012, mas agora foram acrescentados mais 1323 nomes de pessoas que foram nomeadas para outros organismos do Estado e que também receberam subsídio de férias. São os famosos boys! Assim, segundo o Diário de Notícias, “o total dos boys que beneficiaram desta excepção ao cumprimento do OE 2012 ascende a 1454”, isto é, houve quase 1500 pessoas nomeadas pelo actual governo que receberam subsídios de férias em 2012, contrariamente ao que aconteceu com a generalidade dos trabalhadores da Função Pública, apesar da proibição decretada no Orçamento do Estado. Pode ser uma habilidade e não uma ilegalidade, mas é seguramente uma vergonha! Muitos destes assessores e especialistas são jovens recentemente saídos das universidades que nunca trabalharam, que se anicharam na Administração Pública sem concurso, que se instalaram nos gabinetes ministeriais com o seu cartão partidário para obterem a sua primeira experiência profissional, com salários da ordem dos três e quatro mil euros mensais e outras regalias. O Governo invocou que o subsídio pago era um direito adquirido em 2011. É caso para perguntar se os funcionários públicos e os pensionistas não tinham também esse direito adquirido muito antes de 2011? Lá se foram cerca de 765 mil euros dos nossos impostos. Como se vê, o ofício de assessor é um grande emprego e a austeridade não é para os amigos. É só para os outros.

A Europa em agonia

O dia 14 de Novembro ficou assinalado por um protesto que, pela primeira vez, teve uma dimensão europeia e revelou que as políticas de austeridade que estão a ser adoptadas na maioria dos países, são altamente responsáveis pela profunda crise que atravessamos e pelas marchas, greves e paralisações havidas em duas dezenas e meia de países.
 A edição de hoje do Jornal i, com base nas estimativas do Eurostat ontem publicadas, alerta para a complexa situação europeia ao titular: “Europa em agonia. França e Alemanha à beira da recessão”. Na realidade, a economia da Zona Euro mergulhou em recessão pela segunda vez em quatro anos, reflectindo a crise do sistema financeiro e da moeda única, os excessos do seu modelo social, o desemprego, a perda de competitividade e o impacto das políticas de austeridade. Há uma acentuada desaceleração ou mesmo recessão em algumas economias, casos da Espanha, Holanda, Itália, Áustria e França, mostrando que, ao contrário do que por vezes se pensa, as dificuldades não estão apenas na Grécia, na Irlanda e em Portugal, mas que se estendem a outros países europeus, incluindo a Alemanha. Como muita gente diz desde há muitos anos, a velha e gorda Europa está numa crise estrutural, não tem líderes prestigiados e está rendida aos especuladores.
Tão grave quanto esta triste realidade é o facto de muito dependermos desta Europa em agonia. Acontece que durante a campanha eleitoral de 2011, foi repetido pelo nosso primeiro e pelos seus conselheiros, que o nosso problema não tinha nada a ver com a crise internacional e que era apenas uma questão de afastar o pinto de sousa e de cortar as gorduras do Estado. Lembram-se? Pois chegaram ao poder, rasgaram as promessas eleitorais e agora não navegam: estão à deriva numa Europa em agonia.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A austeridade, o protesto e a violência

As políticas de austeridade que estão a ser adoptadas em Portugal e em outros países fizeram com que trabalhadores de 23 países europeus tivessem saído ontem para a rua em protesto, segundo informou a Confederação Europeia de Sindicatos. Em Portugal a mobilização foi liderada pela CGTP que organizou uma greve geral que, aparentemente, conseguiu paralisar os centros urbanos e afectar a regularidade dos serviços públicos, sobretudo em Lisboa.
A greve é um direito constitucional e, perante a incerteza do rumo que o governo está a seguir e o aprofundamento da recessão, ela constitui um sinal de protesto e um escape para o desespero e para a angústia de muitos trabalhadores. Por isso, segundo os seus organizadores, a greve geral teve uma expressão histórica, não sendo relevante saber se a enorme adesão resultou do protesto contra o governo ou do protesto contra a austeridade, nem se foi protagonizada por grevistas convictos ou por trabalhadores que não tiveram transporte para ir para o trabalho. O facto político é que o governo não pode deixar de ser sensível à dimensão do protesto e dele tirar as devidas consequências.
Porém, o que mais marcou o dia de ontem foram as cenas de violência que ocorreram junto à Assembleia da República, que a televisão nos mostrou em directo e que não podem deixar de ser condenadas, porque os fins nem sempre justificam os meios. Os manifestantes têm todo o direito à indignação e ao protesto para condenar as políticas de austeridade, que são socialmente injustas e que negam o direito à esperança, mas o que vimos foi um pequeno grupo em contínua provocação aos polícias, a destruição de passeios, o arremesso de pedras, garrafas e outros objectos, o incêndio de bens públicos e a vandalização de automóveis, montras e outros bens privados. Não pode haver tolerância para estes valentões de cara tapada que, com o seu comportamento irresponsável, até ajudaram o governo ao desviar a atenção daquilo que era mais essencial. Depois de cerca de duas horas sem reacção à contínua provocação de alguns manifestantes, o Corpo de Intervenção da PSP desceu as escadarias da Assembleia da República e carregou sobre os provocadores, numa acção que pareceu adequada e proporcionada. Houve nove detidos.  

