terça-feira, 13 de setembro de 2011

Crónica de uma tragédia anunciada

Há uma tragédia grega anunciada. A crise económica e social agudiza-se. Os protestos intensificam-se. O desemprego acentua-se. O desespero das famílias aumenta. No segundo trimestre deste ano o produto caiu 7,3% em relação ao mesmo período de 2010 e a dívida já atingiu 160% do produto. As metas acordadas com os credores estão por cumprir e os juros da dívida a um ano já ultrapassam os 100%. Os alemães endureceram o discurso e podem estar inclusivamente a preparar planos para reagir ao incumprimento grego, um cenário que os mercados já dão como praticamente certo.
O problema grego alastra. As bolsas mundiais afundam. O risco de bancarrota aumenta. O perigo de contágio é agora maior. A falência da Grécia ameaça arrastar Portugal para o abismo, porque a espiral da crise não poupa ninguém. A Espanha e a Itália estão cada vez mais envolvidas no problema das dívidas soberanas e os seus juros não param de aumentar. A França já está sob a mira dos mercados que a colocam muito próximo do olho do furacão da crise da dívida soberana.
Portugal parece que continua em banho-maria, aplicando uma austeridade não repartida e sem que se vejam as soluções que nos foram prometidas para a promoção do crescimento económico.
Num cenário de falência da Grécia, o sistema financeiro europeu entraria em colapso, sobretudo a banca francesa e alemã, que teriam que suportar prejuízos de 92 mil millhões de euros, enquanto a banca portuguesa perderia 1,6 mil milhões em dívida pública grega.
Sucedem-se declarações mais ou menos contraditórias que fazem aumentar a desconfiança. Paul Krugman diz que a turbulência na Europa já não é um problema de países pequenos como a Grécia e que o euro corre o risco de entrar em colapso. Trichet parece confiar. Merkel parece desconfiar. Barroso diz que, ao defender o euro, a Alemanha tem muito mais a ganhar do que a perder. Sarkozy esvaziou os cofres com os ataques à Líbia. Felipe Gonzalez diz que “a Europa está à beira do precipício”.
Eu acho que Gonzalez tem razão. Há mesmo uma tragédia anunciada.

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