Amanhã vou sair do país e vou voar até à Índia. Durante cerca de duas semanas, estarei em Goa e em alguns outros lugares da costa do Concão, a rever muitos dos locais por onde construímos uma história que preenche uma parte do nosso imaginário, feita de “naufrágios, viagens, fantasias & batalhas”.
Numa terra de muitos contrastes e de grande diversidade cultural, religiosa e étnica, irei reencontrar nas pessoas e nas pedras, muitas referências culturais que nos são comuns e que, muitas vezes, nos emocionam profundamente.
Por razões logísticas, provavelmente, terei que interromper ou reduzir bastante as minhas incursões pela Rua dos Navegantes, mas espero recolher algumas informações e impressões para utilizar posteriormente, se achar que isso tem algum interesse.
Entretanto, como se dizia noutros tempos: Adeus, até ao meu regresso!
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Adeus, até ao meu regresso!
domingo, 16 de outubro de 2011
Carros de luxo: lê-se e não se acredita!
O Correio da Manhã informou na sua edição de hoje, com grande destaque, que a “CP encomenda 13 carros de luxo para chefes”.
Lê-se e não se acredita!
Numa altura em que um dos quebra-cabeças governamentais são as empresas públicas de transportes, os seus défices de exploração e os seus avultados passivos, esta notícia é, à sua escala, um enorme murro no estômago, como diria o nosso Primeiro.
Os modernos jornais tendem a exagerar, a praticar o sensacionalismo e a utilizar uma duvidosa tematização no seu alinhamento noticioso mas, frequentemente, também assumem o papel de guardiões dos valores democráticos, ao vigiar os atropelos e ao denunciar os excessos praticados.
Escasseiam os chamados jornais de referência em que se acreditava plenamente e os leitores – tal como os ouvintes e os telespectadores – cada vez mais, têm que estar atentos para decifrar a verdade na notícia que foi produzida para nos ser servida, até porque o mesmo facto pode dar origem a notícias de significados opostos.
A notícia hoje divulgada pode ser verdadeira ou falsa, mas tem um efeito psicológico desmoralizador sobre os leitores e acentua o clima depressivo que se está a apoderar da sociedade portuguesa. Ninguém compreende como estas coisas são possíveis, exactamente quando todos os dias nos chegam notícias devastadoras e brutais, a antecipar dias sombrios.
Lê-se e não se acredita!
Numa altura em que um dos quebra-cabeças governamentais são as empresas públicas de transportes, os seus défices de exploração e os seus avultados passivos, esta notícia é, à sua escala, um enorme murro no estômago, como diria o nosso Primeiro.
Os modernos jornais tendem a exagerar, a praticar o sensacionalismo e a utilizar uma duvidosa tematização no seu alinhamento noticioso mas, frequentemente, também assumem o papel de guardiões dos valores democráticos, ao vigiar os atropelos e ao denunciar os excessos praticados.
Escasseiam os chamados jornais de referência em que se acreditava plenamente e os leitores – tal como os ouvintes e os telespectadores – cada vez mais, têm que estar atentos para decifrar a verdade na notícia que foi produzida para nos ser servida, até porque o mesmo facto pode dar origem a notícias de significados opostos.
A notícia hoje divulgada pode ser verdadeira ou falsa, mas tem um efeito psicológico desmoralizador sobre os leitores e acentua o clima depressivo que se está a apoderar da sociedade portuguesa. Ninguém compreende como estas coisas são possíveis, exactamente quando todos os dias nos chegam notícias devastadoras e brutais, a antecipar dias sombrios.
Os portugueses no reino do Sião
A Fundação Oriente, em colaboração com a Embaixada do Reino da Tailândia, inaugurou
“A glória do passado da Tailândia e os 500 anos de relações luso-tailandesas”, uma exposição que vai estar patente ao público até ao dia 13 de Novembro, no Museu do Oriente.
O tema da exposição é a civilização tailandesa, desde a pré-história até à actualidade, mas comemora também os 500 anos de relações entre Portugal e a Tailândia.
Os portugueses chegaram ao antigo reino do Sião em 1509 e, alguns anos depois, com permissão do seu rei, os missionários portugueses - Dominicanos, Jesuítas e Franciscanos - começaram a cristianizar os siameses, vindo a ser integrados na diocese de Malaca em 1557. Em meados do século XVII, o Padroado Português do Oriente tinha criado raízes e os portugueses já estavam estabelecidos há mais de um século com três paróquias no Nan Portuguete (Aldeia dos portugueses). O português era a língua franca e já existia uma numerosa comunidade luso-tailandesa, calculada em mais de duas mil e quinhentas almas. Na sequência da perda de Malaca e das disputas entre o Padroado Português do Oriente e a Propaganda Fidae, que levaram para o Oriente as rivalidades europeias, a influência portuguesa no Sião veio a perder-se.
A exposição apoia-se em fotografias e réplicas de testemunhos arqueológicos das relações entre Portugal e a Tailândia, encontradas nesse país.
Hoje, a memória portuguesa na Tailândia persiste e é muito respeitada.
“A glória do passado da Tailândia e os 500 anos de relações luso-tailandesas”, uma exposição que vai estar patente ao público até ao dia 13 de Novembro, no Museu do Oriente.
O tema da exposição é a civilização tailandesa, desde a pré-história até à actualidade, mas comemora também os 500 anos de relações entre Portugal e a Tailândia.
Os portugueses chegaram ao antigo reino do Sião em 1509 e, alguns anos depois, com permissão do seu rei, os missionários portugueses - Dominicanos, Jesuítas e Franciscanos - começaram a cristianizar os siameses, vindo a ser integrados na diocese de Malaca em 1557. Em meados do século XVII, o Padroado Português do Oriente tinha criado raízes e os portugueses já estavam estabelecidos há mais de um século com três paróquias no Nan Portuguete (Aldeia dos portugueses). O português era a língua franca e já existia uma numerosa comunidade luso-tailandesa, calculada em mais de duas mil e quinhentas almas. Na sequência da perda de Malaca e das disputas entre o Padroado Português do Oriente e a Propaganda Fidae, que levaram para o Oriente as rivalidades europeias, a influência portuguesa no Sião veio a perder-se.
A exposição apoia-se em fotografias e réplicas de testemunhos arqueológicos das relações entre Portugal e a Tailândia, encontradas nesse país.