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Angela Merkel in Lissabon

A chanceler Angela Merkel veio a Lisboa por algumas horas e a sua presença, enquanto líder da maior potência europeia e terceira potência mundial, é um acontecimento importante, embora essa visita tivesse sido muito contestada, quase dando a ideia que a situação por que passamos tem mais a ver com outros do que com os nossos próprios comportamentos, utopias e deslumbramentos.
Os verdadeiros motivos da visita não foram divulgados e cada um interpreta-os à sua maneira. Para uns poderão ter sido de ordem interna – mostrar ao eleitorado alemão como exerce o poder, como domina as periferias ou como desafia quem a contesta – mas para outros terão sido de ordem externa – mostrar quem manda, transmitir apoio a um aliado ou ajudar um parceiro comunitário. Não me interessam especialmente as motivações da chanceler alemã, nem a vassalagem que publicamente lhe foi prestada pelo nosso primeiro, nem os repetitivos discursos em que ambos afirmaram que não teremos menos juros, nem mais prazos, nem mais dinheiro. Dizem eles que, é duro, mas que tem que ser assim: desemprego, aperto fiscal, falências, emigração jovem, pré-ruptura social, mais pobreza e mais desigualdade.
Porém, no actual estado de debilidade da nossa economia, sem investimento e com elevadíssimo desemprego, não parece haver outro caminho para inverter o nosso ciclo de empobrecimento que não seja o da realpolitik, isto é, uma política externa que assente mais em considerações práticas do que em considerações ideológicas. Nesse sentido, a visita da chanceler e o encontro empresarial luso-alemão que se realizou no CCB podem ser uma janela de oportunidade ou mesmo uma grande varanda de oportunidade para o investimento. Não é costume que isso aconteça, mas pode ser que esta seja a excepção à regra.

Cresce a tensão no navio-escola argentino

O arresto do navio-escola Libertad da Armada Argentina que foi determinado pelas autoridades judiciais do Ghana e está retido desde o dia 2 de Outubro no porto de Tema, na sequência de uma queixa apresentada pelo Fundo NML, continua a preocupar os argentinos. Uma parte da tripulação do navio regressou à Argentina e a bordo ficaram 44 elementos, mas o problema agudiza-se e a situação começa a configurar-se como um drama que se acentua, sem que se vislumbre uma solução. A imprensa argentina tem-se mantido atenta à situação e a edição de hoje do jornal El Dia destaca que “se tensa la situación com la Fragata en Ghana”, cujas autoridades portuárias ameaçam agora com o corte do abastecimento ao navio de água, energia eléctrica e combustível.
Esta ameaça surgiu depois de alguns elementos da tripulação do navio terem impedido pelas armas uma operação de mudança de cais que as autoridades portuárias pretendiam efectuar, para libertar esse cais e evitar algum congestionamento portuário que se está a verificar. Segundo os argentinos, tratava-se de um acto hostil e de uma violação à soberania argentina; segundo as autoridades portuárias, a ameaça da utilização de armas por parte de alguns marinheiros foi desproporcionada, para além de que o cais que o navio-escola argentino tem ocupado desde há quarenta dias, se torna necessário para ser utilizado pelo tráfego comercial e corresponde a uma perda diária de receita de 60 mil dólares. A situação agudiza-se e é nova no contexto do Direito Internacional e, para um país marítimo e com dívida externa, como também acontece com Portugal, não pode deixar de merecer a nossa atenção.

