Como é habitual,
a comunicação social está a fazer um balanço do ano que hoje termina,
escolhendo os acontecimentos internos e internacionais mais relevantes e
elegendo as personalidades que no seu entendimento mais se destacaram. São
coisas subjectivas, mas no que respeita à personalidade portuguesa do ano
parece haver uma unanimidade em torno da figura de Marcelo Rebelo de Sousa.
O jornal i fez um
curioso estudo que intitulou “por onde andou Marcelo em 2018” e publicou-o com uma
infografia apropriada e sugestiva.
O actual
Presidente da República é conhecido por estar em todo o lado e, de facto, ele
tem sido uma presença assídua e frenética nos locais e circunstâncias mais
ou menos difíceis, como na tragédia de Borba, nos incêndios de Monchique ou nos funerais
das vítimas do acidente com o helicóptero do INEM. Fala com Trump e com Putin, recebe Xi Jimping e abraça João Lourenço e Filipe VI. Visita
escolas, hospitais e centros de terceira idade, vai a concertos, passa férias
no interior do país e é uma presença diária na televisão, onde fala de tudo
como se ainda fosse comentador. Está-lhe no sangue e não consegue resistir
quando vê um microfone à sua frente, mas por vezes fala demais e embaraça o
governo, com o qual deveria ser solidário. É certo que Marcelo Rebelo de Sousa
diz sempre o que o povo gosta de ouvir e que é cada vez mais o seu provedor,
mas também é verdade que com as selfies, os
abraços e os beijos que distribui por todos, é cada vez mais um caso raro de
popularidade ou talvez mesmo de populismo, sobretudo quando as câmaras e os microfones estão por perto.
Se em relação à
nomeação da procuradora-geral da República ou no caso de Tancos conseguiu
vencer a ondulação social e os ventos que sopravam, a sua recente espécie de veto ao
orçamento do Estado, por causa das reivindicações dos professores, é um desafio
ao governo. Esperemos que “o caldo não se entorne” porque, no nosso sistema
constitucional, o governo e o presidente não têm que estar de acordo... mas não
podem estar em desacordo.
Em suma, eu
também elejo Marcelo Rebelo de Sousa como personalidade portuguesa do ano e até
lhe dou uma boa nota, não só por mérito dele, mas também por contraste com o traste que o
antecedeu.