Hoje, a memória portuguesa na Tailândia persiste e é muito respeitada.
sábado, 15 de outubro de 2011
Um verdadeiro marajá em Portimão
Foi recentemente divulgado o relatório de uma auditoria ao “Sistema remuneratório dos gestores hospitalares e aos princípios e boas práticas de governação dos Hospitais, EPE”, relativa ao ano de 2009 e que foi concluído pelo Tribunal de Contas em Julho de 2011.
São 318 páginas que explicam, analisam e comentam o sistema remuneratório dos 198 administradores de 39 hospitais públicos portugueses, mas cuja leitura começa por nos deixar a estranha sensação de que muitos estabelecimentos hospitalares parecem existir para servir administradores e clínicos. Assim, verifiquei que em 2009 esses administradores receberam mais de 14 milhões de euros, isto é, mais 19% do que no ano anterior, quando a crise já apertava.
Pensei que também iria encontrar algumas estatísticas dos resultados relativos à eficiência das administrações hospitalares em termos de cirurgias, exames, internamentos, consumo de medicamentos ou listas de espera, mas encontrei os preços de aquisição das viaturas de serviço dos administradores, as suas despesas com telemóveis, com combustíveis e com a chamada representação por inerência de funções, entre outras. Mas encontrei, também, tal como o Jornal de Notícias encontrou, que a remuneração individual total anual de um médico do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, EPE, em regime de dedicação exclusiva de 42 horas semanais, nos custou 796 mil euros em 2008 e 745 mil euros em 2009.
Um verdadeiro marajá em Portimão! Parece ser o caso mais notório de um obsceno aproveitamento dos meus impostos, embora se saiba que há muitos casos semelhantes no continente e nas ilhas.
Assim não há impostos que cheguem para sanear as nossas contas da saúde.
O Campos tentou acabar com isto, mas foi posto na rua.
Será que o Macedo vai conseguir?
São 318 páginas que explicam, analisam e comentam o sistema remuneratório dos 198 administradores de 39 hospitais públicos portugueses, mas cuja leitura começa por nos deixar a estranha sensação de que muitos estabelecimentos hospitalares parecem existir para servir administradores e clínicos. Assim, verifiquei que em 2009 esses administradores receberam mais de 14 milhões de euros, isto é, mais 19% do que no ano anterior, quando a crise já apertava.
Pensei que também iria encontrar algumas estatísticas dos resultados relativos à eficiência das administrações hospitalares em termos de cirurgias, exames, internamentos, consumo de medicamentos ou listas de espera, mas encontrei os preços de aquisição das viaturas de serviço dos administradores, as suas despesas com telemóveis, com combustíveis e com a chamada representação por inerência de funções, entre outras. Mas encontrei, também, tal como o Jornal de Notícias encontrou, que a remuneração individual total anual de um médico do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, EPE, em regime de dedicação exclusiva de 42 horas semanais, nos custou 796 mil euros em 2008 e 745 mil euros em 2009.
Um verdadeiro marajá em Portimão! Parece ser o caso mais notório de um obsceno aproveitamento dos meus impostos, embora se saiba que há muitos casos semelhantes no continente e nas ilhas.
Assim não há impostos que cheguem para sanear as nossas contas da saúde.
O Campos tentou acabar com isto, mas foi posto na rua.
Será que o Macedo vai conseguir?
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Tempos muito sombrios - II
Como era previsível, o anúncio das linhas gerais do Orçamento do Estado para 2012 provocou uma depressão emocional e uma generalizada onda de protestos, pelo seu carácter recessivo e insensibilidade social, mas também por não promover a recuperação económica e por potenciar o aumento do desemprego e da pobreza.
As pessoas escutaram e assustaram-se com a brutalidade de uma terapêutica semelhante à que tem sido aplicada na Grécia, mas onde não tem obtido resultados. As pessoas perceberam que “o estado a que isto chegou” resultou de um processo cumulativo de erros em que todos participamos, no qual os políticos e a banca têm as maiores responsabilidades.
Agora, a porta de saída é estreita. Com a política orçamental delineada, a economia vai correr sérios riscos de implodir, com os trabalhadores a lutar pelo emprego e pelo salário, as empresas a procurar a sobrevivência e os bancos a tentar reforçar a sua liquidez e a recuperar os seus créditos. O emprego, o investimento e o crédito estão ameaçados, tal como a coesão social.
Uma geração jovem e muito qualificada vai continuar a procurar o futuro noutras paragens. O anunciado corte nos subsídios de Natal e de férias atingirá todos os reformados com pensões acima dos mil euros, quer do sistema público quer do sistema privado. Uma nova onda de excluídos, de indignados e de desempregados perfila-se no horizonte.
A sociedade civil, e em especial os sindicatos, começam a reagir a este quadro de brutal austeridade, que é também um quadro de não-esperança, preparando-se para exercer o seu direito à indignação. Entretanto, começam a ser detectados alguns sinais de hesitação e desnorte na governação. Os agentes económicos não recuperaram a confiança. Não sei como é que isto vai acabar. São tempos muito sombrios.
As pessoas escutaram e assustaram-se com a brutalidade de uma terapêutica semelhante à que tem sido aplicada na Grécia, mas onde não tem obtido resultados. As pessoas perceberam que “o estado a que isto chegou” resultou de um processo cumulativo de erros em que todos participamos, no qual os políticos e a banca têm as maiores responsabilidades.
Agora, a porta de saída é estreita. Com a política orçamental delineada, a economia vai correr sérios riscos de implodir, com os trabalhadores a lutar pelo emprego e pelo salário, as empresas a procurar a sobrevivência e os bancos a tentar reforçar a sua liquidez e a recuperar os seus créditos. O emprego, o investimento e o crédito estão ameaçados, tal como a coesão social.
Uma geração jovem e muito qualificada vai continuar a procurar o futuro noutras paragens. O anunciado corte nos subsídios de Natal e de férias atingirá todos os reformados com pensões acima dos mil euros, quer do sistema público quer do sistema privado. Uma nova onda de excluídos, de indignados e de desempregados perfila-se no horizonte.
A sociedade civil, e em especial os sindicatos, começam a reagir a este quadro de brutal austeridade, que é também um quadro de não-esperança, preparando-se para exercer o seu direito à indignação. Entretanto, começam a ser detectados alguns sinais de hesitação e desnorte na governação. Os agentes económicos não recuperaram a confiança. Não sei como é que isto vai acabar. São tempos muito sombrios.
O sector automóvel e a nossa crise
A ACAP – Associação Automóvel de Portugal é a única associação empresarial que representa a globalidade do sector automóvel, congregando cerca de duas mil empresas associadas, distribuídas por todo o território nacional.