Elvas convive com balões de ar quente

Está a decorrer em Elvas e em outras localidades do norte alentejano até ao dia 18 de Novembro, a 16ª edição do Festival Internacional de Balões de Ar Quente (FIBAQ), que reúne cerca de cinco dezenas de participantes de uma dezena de países, nomeadamente Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Bélgica, Luxemburgo, Holanda e Brasil. Na presente edição está prevista a realização de dois voos diários gratuitos sobre a cidade de Elvas (07:30 e 15:30 horas), estando também programados voos em Alter do Chão (12 de Novembro) e em Fronteira (15 de Novembro).
A monumentalidade de Elvas, cujas fortificações foram recentemente classificadas como Património Mundial pela UNESCO, é um atractivo para os participantes e também para os visitantes que, segundo anuncia a organização, poderão ter a oportunidade, certamente inesquecível, de voar em balão de ar quente.
O festival tem-se realizado ininterruptamente desde 1997 e, nas suas anteriores quinze edições, já contou com a participação de cerca de quinhentas equipas provenientes dos quatro cantos do mundo. O festival é considerado com um dos melhores festivais de balões de ar quente que se realizam na Europa e constitui uma atracção turística para a cidade de Elvas e para o norte alentejano. Nestes dias de sol, o FIBAQ será, certamente, um espectáculo magnífico para todos os que visitem Elvas.

sábado, 10 de novembro de 2012

Coração em Malaca/Korsang Di Malacca

Integrada nas Comemorações dos 500 Anos da Chegada dos Portugueses a Malaca, realizou-se ontem no Museu do Oriente em Lisboa, uma interessante conferência sobre a realidade socio-cultural do Bairro Português de Malaca, promovida pela Associação Cultural Coração em Malaca/Korsang Di Malacca. Esta associação foi criada em 2008 por iniciativa e com o entusiasmo de Luísa Timóteo e, entre os seus objectivos, está a preservação da identidade e da língua da comunidade luso-descendente de Malaca.
Malaca foi conquistada por Afonso de Albuquerque em 1511 e em 1641 foi perdida para os holandeses. Porém, a influência recebida nesse curto período de 130 anos perdurou no tempo através de uma comunidade luso-descendente que preservou a língua, a religião e diversas práticas culturais assimiladas dos portugueses. Em 1930, por sugestão de um missionário francês, foi criado o Bairro Português de Malaca para onde convergiram aqueles que se reclamavam de origem portuguesa e onde se continua a falar um crioulo português. Durante muitos anos a assistência religiosa a esta comunidade foi assegurada pelo Padre Pintado mas, actualmente, nem a Igreja nem o Estado portugueses prestam apoio à comunidade luso-descendente de Malaca, o que aliás acontece em outros locais da Ásia do Sul por onde os portugueses andaram.
As autoridades da Malásia têm procurado recuperar a antiga fortaleza - a Famosa - e manifestado apoio à preservação da cultura específica de Malaca, sobretudo depois da UNESCO ter declarado em 2008, os sítios de Melaka and George Town, historic cities of the Straits of Malacca”, como Património Cultural da Humanidade.

Vendée Globe 2012-2013: a hora de largar

Partem hoje de Les Sables d'Olonne, um porto pesqueiro e de turismo da região do Loire, na baía da Biscaia, os vinte velejadores solitários de seis países, incluindo uma mulher, que tomam parte na 7ª edição da Vendée Globe 2012-2013.
A prova realizou-se pela primeira vez em 1989 e, a partir de 1992, passou a realizar-se de quatro em quatro anos, consistindo numa volta ao mundo de navegação solitária e sem escalas, que passa ao largo dos três grandes cabos - Boa Esperança (África do Sul), Leeuwin (Austrália) e Horn (América do Sul). A duração da corrida tem diminuído todos os anos e na última edição situou-se nos 84 dias.
Nas duas últimas semanas a Race Village da Vendée Globe recebeu 575 mil visitantes para ver a frota de 20 veleiros IMOCA 60 pés com os mais notáveis skippers solitários do mundo. Todos os veleiros estão equipados com câmaras a bordo e os skippers poderão partilhar o seu dia-a-dia no mar em tempo real, aproveitando as mais recentes tecnologias para contar a sua aventura.
A vela francesa estará representada por 13 velejadores, havendo também a participação de três ingleses, dois suiços, um polaco e um espanhol. Da forte participação francesa, cujos velejadores triunfaram nas anteriores seis edições da corrida, resulta um excepcional interesse pela prova, reflectida na imprensa francesa. Porém, a participação na Vendée Globe exige o apoio de patrocinadores poderosos que, em tempo de crise, são mais difíceis de encontrar: na anterior edição participaram 30 veleiros, mas hoje largam apenas vinte do porto de Les Sables d'Olonne. São os sinais dos tempos.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Em tempo de crise não há privilégios

