sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Os euro-valentões

Nicolas Sarkozy e David Cameron deslocaram-se à Líbia e foram recebidos como heróis em Tripoli e Benghazi. Antes tinham mandado os seus aviões e as suas bombas para “proteger os civis”, agora quiseram ser os primeiros a pisar solo líbio para assegurar o seu apoio à reconstrução daquilo que destruíram e, como esperavam, puderam claramente ouvir o principal responsável do CNT dizer:
“Nós temos o petróleo, vocês têm o conhecimento e as empresas”.
Em 1812 Napoleão tinha entrado na cidade abandonada de Moscovo a cavalo.
Em 1940 Hitler entrou em Paris, deslocando-se numa viatura descapotável.
Em 1959 Fidel de Castro entrou em Havana em cima de uma velha camioneta.
Agora, Cameron aterrou poucos minutos antes do A 330 presidencial francês. Esqueceram-se de levar consigo o senhor Rasmussen, o dinamarquês secretário-geral da NATO, mas não era necessário… Ele foi apenas um actor secundário desta conquista. Os novos conquistadores são eles. Em tempo de eurobonds, eles são os euro-valentões!
Da nossa parte já houve movimentos no sentido de haver uma participação portuguesa na reconstrução da destruída Líbia. Porém, uma sondagem internacional – a Transatlantic Trends 2011 – que agora foi divulgada, mostra que 77 por cento dos portugueses se opôs ao apoio militar concedido aos rebeldes líbios que têm combatido a liderança de Muammar Kadhafi, a mais alta percentagem entre todos os países inquiridos. Fomos fundadores e participantes activos da NATO, mas esta intervenção não se enquadrou nos desígnios de uma organização que é defensiva. Porém, Sarkozy e de Cameron não tiveram escrúpulos em "vestir a farda" da NATO para levar por diante a sua campanha pelo petróleo.

Sem comentários:

Enviar um comentário