Mensalmente, a ACAP divulga na sua website as estatísticas das vendas de veículos automóveis em Portugal. Assim, podemos verificar que, entre Janeiro e Setembro de 2011, foram vendidos 123.540 veículos, correspondentes a uma quebra de 23,5% em relação ao mesmo período de 2010, em que foram vendidas 161.399 unidades.
Na análise das vendas por marcas, verifica-se que nos primeiros nove meses de 2011 a marca-rainha do mercado português foi a Renault com 13.282 unidades vendidas. Nesse mesmo período foram vendidos 5797 BMW, 5472 Mercedes e 4995 Audi, mas também 216 Porsche, 82 Jaguar, 16 Aston Martin, 14 Ferrari e, ainda, alguns Bentley, Maserati e Lamborghini.
Estes números permitem inúmeras leituras, incluindo a constatação de uma quebra global de 23,5% nas vendas a caracterizar uma crise do sector automóvel, que habitualmente antecipa uma crise mais geral da economia, mas também a apetência portuguesa pelas marcas alemãs de gama média-alta e, ainda, que há compradores para os Porsche, os Aston Martin e os Ferrari, apesar da crise que atravessamos.
Eu bem gostava de saber quem é que em Portugal tem este tipo de rendimentos e qual a sua origem, mas também se esses compradores pagam impostos como eu.
Mensalmente, a ACAP divulga na sua website as estatísticas das vendas de veículos automóveis em Portugal. Assim, podemos verificar que, entre Janeiro e Setembro de 2011, foram vendidos 123.540 veículos, correspondentes a uma quebra de 23,5% em relação ao mesmo período de 2010, em que foram vendidas 161.399 unidades.
Na análise das vendas por marcas, verifica-se que nos primeiros nove meses de 2011 a marca-rainha do mercado português foi a Renault com 13.282 unidades vendidas. Nesse mesmo período foram vendidos 5797 BMW, 5472 Mercedes e 4995 Audi, mas também 216 Porsche, 82 Jaguar, 16 Aston Martin, 14 Ferrari e, ainda, alguns Bentley, Maserati e Lamborghini.
Estes números permitem inúmeras leituras, incluindo a constatação de uma quebra global de 23,5% nas vendas a caracterizar uma crise do sector automóvel, que habitualmente antecipa uma crise mais geral da economia, mas também a apetência portuguesa pelas marcas alemãs de gama média-alta e, ainda, que há compradores para os Porsche, os Aston Martin e os Ferrari, apesar da crise que atravessamos.
Eu bem gostava de saber quem é que em Portugal tem este tipo de rendimentos e qual a sua origem, mas também se esses compradores pagam impostos como eu.
Tempos muito sombrios - I
As linhas gerais do Orçamento do Estado para 2012 que ontem foram anunciadas, são de uma violência inesperada e antecipam tempos muito sombrios.
Sabia-se, desde há muitos anos, que as coisas tinham que mudar e não podiam continuar como estavam. Porém, a febre de ganhar eleições e de empregar as clientelas foi adiando a resolução do problema. Prometeu-se tudo a todos. Venderam-se ilusões. Votaram-se facilidades. Exigiram-se utopias. A prosperidade tomou conta das nossas vidas. Ninguém ligou à teoria do pântano, nem à teoria da tanga.
De repente, num quadro de crise internacional, acordamos com os credores à porta. Acreditamos que não era necessário aumentar impostos e que bastava cortar nas gorduras do Estado e nos consumos intermédios, extinguir governos civis, institutos, fundações e pronto. Afinal não era assim. Era apenas propaganda eleitoral.
Ontem, o primeiro-ministro afirmou que nunca tinha pensado ser necessário anunciar ao país medidas tão severas e tão difíceis de aceitar, como por exemplo a eliminação dos subsídios de férias e de Natal, justificando-as com uma derrapagem orçamental da responsabilidade do anterior governo. Isso não é verdade! Isso é, mais uma vez, atirar poeira para os nossos olhos! O nosso problema nasceu com a nossa integração europeia e com os milhões que vinham de Bruxelas. Com o facilitismo. Com o novo-riquismo. Com a ganância da banca. Com as nossas vaidades. A classe política fechou os olhos à realidade, deslumbrou-se com a Europa, instalou-se no aparelho de Estado, favoreceu clientelas, enriqueceu materialmente e, muito democraticamente, foi alternando no poder.
No crítico momento por que passamos actualmente, a derrapagem orçamental é conjuntural e resulta das receitas do Estado estarem abaixo das previsões devido ao clima recessivo e, do lado da despesa, é a consequência do tão falado corte das gorduras do Estado e dos consumos intermédios ter sido pouco mais do que propaganda.
“Nunca nos deveríamos ter permitido chegar a este ponto”, disse o primeiro-ministro e é verdade. Agora, perguntem ao Cavaco, ao Constâncio e ao pequeno Jardim, entre outros, porque deixaram que as coisas seguissem este caminho tão sombrio.
Sabia-se, desde há muitos anos, que as coisas tinham que mudar e não podiam continuar como estavam. Porém, a febre de ganhar eleições e de empregar as clientelas foi adiando a resolução do problema. Prometeu-se tudo a todos. Venderam-se ilusões. Votaram-se facilidades. Exigiram-se utopias. A prosperidade tomou conta das nossas vidas. Ninguém ligou à teoria do pântano, nem à teoria da tanga.
De repente, num quadro de crise internacional, acordamos com os credores à porta. Acreditamos que não era necessário aumentar impostos e que bastava cortar nas gorduras do Estado e nos consumos intermédios, extinguir governos civis, institutos, fundações e pronto. Afinal não era assim. Era apenas propaganda eleitoral.
Ontem, o primeiro-ministro afirmou que nunca tinha pensado ser necessário anunciar ao país medidas tão severas e tão difíceis de aceitar, como por exemplo a eliminação dos subsídios de férias e de Natal, justificando-as com uma derrapagem orçamental da responsabilidade do anterior governo. Isso não é verdade! Isso é, mais uma vez, atirar poeira para os nossos olhos! O nosso problema nasceu com a nossa integração europeia e com os milhões que vinham de Bruxelas. Com o facilitismo. Com o novo-riquismo. Com a ganância da banca. Com as nossas vaidades. A classe política fechou os olhos à realidade, deslumbrou-se com a Europa, instalou-se no aparelho de Estado, favoreceu clientelas, enriqueceu materialmente e, muito democraticamente, foi alternando no poder.