Na sua edição de hoje o diário madrileno El Mundo informa na sua primeira página, que o governo espanhol decidiu reduzir para metade o número de veículos oficiais, ficando “204 altos cargos sem carro oficial, para poupar 10 milhões”. A poupança não será substancial, mas trata-se de uma decisão simbólica dirigida aos privilégios dos governantes e dos políticos, com a qual se pretende alterar a filosofia de utilização dos bens públicos. Assim, dos actuais 307 cargos governamentais com direito a carro pessoal, apenas 103 manterão esse direito ao longo do próximo ano, o que representa uma poupança estimada de cerca de 10,5 milhões de euros em gastos com motoristas, combustível, reparações e seguros. Os altos cargos dos ministérios deixarão de ter carro e motorista privativos e, em caso de necessidade, terão que usar as viaturas de uma pequena frota de serviço. Estas medidas inscrevem-se num plano de reforma da Administração Pública e também irão ser aplicadas a muitos outros organismos do Estado e às comunidades autónomas onde, segundo alguns números avançados, o problema tem uma dimensão gigantesca.
Não são necessárias estatísticas para saber que em Portugal sofremos do mesmo tipo de despesismo com um excesso de viaturas oficiais para uso pessoal, com gastos em motoristas, combustíveis, reparações e trabalho extraordinário sem controlo. Ter carro e motorista é um privilégio que dá estatuto e é uma vaidade demasiado enraizada na nossa Administração Pública. Os nossos dirigentes não usam o seu automóvel pessoal, nem o autocarro ou o metropolitano, pois preferem exibir-se em carros topo de gama pertencentes ao Estado, muitas vezes sem que haja direito a esse privilégio e, outras tantas, sem que o cargo que ocupam o justifique.
Sigamos o exemplo espanhol. Para os tão apertados contribuintes portugueses, aquelas mordomias constituem uma despesa sem qualquer sentido, um abuso censurável e uma afronta aos nossos sacrifícios.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Obama: o melhor ainda está para vir

A América escolheu Barack Obama para Presidente, o que significa que haverá continuidade no estilo e na orientação programática americana, não sendo de esperar alterações significativas na condução da política da mais poderosa nação do mundo. Os problemas económicos que puseram em risco a reeleição de Obama vão continuar a afectar a América, nomeadamente o elevado desemprego, a recessão económica, a perda de competitividade, o défice orçamental, a elevada fiscalidade, o endividamento das famílias, a desigualdade social e a crescente pobreza.
O processo eleitoral revelou uma América hesitante e polarizada em torno dos Republicanos que continuam a controlar a Câmara dos Deputados e dos Democratas que dominam o Senado, pelo que o Presidente enfrenta o grande desafio de sentar uns e outros à mesma mesa, para ultrapassar uma crise que o candidato derrotado Mitt Rommey chegou a comparar à crise grega. No plano internacional a Europa e a sua crise continuarão ausentes das prioridades americanas, cujas preocupações continuarão centradas na Ásia e no Pacífico e, especialmente, na China e na sua continuada ascensão, mas também, por razões de segurança, na persistente instabilidade no Médio Oriente e no Norte de África.
Os Estados Unidos da América têm uma população numerosa e largamente instruída, têm abundantes recursos naturais, dispõem da mais avançada tecnologia e são a maior economia do mundo. Veremos, nos próximos quatro anos, como disse Obama, se o melhor ainda está para vir.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

