Segundo destacou
o Jornal
de Angola, no passado dia 26 de Maio o Presidente João Lourenço
surpreendeu os seus concidadãos e os amigos de Angola, ao pedir perdão em nome
do Estado angolano pelas execuções sumárias levadas a cabo após o alegado golpe
de 27 de Maio de 1977. Com esse gesto inédito e corajoso, o Presidente quebrou
um tabu de décadas, pois o regime de José Eduardo dos Santos sempre tinha
silenciado o assunto e tinha combatido aqueles que com insistência reclamavam a
verdade, com base num sectarismo ideológico e numa postura ditatorial que nem
sempre foi denunciada pela imprensa, nomeadamente a imprensa portuguesa, que
quase sempre pactuou com o regime e se calou para evitar conflitos com as
autoridades angolanas.
Agora, conforme
foi salientado nas palavras presidenciais, o pedido público de desculpas e de
perdão não correspondem a um conjunto de palavras vazias, mas reflectem um
“sincero arrependimento” e uma vontade forte de promover a reconciliação
interna de todos os angolanos. A cerimónia de homenagem às vítimas do 27 de
Maio foi transmitida pela Televisão Pública de Angola e serviu para entregar
certidões de óbito aos familiares de algumas vítimas, seguindo-se agora o
processo de localização dos restos mortais das figuras envolvidas nessa alegada
tentativa de golpe, que dividiu o povo e o Movimento Popular para a Libertação
de Angola (MPLA), no poder desde a independência proclamada em 1975.
O Presidente João
Lourenço teve o grande mérito de abrir um caminho que esteve bloqueado durante
cerca de 44 anos, mas ainda há um importante trabalho a fazer na busca da
verdade, investigando o que se passou, identificando quem violou os Direitos
Humanos e responsabilizando aqueles que deram ordem para que os chamados fraccionistas fossem executados.