No crítico momento por que passamos actualmente, a derrapagem orçamental é conjuntural e resulta das receitas do Estado estarem abaixo das previsões devido ao clima recessivo e, do lado da despesa, é a consequência do tão falado corte das gorduras do Estado e dos consumos intermédios ter sido pouco mais do que propaganda.
“Nunca nos deveríamos ter permitido chegar a este ponto”, disse o primeiro-ministro e é verdade. Agora, perguntem ao Cavaco, ao Constâncio e ao pequeno Jardim, entre outros, porque deixaram que as coisas seguissem este caminho tão sombrio.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Il Divo & Orchestra: concerto em Lisboa
No próximo dia 28 de Abril de 2012 voltará a actuar no Pavilhão Atlântico em Lisboa, o famoso quarteto de pop-ópera Il Divo.
Trata-se da quarta tournée mundial do grupo que foi idealizado por um inglês e se constituiu no ano de 2004, integrando quatro cantores – um espanhol, um francês, um suiço e um americano - que já tinham carreiras a solo bem sucedidas e cuja qualidade vocal é notável. O grupo tem um repertório em várias línguas e conquistou multidões nos países por onde tem actuado, tendo um registo de 25 milhões de álbuns vendidos e mais de 2 milhões de bilhetes vendidos para os seus concertos.
O Il Divo já actuou com grande sucesso no mesmo Pavilhão Atlântico em Junho de 2007 e Abril de 2009. Os bilhetes para o concerto que se realizará no dia 28 de Abril de 2012, estarão à venda a partir de 14 de Outubro com preços a partir dos 30 euros.
É uma oportunidade para fruir de um grande espectáculo, sobretudo num período em que, previsivelmente, andaremos todos bastante deprimidos.
Trata-se da quarta tournée mundial do grupo que foi idealizado por um inglês e se constituiu no ano de 2004, integrando quatro cantores – um espanhol, um francês, um suiço e um americano - que já tinham carreiras a solo bem sucedidas e cuja qualidade vocal é notável. O grupo tem um repertório em várias línguas e conquistou multidões nos países por onde tem actuado, tendo um registo de 25 milhões de álbuns vendidos e mais de 2 milhões de bilhetes vendidos para os seus concertos.
O Il Divo já actuou com grande sucesso no mesmo Pavilhão Atlântico em Junho de 2007 e Abril de 2009. Os bilhetes para o concerto que se realizará no dia 28 de Abril de 2012, estarão à venda a partir de 14 de Outubro com preços a partir dos 30 euros.
É uma oportunidade para fruir de um grande espectáculo, sobretudo num período em que, previsivelmente, andaremos todos bastante deprimidos.
Singularidades gregas
A missão externa da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do FMI em Atenas aprovou ontem o sexto pacote de oito mil milhões de euros do empréstimo externo de 110 mil milhões de euros para três anos, acordado em Maio do ano passado.
Sem a entrega dessa tranche, a Grécia corria o risco de, a partir de Novembro, ficar incapacitada de cumprir os seus compromissos, nomeadamente em relação ao pagamento de salários e pensões, conforme avisara o governo de Papandreou, depois de ter admitido que o país não iria conseguir cumprir as metas do défice acordadas para 2011 e 2012. Esta decisão da troika, tomada quando o governo grego vai falhar todas as metas que lhe eram exigidas para este ano e se verifica uma enorme agitação social, é um acontecimento importante no plano financeiro, mas também um voto de confiança acrescentada nos gregos e no futuro da moeda única. Os gregos festejaram.
Porém, algumas horas depois deste anúncio, os gregos bateram os croatas e a Grécia assegurou a sua presença na fase final do Campeonato da Europa de Futebol a realizar em 2012. Os gregos festejaram.
Nem é preciso saber grego para ver como a imprensa de Atenas deu mais destaque à qualificação grega e ao treinador português Fernando Santos, do que à chegada do sexto pacote de ajuda financeira. São singularidades gregas.
Seremos assim tão diferentes?
Sem a entrega dessa tranche, a Grécia corria o risco de, a partir de Novembro, ficar incapacitada de cumprir os seus compromissos, nomeadamente em relação ao pagamento de salários e pensões, conforme avisara o governo de Papandreou, depois de ter admitido que o país não iria conseguir cumprir as metas do défice acordadas para 2011 e 2012. Esta decisão da troika, tomada quando o governo grego vai falhar todas as metas que lhe eram exigidas para este ano e se verifica uma enorme agitação social, é um acontecimento importante no plano financeiro, mas também um voto de confiança acrescentada nos gregos e no futuro da moeda única. Os gregos festejaram.
Porém, algumas horas depois deste anúncio, os gregos bateram os croatas e a Grécia assegurou a sua presença na fase final do Campeonato da Europa de Futebol a realizar em 2012. Os gregos festejaram.
Nem é preciso saber grego para ver como a imprensa de Atenas deu mais destaque à qualificação grega e ao treinador português Fernando Santos, do que à chegada do sexto pacote de ajuda financeira. São singularidades gregas.
Seremos assim tão diferentes?
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Um verdadeiro quebra-cabeças!
A Europa vive um período de grande inquietação e os sinais que quotidianamente nos chegam através dos jornais e das televisões não são animadores, pois revelam dificuldades, divisões e egoísmos, para além de mostrarem uma ausência de estratégia e de vontade política para encontrar soluções.
Tem sido referido que um dos mais graves problemas europeus é um tipo de governação económica que utiliza a mesma moeda, mas tem modelos de decisão, políticas económicas, graus de desenvolvimento e níveis de produtividade muito diversos. A velha preocupação de uma “Europa a duas velocidades” é hoje uma evidência, mostrando que progressivamente se tem perdido a ideia de solidariedade europeia e se têm imposto uma lógica de poder baseada na dimensão demográfica e no poder económico da Alemanha e da França.
Esse protagonismo franco-alemão tem secundarizado a Comissão Europeia e o papel dos pequenos países, o que é um preocupante sinal de uma indesejável hegemonia. Os actores desta encenação – Angela Merkel e Nicolas Sarkozy – estarão, provavelmente, mais interessados em conquistar os seus eleitorados nacionais, do que em levar por diante uma solução solidária para o problema europeu. Eles podem reunir e falar para as televisões, mas estão a pensar nos seus bancos, nas suas empresas e no seu futuro político. Eles não estão a pensar na Europa e, de facto, isso é que é um verdadeiro quebra-cabeças!