As boas ideias fazem boas empresas

No contexto depressivo em que temos vivido, com arrefecimento da actividade económica, um continuado aumento do desemprego e uma limitada capacidade empreendedora, há pequenas notícias que são animadoras porque mostram o caminho mais seguro para ultrapassar os nossos problemas económicos. É o caso da empresa Science4you, que foi fundada em 2008 e que se dedica à produção, desenvolvimento e comercialização de brinquedos científicos, em colaboração com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Apesar de muito jovem, a empresa revela grande dinamismo e muita capacidade de inovação, de que resulta já estar a exportar para o Brasil e restantes países lusófonos, mas também para França e Grécia e, brevemente, para a Polónia. É um bom caminho. Neste caso, trata-se de um acordo firmado com a Biedronka, uma empresa do Grupo Jerónimo Martins que é a maior cadeia polaca de supermercados, para onde serão exportados brinquedos científicos a partir de Janeiro de 2013.
Este acordo mostra que a economia portuguesa tem espaço e potencialidades para actividades e empresas inovadoras, mas também revela como são muito vantajosos os negócios quando as empresas nacionais colaboram, interna ou internacionalmente, ajudando-se mutuamente para alcançarem novos mercados e para expandirem os seus negócios, o que se traduz na criação de valor e de emprego em Portugal. É isso que está a acontecer com o apoio dado pelo Grupo Jerónimo Martins à novel Science4you, o que constitui uma boa notícia e um bom exemplo de cooperação empresarial.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Amarração por Amor

Em Lisboa, na Rua Tenente Espanca, mesmo em frente das instalações da Fundação Gulbenkian, foi colocado um conspícuo anúncio relativo a um problema concreto (a desarmonia conjugal ou o arrefecimento dos afectos) e à venda de um serviço que resolve esse problema (a Amarração por Amor). O serviço é prestado por alguém que se intitula “especialista em unir casais” e é, claramente, um caso que se enquadra na Lei da Oferta e da Procura!
Aparentemente é um serviço que se baseia em artes mágicas e que trata das ditas amarrações e de encantamentos, exorcização de más influências, descarrego de mau-olhado, pactos para enriquecimento,  desligamento de enguiços, rituais de união perpétua, eu sei lá que mais. Habitualmente, tudo isto era anunciado com alguma discrição, através do chamado pequeno anúncio de jornal ou da entrega directa de cartões, flyers ou folhetos, mas agora assumiu um carácter mais profissionalizado e chegou ao espaço público com grandes cartazes. É uma novidade. Há clientela! Contudo, a curiosidade maior será, porventura, o “pagamento após resultado”, isto é, o serviço só ser pago quando a “amarração” estiver assegurada.
Se este serviço de Amarração por Amor fosse utilizado pelos nossos políticos, sobretudo quando fazem coligações, não aconteceriam tantos amuos como aqueles a que temos assistido entre os pedros e os paulos. Além disso, se o nosso pagamento que tem a forma de impostos, fosse feito após o resultado, certamente muito dinheiro pouparíamos.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Which one?

A mais poderosa nação do mundo escolhe amanhã o seu Presidente e, segundo as sondagens que têm sido divulgadas, os dois candidatos – Barack Obama e Mitt Romney – estão tecnicamente empatados, o que aumenta as expectativas quanto à escolha dos americanos.
A influência política dos Estados Unidos e o seu peso no funcionamento dos mercados globais são enormes, pelo que as eleições americanas despertam o interesse de muitos cidadãos por todo o mundo, que acompanham com entusiasmo o complexo processo eleitoral americano. As escolhas dos americanos resultam de factores muito diversos, sobretudo de natureza económica e, ao longo da campanha eleitoral, a questão económica esteve no centro dos debates. Independentemente dos alinhamentos partidários – Democratas e Republicanos – a reeleição de Obama parece estar em risco devido ao fraco crescimento económico que se verificou durante o seu mandato e, em particular, à persistência de elevadas taxas de desemprego, enquanto a aposta em Romney deriva da convicção geral que tem novas soluções para o crescimento e para o emprego. No entanto, há muitos outros temas que separam os candidatos, nomeadamente a política externa, onde se incluem a guerra do Afeganistão, o apoio ao Iraque, a aliança com Israel ou a relação com a China, que no futuro poderá ser um parceiro, um rival ou um inimigo.
Porém, entre as inúmeras sondagens feitas na Europa que dão a conhecer as preferências dos cidadãos pelos candidatos americanos, verifica-se que 75% dos europeus escolheriam Obama e apenas 8% optariam por Romney, enquanto em Portugal seriam 85% dos portugueses a escolher Obama. Como se interroga The Economist amanhã se verá: which one?