Tem sido referido que um dos mais graves problemas europeus é um tipo de governação económica que utiliza a mesma moeda, mas tem modelos de decisão, políticas económicas, graus de desenvolvimento e níveis de produtividade muito diversos. A velha preocupação de uma “Europa a duas velocidades” é hoje uma evidência, mostrando que progressivamente se tem perdido a ideia de solidariedade europeia e se têm imposto uma lógica de poder baseada na dimensão demográfica e no poder económico da Alemanha e da França.
Esse protagonismo franco-alemão tem secundarizado a Comissão Europeia e o papel dos pequenos países, o que é um preocupante sinal de uma indesejável hegemonia. Os actores desta encenação – Angela Merkel e Nicolas Sarkozy – estarão, provavelmente, mais interessados em conquistar os seus eleitorados nacionais, do que em levar por diante uma solução solidária para o problema europeu. Eles podem reunir e falar para as televisões, mas estão a pensar nos seus bancos, nas suas empresas e no seu futuro político. Eles não estão a pensar na Europa e, de facto, isso é que é um verdadeiro quebra-cabeças!
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
O Barbeiro de Sevilha e a lei de Baumol
A anunciada apresentação, durante o mês de Outubro, da ópera O Barbeiro de Sevilha em Sintra, Caldas da Rainha, Braga, Coimbra, Leiria, Lisboa, Beja, Portimão e Porto, pelo Teatro Nacional da Ópera da Moldávia, foi cancelada.
Era uma oportunidade para rever um grande espectáculo e uma grande companhia, que tem sido um verdadeiro ex-libris da cultura moldava e que, desde 1956, faz regulares e aplaudidas digressões pela Europa.
O espectáculo anunciado para o dia 14 de Outubro no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, em meados de Setembro já estava quase esgotado mas, em algumas das outras cidades, não se verificou semelhante procura de bilhetes. Nessas circunstâncias, a promotora do espectáculo anunciou o cancelamento da digressão, devido à actual conjuntura económica que não atraiu patrocinadores e deixou as vendas de bilheteira muito abaixo do esperado e, consequentemente, sem qualquer possibilidade de cobrir os elevados custos de produção do espectáculo.
Esta situação é mais um aspecto da preocupante crise por que passamos e remete-nos muito claramente para a chamada Lei de Baumol: “os custos de produção dos espectáculos tendem a crescer mais rapidamente do que as receitas de bilheteira, pelo que será necessário recorrer cada vez mais a financiamentos externos”.
A crise atacou a ópera através da bilheteira e da falta de patrocinadores.
Até onde chegará?
Era uma oportunidade para rever um grande espectáculo e uma grande companhia, que tem sido um verdadeiro ex-libris da cultura moldava e que, desde 1956, faz regulares e aplaudidas digressões pela Europa.
O espectáculo anunciado para o dia 14 de Outubro no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, em meados de Setembro já estava quase esgotado mas, em algumas das outras cidades, não se verificou semelhante procura de bilhetes. Nessas circunstâncias, a promotora do espectáculo anunciou o cancelamento da digressão, devido à actual conjuntura económica que não atraiu patrocinadores e deixou as vendas de bilheteira muito abaixo do esperado e, consequentemente, sem qualquer possibilidade de cobrir os elevados custos de produção do espectáculo.
Esta situação é mais um aspecto da preocupante crise por que passamos e remete-nos muito claramente para a chamada Lei de Baumol: “os custos de produção dos espectáculos tendem a crescer mais rapidamente do que as receitas de bilheteira, pelo que será necessário recorrer cada vez mais a financiamentos externos”.
A crise atacou a ópera através da bilheteira e da falta de patrocinadores.
Até onde chegará?
sábado, 8 de outubro de 2011
Gastar à tripa-forra
Na sua edição de hoje, o Correio da Manhã informa os seus leitores com grande destaque que a “ANA gasta 33 mil em sardinhada”.
A ANA – Aeroportos de Portugal, SA foi criada em 1998 para gerir os aeroportos portugueses de forma empresarial, sendo detida na sua totalidade pelo Estado Português.
A empresa tem o monopólio da gestão dos aeroportos portugueses, pelos quais passam anualmente mais de 250 mil aviões e mais de 25 milhões de passageiros, que pagam as suas taxas. O movimento aeroportuário tem aumentado todos os anos e daí que a empresa apresente sempre resultados positivos, que em 2010 atingiram 56,4 milhões de euros, embora a dívida da empresa também venha aumentando regularmente e seja da ordem dos 500 milhões de euros.
Porém, quando o país tem um elevado desemprego e passa por grandes dificuldades financeiras, espanta que a administração da ANA não se iniba de dar este mau exemplo e de gastar 33.250 euros numa sardinhada de São João, no Porto, e mais 136.500 euros em cabazes de Natal para todos os seus 1202 funcionários, entre outros gastos que o jornal não sabe ou não revela, mas que todos imaginamos.
Chama-se a isto gastar à tripa-forra. "Anda tudo doido", como diria um amigo meu!
A ANA – Aeroportos de Portugal, SA foi criada em 1998 para gerir os aeroportos portugueses de forma empresarial, sendo detida na sua totalidade pelo Estado Português.
A empresa tem o monopólio da gestão dos aeroportos portugueses, pelos quais passam anualmente mais de 250 mil aviões e mais de 25 milhões de passageiros, que pagam as suas taxas. O movimento aeroportuário tem aumentado todos os anos e daí que a empresa apresente sempre resultados positivos, que em 2010 atingiram 56,4 milhões de euros, embora a dívida da empresa também venha aumentando regularmente e seja da ordem dos 500 milhões de euros.
Porém, quando o país tem um elevado desemprego e passa por grandes dificuldades financeiras, espanta que a administração da ANA não se iniba de dar este mau exemplo e de gastar 33.250 euros numa sardinhada de São João, no Porto, e mais 136.500 euros em cabazes de Natal para todos os seus 1202 funcionários, entre outros gastos que o jornal não sabe ou não revela, mas que todos imaginamos.
Chama-se a isto gastar à tripa-forra. "Anda tudo doido", como diria um amigo meu!
Ilhas atlânticas: entre a ética e o vale tudo
Carlos César, o presidente do Governo Regional dos Açores, completa 16 anos de governação em Outubro de 2012 e anunciou a sua decisão de não se recandidatar a um quinto mandato, em nome da ética dos cargos públicos e da ética republicana.
Carlos César tomou posse pela primeira vez no dia 9 de Novembro de 1996, na sequência da vitória que o PS obtivera com 46 por cento dos votos nas eleições regionais realizadas um mês antes. Até então, também durante 16 anos, o arquipélago tinha sido governado pelo PSD liderado por Mota Amaral.
Pode concordar-se ou discordar-se da política de Carlos César, mas a sua atitude é exemplar e revela o enorme contraste entre a prática democrática açoriana e a bandalheira governativa madeirense, sobre a qual tanto se tem dito.
Enquanto nos Açores se cultiva a ética, se abre espaço para uma nova geração e se potencia a alternância democrática, na Madeira assistimos ao vale tudo e a uma doentia obcessão pelo poder, à demagogia e ao populismo, à arrogância, à insensatez e ao despudor de uma linguagem agressiva.
Face às circunstâncias da conjuntura, os madeirenses terão que resolver o seu problema rapidamente, mas os açorianos vão ter tempo para, serenamente, escolher o sucessor de Carlos César.
Carlos César tomou posse pela primeira vez no dia 9 de Novembro de 1996, na sequência da vitória que o PS obtivera com 46 por cento dos votos nas eleições regionais realizadas um mês antes. Até então, também durante 16 anos, o arquipélago tinha sido governado pelo PSD liderado por Mota Amaral.
Pode concordar-se ou discordar-se da política de Carlos César, mas a sua atitude é exemplar e revela o enorme contraste entre a prática democrática açoriana e a bandalheira governativa madeirense, sobre a qual tanto se tem dito.
Enquanto nos Açores se cultiva a ética, se abre espaço para uma nova geração e se potencia a alternância democrática, na Madeira assistimos ao vale tudo e a uma doentia obcessão pelo poder, à demagogia e ao populismo, à arrogância, à insensatez e ao despudor de uma linguagem agressiva.
Face às circunstâncias da conjuntura, os madeirenses terão que resolver o seu problema rapidamente, mas os açorianos vão ter tempo para, serenamente, escolher o sucessor de Carlos César.
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quinta-feira, 6 de outubro de 2011
A cultura republicana
Celebraram-se ontem 101 anos sobre a implantação da República em Portugal. Nos discursos pronunciados na Praça do Município foram deixados alguns diagnósticos, muitos alertas quanto ao nosso futuro e algumas alusões relativas à cultura republicana.
Disse o Presidente da República:
“A cultura republicana implica uma reforma profunda do exercício de funções públicas. Precisamente porque se pedem mais sacrifícios, o exemplo dos agentes políticos tem de ser mais autêntico”.
A ideia de cultura republicana contrapôs-se à pretensa natureza dissoluta, corrupta e injusta da Monarquia e, desde então, constitui o referencial de ética, competência, transparência, disponibilidade e devoção ao serviço público. A cultura republicana exige que cada funcionário sirva a República e não se sirva da República para promover os seus fins pessoais ou os de um determinado grupo. A cultura republicana exige que os agentes políticos e os servidores do Estado cumpram a lei e sejam exemplos de boa conduta para os cidadãos.
Porém, alguns dos importantes convidados que assistiram à cerimónia ainda não devem saber o que é a cultura republicana.
Entretanto, ali ao lado, situa-se o antigo Arsenal da Marinha, a casa-mãe de alguns dos homens que, na Rotunda e no Tejo, tudo arriscaram no dia 5 de Outubro de 1910 para que a República fosse implantada. Nenhum desses exemplos de devoção à causa e à cultura republicana ali foi lembrado.
Disse o Presidente da República:
“A cultura republicana implica uma reforma profunda do exercício de funções públicas. Precisamente porque se pedem mais sacrifícios, o exemplo dos agentes políticos tem de ser mais autêntico”.
A ideia de cultura republicana contrapôs-se à pretensa natureza dissoluta, corrupta e injusta da Monarquia e, desde então, constitui o referencial de ética, competência, transparência, disponibilidade e devoção ao serviço público. A cultura republicana exige que cada funcionário sirva a República e não se sirva da República para promover os seus fins pessoais ou os de um determinado grupo. A cultura republicana exige que os agentes políticos e os servidores do Estado cumpram a lei e sejam exemplos de boa conduta para os cidadãos.
Porém, alguns dos importantes convidados que assistiram à cerimónia ainda não devem saber o que é a cultura republicana.
Entretanto, ali ao lado, situa-se o antigo Arsenal da Marinha, a casa-mãe de alguns dos homens que, na Rotunda e no Tejo, tudo arriscaram no dia 5 de Outubro de 1910 para que a República fosse implantada. Nenhum desses exemplos de devoção à causa e à cultura republicana ali foi lembrado.
A Europa inquieta, confusa e sem rumo
A edição do jornal económico francês La Tribune de 3 de Outubro, revela o elevado grau de inquietação que se abateu sobre a União Europeia e os seus líderes – eles têm trinta dias para salvar a Europa. Aparentemente, todos esperam pela cimeira do G – 20, a realizar em Cannes nos próximos dias 3 e 4 de Novembro, para encontrar uma saída para o problema grego, que já ultrapassou a escala europeia e atingiu uma dimensão mundial.
A Grécia encontra-se entre a ameaça da bancarrota e um descontentamento social sem precedentes, ao mesmo tempo que anuncia que não poderá cumprir os objectivos acordados com os financiadores internacionais para 2011 e 2012. As medidas de austeridade continuam a ser anunciadas e as autoridades gregas disseram que só tinham dinheiro até Novembro, esperando receber 8 mil milhões de euros ainda este mês, correspondentes à sexta parte do plano de ajuda acordado em 2010. A Europa hesita no apoio à Grécia, enquanto os trabalhadores gregos resistem, fazem greve geral e bloqueiam os serviços públicos. A situação grega mostra que não há soluções isoladas para nenhum país da União Europeia e, por isso, a saída desta situação complica-se. Fala-se em risco de implosão.
Entretanto, a chanceler Ângela Merkel diz que a Grécia não sairá do euro e elogiou Portugal como o exemplo do que a Itália deve fazer, depois da Moody's ter baixado o seu rating em três níveis, pela primeira vez em quase duas décadas.
Em Espanha, a situação continua difícil e o desemprego está ao pior nível dos últimos 15 anos, enquanto o grupo franco-belga Dexia já é considerado a primeira vítima da crise de dívida soberana na Europa, devido aos empréstimos feitos à Grécia, embora os franceses e os belgas afirmem que não o deixarão cair.
A crise grega mostra de facto que a Europa está inquieta, confusa e sem rumo.
A Grécia encontra-se entre a ameaça da bancarrota e um descontentamento social sem precedentes, ao mesmo tempo que anuncia que não poderá cumprir os objectivos acordados com os financiadores internacionais para 2011 e 2012. As medidas de austeridade continuam a ser anunciadas e as autoridades gregas disseram que só tinham dinheiro até Novembro, esperando receber 8 mil milhões de euros ainda este mês, correspondentes à sexta parte do plano de ajuda acordado em 2010. A Europa hesita no apoio à Grécia, enquanto os trabalhadores gregos resistem, fazem greve geral e bloqueiam os serviços públicos. A situação grega mostra que não há soluções isoladas para nenhum país da União Europeia e, por isso, a saída desta situação complica-se. Fala-se em risco de implosão.
Entretanto, a chanceler Ângela Merkel diz que a Grécia não sairá do euro e elogiou Portugal como o exemplo do que a Itália deve fazer, depois da Moody's ter baixado o seu rating em três níveis, pela primeira vez em quase duas décadas.
Em Espanha, a situação continua difícil e o desemprego está ao pior nível dos últimos 15 anos, enquanto o grupo franco-belga Dexia já é considerado a primeira vítima da crise de dívida soberana na Europa, devido aos empréstimos feitos à Grécia, embora os franceses e os belgas afirmem que não o deixarão cair.
A crise grega mostra de facto que a Europa está inquieta, confusa e sem rumo.
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terça-feira, 4 de outubro de 2011
Documentos lusos na Memória do Mundo
O Registo Internacional da Memória do Mundo da UNESCO, passou a incluir recentemente os relatórios redigidos por Gago Coutinho e Sacadura Cabral sobre a primeira travessia aérea do Atlântico Sul realizada em 1922, os quais fazem parte do acervo do Arquivo Histórico da Biblioteca Central de Marinha.
O Registo Internacional da Memória do Mundo foi criado pela UNESCO em 1992 para sensibilizar o público e as autoridades quanto à necessidade de preservar e valorizar os documentos e arquivos de grande valor histórico. Da lista de documentos já inscritos na Memória do Mundo constam, entre outros, a partitura original da 9ª sinfonia de Beethoven e a Bíblia de Gutenberg, ambos conservados em arquivos alemães. Actualmente o Registo inclui 238 documentos, distribuídos por cerca de nove dezenas de países, havendo cinco que se encontram em Portugal.
Em 2005 a UNESCO inscreveu a Carta de Pêro Vaz de Caminha, escrita na Terra de Vera Cruz em 1 de Maio de 1500, como o primeiro documento português no registo da Memória do Mundo. Seguiu-se em 2007 a inscrição do Tratado de Tordesilhas (versão castelhana), assinado em 7 de Junho 1494 e o Corpo Cronológico (1161-1699) , um conjunto de 83.212 documentos sobretudo do séc. XV e primeira metade do séc. XVI. Estes três registos encontram-se no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
Em 2011 foram incluídos no registo da Memória do Mundo os Arquivos dos Dembos, pertencentes ao acervo do Arquivo Histórico-Ultramarino de Lisboa, por proposta conjunta de Portugal e Angola, além dos já mencionados relatórios dos Comandantes Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Esperemos que este reconhecimento da UNESCO estimule as nossas autoridades a zelar (ou continuar a zelar) pelo nosso património documental.
O Registo Internacional da Memória do Mundo foi criado pela UNESCO em 1992 para sensibilizar o público e as autoridades quanto à necessidade de preservar e valorizar os documentos e arquivos de grande valor histórico. Da lista de documentos já inscritos na Memória do Mundo constam, entre outros, a partitura original da 9ª sinfonia de Beethoven e a Bíblia de Gutenberg, ambos conservados em arquivos alemães. Actualmente o Registo inclui 238 documentos, distribuídos por cerca de nove dezenas de países, havendo cinco que se encontram em Portugal.
Em 2005 a UNESCO inscreveu a Carta de Pêro Vaz de Caminha, escrita na Terra de Vera Cruz em 1 de Maio de 1500, como o primeiro documento português no registo da Memória do Mundo. Seguiu-se em 2007 a inscrição do Tratado de Tordesilhas (versão castelhana), assinado em 7 de Junho 1494 e o Corpo Cronológico (1161-1699) , um conjunto de 83.212 documentos sobretudo do séc. XV e primeira metade do séc. XVI. Estes três registos encontram-se no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
Em 2011 foram incluídos no registo da Memória do Mundo os Arquivos dos Dembos, pertencentes ao acervo do Arquivo Histórico-Ultramarino de Lisboa, por proposta conjunta de Portugal e Angola, além dos já mencionados relatórios dos Comandantes Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Esperemos que este reconhecimento da UNESCO estimule as nossas autoridades a zelar (ou continuar a zelar) pelo nosso património documental.
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segunda-feira, 3 de outubro de 2011
O deslumbramento do consumo
O Correio da Manhã anunciou hoje que há 90 mil veículos penhorados pelo Estado a contribuintes devedores, isto é, a contribuintes que não pagaram os seus impostos – IRS, IMI, IVA e outros. Com esta medida, o Estado procura converter esses bens em dinheiro, por conta das dívidas fiscais dos contribuintes penhorados.
Esses carros serão vendidos por leiloeiras privadas, uma vez que o Fisco não consegue vender tantos automóveis pelos canais habituais. A panóplia de carros a leiloar é extensa, destacando-se os carros de luxo.
Há dias foi leiloado um Rolls Royce de 1982 que tinha sido penhorado pelo Fisco a um empresário do Norte e que veio a ser arrematado por 15.100 euros.
Nos últimos anos, os portugueses revelaram um elevado consumismo, algumas vezes para satisfazer necessidades básicas, mas muitas outras para satisfazer o exibicionismo, a vaidade e até uma pretensa afirmação social. A facilidade do crédito e os baixos juros foram um estímulo. O discurso publicitário foi demasiado sedutor e enganador. De forma irresponsável a adormecida banca oferecia crédito para tudo. Foi o deslumbramento do crédito e do consumo! As obrigações fiscais foram esquecidas. Uma das consequências desta aventura foi o aparecimento de carros e casas hipotecadas pelo Estado. Por agora, só carros são 90 mil!
Esses carros serão vendidos por leiloeiras privadas, uma vez que o Fisco não consegue vender tantos automóveis pelos canais habituais. A panóplia de carros a leiloar é extensa, destacando-se os carros de luxo.
Há dias foi leiloado um Rolls Royce de 1982 que tinha sido penhorado pelo Fisco a um empresário do Norte e que veio a ser arrematado por 15.100 euros.
Nos últimos anos, os portugueses revelaram um elevado consumismo, algumas vezes para satisfazer necessidades básicas, mas muitas outras para satisfazer o exibicionismo, a vaidade e até uma pretensa afirmação social. A facilidade do crédito e os baixos juros foram um estímulo. O discurso publicitário foi demasiado sedutor e enganador. De forma irresponsável a adormecida banca oferecia crédito para tudo. Foi o deslumbramento do crédito e do consumo! As obrigações fiscais foram esquecidas. Uma das consequências desta aventura foi o aparecimento de carros e casas hipotecadas pelo Estado. Por agora, só carros são 90 mil!
domingo, 2 de outubro de 2011
Austeridade e crescimento económico
Na passada semana a câmara baixa do Parlamento alemão (Bundestag) aprovou a expansão do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), o que foi considerado pelo Le Figaro como a luz verde da Alemanha para salvar a Grécia. Outros, menos optimistas, disseram que era apenas um balão de oxigénio para a Grécia, mas também para a moeda única e para a própria União Europeia.
A aprovação do reforço de 211 mil milhões de euros do FEEF foi decisiva para se avançar com o novo pacote de ajuda à Grécia, aprovado na cimeira de 21 de Julho. Porém, para muita gente, este pacote só adia o problema grego e continua a deixar a Europa e a América à beira de uma recessão desastrosa.
A receita de austeridade em curso na Grécia, mas também em Portugal, na Itália e na Espanha, será indispensável para reduzir os défices e travar as dívidas públicas, mas está associada à recessão económica, ao empobrecimento, ao desemprego e à fragmentação social. É um preço muito alto. Não é a solução perfeita, como vem mostrando a realidade social. As medidas adoptadas não atingem todos da mesma forma e algumas delas são desproporcionadas. Os calendários impostos são muito apertados. É caso para dizer que não se morre da doença, mas morre-se da cura.
O equilíbrio orçamental e o pagamento das dívidas exigem austeridade, mas também precisam de crescimento económico para gerar os recursos necessários à normalização da vida financeira dos aflitos.
Austeridade e crescimento económico têm que ser equilibrados tal como as torneiras da água quente e da água fria. Quem é que, aqui e lá por fora, tem a necessária solução de equilíbrio entre as torneiras da austeridade e do crescimento económico?
A aprovação do reforço de 211 mil milhões de euros do FEEF foi decisiva para se avançar com o novo pacote de ajuda à Grécia, aprovado na cimeira de 21 de Julho. Porém, para muita gente, este pacote só adia o problema grego e continua a deixar a Europa e a América à beira de uma recessão desastrosa.
A receita de austeridade em curso na Grécia, mas também em Portugal, na Itália e na Espanha, será indispensável para reduzir os défices e travar as dívidas públicas, mas está associada à recessão económica, ao empobrecimento, ao desemprego e à fragmentação social. É um preço muito alto. Não é a solução perfeita, como vem mostrando a realidade social. As medidas adoptadas não atingem todos da mesma forma e algumas delas são desproporcionadas. Os calendários impostos são muito apertados. É caso para dizer que não se morre da doença, mas morre-se da cura.
O equilíbrio orçamental e o pagamento das dívidas exigem austeridade, mas também precisam de crescimento económico para gerar os recursos necessários à normalização da vida financeira dos aflitos.
Austeridade e crescimento económico têm que ser equilibrados tal como as torneiras da água quente e da água fria. Quem é que, aqui e lá por fora, tem a necessária solução de equilíbrio entre as torneiras da austeridade e do crescimento económico?
A Festa do Japão em Lisboa
Em 1543 os portugueses foram os primeiros europeus que chegaram ao Japão, onde introduziram a espingarda e novos conhecimentos nos domínios da medicina, astronomia, matemática e arte de navegar.
O contacto entre as duas civilizações deixou marcas duradouras e, durante muito tempo, a língua portuguesa foi o meio de comunicação dos estrangeiros com os japoneses, havendo ainda muitos vocábulos de origem portuguesa na língua japonesa. Foi com os portugueses que entrou no Japão a imprensa de tipos metálicos, tendo sido o Padre João Rodrigues o autor da Arte Breve da Lingoa Japoa, a primeira gramática impressa da língua japonesa. Actualmente, o português é a terceira língua estrangeira no Japão, estimando-se que cerca de 330 mil japoneses nativos falem português (por via das relações com o Brasil).
Com o objectivo de celebrar a amizade e cultura entre o Japão e Portugal, a Embaixada do Japão promoveu a Festa do Japão em Lisboa na área do Jardim do Japão, situado à beira-Tejo, entre o Museu de Arte Popular e o Hotel Altis Belém.
O programa foi muito diversificado e proporcionou a criação de um certo ambiente japonês, com demonstrações de shodo (caligrafia), de Ikebana (arte floral japonesa), Orikata/Furoshiki (técnicas de embrulho), exposições de bonsais, artes marciais, música, actividades de palco e gastronomia, onde também se destacava a "castella do Paulo", um dos melhores exemplos da relação cultural luso-japonesa.
Nota: A "castella do Paulo" já aqui foi tratada num post de 10 de Abril de 2011.
O contacto entre as duas civilizações deixou marcas duradouras e, durante muito tempo, a língua portuguesa foi o meio de comunicação dos estrangeiros com os japoneses, havendo ainda muitos vocábulos de origem portuguesa na língua japonesa. Foi com os portugueses que entrou no Japão a imprensa de tipos metálicos, tendo sido o Padre João Rodrigues o autor da Arte Breve da Lingoa Japoa, a primeira gramática impressa da língua japonesa. Actualmente, o português é a terceira língua estrangeira no Japão, estimando-se que cerca de 330 mil japoneses nativos falem português (por via das relações com o Brasil).
Com o objectivo de celebrar a amizade e cultura entre o Japão e Portugal, a Embaixada do Japão promoveu a Festa do Japão em Lisboa na área do Jardim do Japão, situado à beira-Tejo, entre o Museu de Arte Popular e o Hotel Altis Belém.
O programa foi muito diversificado e proporcionou a criação de um certo ambiente japonês, com demonstrações de shodo (caligrafia), de Ikebana (arte floral japonesa), Orikata/Furoshiki (técnicas de embrulho), exposições de bonsais, artes marciais, música, actividades de palco e gastronomia, onde também se destacava a "castella do Paulo", um dos melhores exemplos da relação cultural luso-japonesa.
Nota: A "castella do Paulo" já aqui foi tratada num post de 10 de Abril de 2011.
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